
Os valores que deveriam ser transferidos aos donos dos canais ficar�o depositados em uma conta banc�ria atrelada � Justi�a Eleitoral. A decis�o atendeu a pedido da Pol�cia Federal, no �mbito da investiga��o aberta por causa da "live" em que o presidente Jair Bolsonaro disparou informa��es falsas sobre a seguran�a das urnas eletr�nicas e do processo eleitoral.
A medida foi direcionada �s principais plataformas de redes sociais. O YouTube � a em que as possibilidades de receita s�o mais interessantes a esses produtores de conte�do. Al�m de ganharem com an�ncios exibidos nos v�deos, podem pedir doa��es aos internautas e, ainda, vender o acesso a materiais espec�ficos.
A decis�o do ministro Salom�o afetou 14 canais do YouTube. Como mostrou o Estad�o, uma ferramenta usada na an�lise de m�dias sociais estima que, juntos, eles poderiam faturar at� R$ 15 milh�es em um ano. O valor exato dos ganhos apenas as empresas possuem. Elas foram obrigadas a entregar essa informa��o ao TSE.
Na live desta quinta-feira, 26, o presidente Jair Bolsonaro lamentou a decis�o. "A gente apela com o nosso TSE. Que, lamentavelmente, o corregedor est� determinando para desmonetiza��o de p�ginas de direita. Impressionante. � uma persegui��o implac�vel", disse.
Ao determinar a suspens�o dos pagamentos, Salom�o frisou que as p�ginas e canais atingidos "comprovadamente v�m se dedicando a propagar desinforma��o" e, por isso, a medida seria "razo�vel e efetiva porque, em tese, retira o principal instrumento utilizado para perpetuar as pr�ticas sob investiga��o, qual seja, o est�mulo financeiro".
"Na maior parte do conte�do analisado, o que se constata n�o � a veicula��o de cr�ticas leg�timas ou a proposi��o de solu��es para aperfei�oar o processo eleitoral - plenamente garantidas aos cidad�os e aos meios de comunica��o -, mas sim o impulsionamento de den�ncias e de not�cias falsas acerca de fraudes no sistema eletr�nico de vota��o, que, contudo, j� foram exaustivamente refutadas diante de sua manifesta improced�ncia, inclusive pela pr�pria Pol�cia Federal", destacou.
O TSE tamb�m discute uma resolu��o para proibir durante as elei��es que canais com conte�do pol�tico possam ser "monetizados", ou seja, impedidos de oferecerem lucro. A medida poderia ampliar os efeitos da decis�o do corregedor.
No inqu�rito, a Pol�cia Federal passou a tratar o comportamento da rede bolsonaristas como a replica��o do m�todo de Steve Bannon, estrategista do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump. O mecanismo foi usado na campanha presidencial americana de 2016.
O objetivo seria "diminuir a fronteira entre o que � verdade e o que � mentira" utilizando-se de ataques a ve�culos tradicionais de informa��o e da desqualifica��o de advers�rios.
"A pr�tica visa, mais do que uma ferramenta de uso pol�tico-ideol�gico, um meio para obten��o de lucro, a partir de sistemas de monetiza��o oferecidos pelas plataformas de redes sociais. Transforma rapidamente ideologia em mercadoria, levando os disseminadores a estimular a polariza��o e o acirramento do debate para manter o fluxo de dinheiro pelo n�mero de visualiza��es", diz relat�rio da PF.
O inqu�rito administrativo do TSE � apenas uma das frentes nas quais a PF trabalha contra propagadores de fake news e ataques � democracia. No Supremo Tribunal Federal (STF) h� outras duas apura��es em curso. Uma delas culminou na pris�o do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) por amea�as a integrantes do Judici�rio.
O ex-parlamentar bolsonarista foi preso por ordem dentro do inqu�rito das mil�cias digitais, em que � apurada a movimenta��o de supostas organiza��es criminosas na internet. A outra investiga��o est� no chamado inqu�rito das fake news, sobre fabrica��o, financiamentos e dissemina��o de informa��es falsas.
