7 de Setembro: policiais dizem que convoca��es para atos pr�-Bolsonaro cresceram, mas ades�o pode ser menor

Policiais de diversos Estados do Brasil anunciaram que participar�o dos protestos a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) marcados para 7 de Setembro, Dia da Independ�ncia.

Governos estaduais e secretarias de seguran�a se preparam para fazer um policiamento especial na data, mas especialistas avaliam que a ades�o deve ser menor do que a esperada.

Apesar do barulho causado pela convoca��o para os atos, a expectativa de policiais da ativa e da reserva da Pol�cia Militar ouvidos pela BBC News Brasil � de que a ades�o de agentes de seguran�a, especialmente cabos e soldados, deve ser baixa.

Eles afirmaram, sob a condi��o de anonimato, que h� uma forte movimenta��o da categoria para uma convoca��o em massa para o protesto.

Mas avaliam que esse n�mero de pessoas presentes nos atos n�o deve ser t�o expressivo porque muitos policiais que se manifestam nas redes sociais n�o ter�o disposi��o para se expor nas ruas em defesa do presidente.

"Esses PMs que apoiam o presidente est�o vendo um fil�o nos protestos, pois eles t�m a inten��o de se candidatar no ano que vem. � �bvio que dentro das institui��es h� uma identidade e grande apoio ao Bolsonaro. Mas ter uma manifesta��o massiva de apoio ao governo nas ruas, eu acho isso improv�vel e um exagero", afirmou um policial do alto escal�o da PM, que pediu para n�o ser identificado.

Alguns policiais de alta patente e pol�ticos tamb�m est�o fazendo campanha para que a categoria compare�a em peso, especialmente no ato que ocorrer� na avenida Paulista, no centro de S�o Paulo. Mas alguns deles est�o sendo atacados nas redes sociais e at� punidos.

Nesta semana, o governador de S�o Paulo, Jo�o Doria, afastou o coronel Aleksander Lacerda, por indisciplina, depois que ele convocou policiais para o protesto pr�-Bolsonaro na Paulista.

Lacerda estava � frente do Comando de Policiamento do Interior 7, respons�vel por 78 munic�pios na regi�o de Sorocaba, no Estado de S�o Paulo.

"Aqui em S�o Paulo, n�o teremos manifesta��es de policiais militares da ativa de ordem pol�tica (...) N�o admitiremos nenhuma postura de indisciplina", disse o governador ap�s a decis�o.

Policiais ouvidos pela reportagem disseram que a puni��o foi vista como exemplar para que seus colegas de farda e subordinados n�o tenham a mesma postura.

Por�m, em entrevista ao portal UOL, o deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) disse que a categoria alugou ao menos 50 �nibus em cidades do interior paulista para que policiais pudessem se deslocar para participar do ato na capital.

A reportagem procurou secretarias estaduais de Seguran�a P�blica para saber como os governos v�o se preparar para essas manifesta��es.

A Pol�cia Militar do Distrito Federal informou que "as a��es da PMDF s�o pautadas na observ�ncia dos direitos humanos e nos princ�pios constitucionais" e que vai atuar "para garantir a seguran�a dos manifestantes e a integridade do patrim�nio p�blico ou privado''.

A Secretaria de Seguran�a P�blica do Distrito Federal informou que far� um "planejamento pr�vio, com a participa��o dos envolvidos, com objetivo de garantir a seguran�a dos manifestantes e da popula��o em geral".

A pasta disse ainda que "cabe destacar que o Centro Integrado de Opera��es de Bras�lia (Ciob), � respons�vel pelo acompanhamento de todo ato ou evento, mesmo sem comunica��o pr�via. Esse monitoramento � feito de maneira integrada entre as for�as de seguran�a e outros 29 �rg�os, bem como institui��es e ag�ncias do governo, com suporte de c�meras de videomonitoramento."

Procurada, a Secretaria da Seguran�a P�blica de S�o Paulo e a Pol�cia Militar n�o responderam como ser� a opera��o durante o protesto marcado para o feriado.

O governo apenas informou que a avenida Paulista deve ser utilizada somente por quem for participar do ato pr�-Bolsonaro. A inten��o � evitar confrontos com poss�veis manifestantes anti-governo.

Incentivo

Policiais ouvidos pela BBC News Brasil que se disseram ser contra o protesto, afirmaram que a imprensa est� "apagando o fogo com gasolina" ao dar visibilidade a um ato "promovido por poucos policiais".

"A imprensa tem que lembrar que essas pessoas s�o militares. Se acontecer um protesto como est�o prometendo, � motim. E eles ter�o de responder pelo crime de motim, previsto no C�digo Penal Militar, que prev� at� 20 anos de cadeia", afirmou o policial que pediu para n�o ser identificado.

Para ele, os soldados gostam de expor que apoiam o presidente nas redes, mas dificilmente sair�o �s ruas.

"Exceto por sal�rios, eu n�o consigo imaginar um bando de policiais, fardados ou n�o, segurando uma faixa em apoio ao Bolsonaro. O que pode acontecer � como no caso do Cear�, em 2020, quando um ato por sal�rio virou motim. Mas da forma como est�o propondo agora, acho que vai fracassar", disse o PM paulista.

O ex-policial militar e membro do F�rum de Seguran�a P�blica, Guaracy Mingardi disse que essa movimenta��o de policiais n�o teria ocorrido se os governadores n�o "tivessem sido t�o condescendentes com a PM nos �ltimos anos".

"Quando a PM foi al�m nos protestos e em diversas outras situa��es, ningu�m foi punido. Os governos n�o souberam controlar as PMs, o que � fun��o deles. Isso acontece em todos os pa�ses do mundo, mas aqui s� punimos alguns casos individualmente e fracassamos", afirmou.

Mingardi disse ainda que n�o � poss�vel mensurar a for�a que os protestos ter�o, mas ele prev� que eles sejam enfraquecidos por diversos fatores.

O primeiro � que a estrutura militar para fazer a seguran�a do protesto ter� muita gente e isso desfalcar� aqueles que pretendem participar do ato.

"Os policiais v�o se manifestar fardados? Isso d� uma diferen�a bem grande. O segundo ponto � que uma hora vai cair a ficha desses policiais de que eles n�o devem nada ao Bolsonaro e que a democratiza��o foi �tima para eles. Durante o regime militar, s� os oficiais podiam votar, imagine se manifestar. Esse apoio dos policiais � mais ideol�gico do que pr�tico", disse.

Policiais da ativa disseram � BBC News Brasil que apoiam Bolsonaro, mas n�o sabem se v�o comparecer ao protesto, principalmente por conta do medo e puni��es e por "n�o valer a pena brigar" por um governo que n�o faz pol�ticas para favorecer o trabalhador.

"Eu votei e concordo com o Bolsonaro na maioria das coisas que ele diz, mas n�o sei se vou ao protesto porque o presidente est� deixando a desejar na economia. A infla��o sobe sem parar, a gasolina est� nas alturas e a nossa categoria est� na mesma desde que ele assumiu", afirmou o PM que pediu para n�o ser identificado.

O membro do F�rum de Seguran�a P�blica Guaracy Mingardi disse que o protesto est� sendo convocado majoritariamente por policiais de alta patente, como coron�is. Ele explica que isso ocorre porque essas pessoas j� est�o em altos cargos e n�o t�m muito o que perder.

"O coronel j� est� no topo da categoria e perto da aposentadoria. J� o tenente-coronel, por exemplo, dificilmente faz isso porque a promo��o dele para coronel precisa ser aprovada pelo governador, enquanto as patentes abaixo s�o por tempo, algo autom�tico", afirmou.

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