Na semana que antecede as manifesta��es previstas para o 7 de Setembro, evang�licos e caminhoneiros intensificaram a convoca��o para os atos favor�veis ao presidente Jair Bolsonaro. Relat�rio da consultoria AP Exata mostra que esses grupos chegaram a 16,7% e 10,5% das men��es relacionadas ao evento no Twitter, o maior patamar entre outras duas mobiliza��es recentes do governo.
Na semana passada, 15 dias antes da manifesta��o, a participa��o dos evang�licos era de 6,9%, e a dos caminhoneiros, de 7,8%. Ou seja, a relev�ncia do debate em torno do n�cleo "crist�o conservador" mais do que dobrou na rede de uma semana para outra. Esse movimento tamb�m foi observado na categoria dos motoristas, ainda que em menor grau.
Ambos os porcentuais est�o acima daqueles registrados em outras duas manifesta��es anteriores: a que defendeu a aprova��o da "PEC do voto impresso" em 1� de agosto, e o protesto contra medidas de restri��o contra a covid-19, em 14 de mar�o. Nesses dois momentos, o porcentual m�ximo de men��es aos caminhoneiros foi de 8%, e aos evang�licos, 5,9%, sete dias antes dos eventos.
O relat�rio sustenta que a mobiliza��o dos caminhoneiros para o pr�ximo dia 7 teve um incremento a partir do epis�dio do cantor sertanejo S�rgio Reis, mas a categoria permanece dividida, o que reduz a possibilidade de um movimento amplo de paralisa��o. Lideran�as da categoria negaram a greve em agosto, quando o caso veio � tona.
J� o debate entre evang�licos cresceu a partir de um "movimento coordenado de pastores, sobretudo neopentecostais, que t�m conclamado os fi�is a participarem dos protestos", aponta o levantamento. Um de seus expoentes, o pastor Silas Malafaia, est� entre os escalados para discursar em carros de som na manifesta��o pr�-Bolsonaro.
A entrada mais ativa desses dois grupos pode aumentar o n�mero de manifestantes nas ruas no dia 7 de setembro, redesenhando a alian�a que elegeu Bolsonaro em 2018 para agora contrapor a queda de popularidade do governo e o cen�rio eleitoral adverso.
Atualmente, por�m, o volume de postagens no Twitter relacionadas ao ato no Dia da Independ�ncia � semelhante ao da manifesta��o em favor da "PEC do voto impresso", ocorrida em 1� de agosto, antes da rejei��o da proposta na C�mara dos Deputados.
'Bolha bolsonarista'
Para Mariana Pereira, diretora da AP Exata, esses indicadores apontam que Bolsonaro "fala para convertidos" com o objetivo de levar mais gente para as ruas, mas falta apelo para as pautas romperem a chamada "bolha bolsonarista".
"Essas men��es est�o muito restritas aos grupos de apoio ao Bolsonaro", ela avalia. "Voc� n�o v� saindo dessa bolha e indo para outros. Fica mesmo em grupos mais conservadores, de evang�licos, da milit�ncia."
Em um cen�rio inverso ao dos evang�licos, as conversas no Twitter sobre as For�as Armadas perderam espa�o, mas ainda respondem por 36,4%, mesmo patamar dos policiais militares. Essas foram as quatro categorias analisadas pela consultoria. Outro grupo mobilizado para o 7 de Setembro, os ruralistas n�o aparecem no conjunto de dados.
Pela an�lise da AP Exata, houve um afastamento da ideia de que as institui��es militares poderiam colaborar com um ato extremo em favor de Bolsonaro - como invas�es ao Congresso ou ao Supremo Tribunal Federal (STF). Mas as convoca��es de oficiais da ativa e da reserva para os atos preocupam os governadores, como mostrou o Estad�o.
O relat�rio incluiu 1,1 milh�o de postagens no Twitter, por meio de uma coleta automatizada entre 7 e 14 dias antes das tr�s �ltimas manifesta��es a favor do governo. A convoca��o para os atos tamb�m ocorre em outras redes sociais, como Facebook e Instagram, e aplicativos de mensagem, como WhatsApp e Telegram.
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