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Estado de Minas POL�TICA

Motim capixaba aproximou PMs de bolsonarismo


06/09/2021 08:06

Mulheres nas portas dos quart�is impediam a sa�da de viaturas. Os policiais se mantinham nas casernas, e pol�ticos - a maioria deles reunidos em torno da candidatura de Jair Bolsonaro � Presid�ncia - espalhavam not�cias sobre crimes nas redes sociais. Assim foi o motim da PM capixaba, em 2017, que durou 21 dias e se tornou um marco da a��o do bolsonarismo nos quart�is, estimulando motins contra os governadores.

Especialistas ouvidos pelo Estad�o contam como uma parte consider�vel dos PMs se tornou um p�blico fiel a Bolsonaro. Inclusive com a ades�o de coron�is para os atos de 7 de Setembro em S�o Paulo e em Bras�lia. Um deles - o coronel da PM paulista Aleksander Lacerda - acabou afastado de seu comando no interior ap�s convocar em rede social os "amigos" para o ato.

"Fui o primeiro governador que enfrentou um motim da PM que combinava uma articula��o paroquial de pol�ticos locais com uma articula��o nacional", conta o ent�o governador do Esp�rito Santo, Paulo Hartung. A investiga��o de mensagens de redes sociais mostrou envolvimento da bancada da bala na greve. "Isso n�o � bom nem para o Pa�s nem para os brasileiros, que pagam a conta, nem para a institui��o Pol�cia Militar nem para os policiais. Todos perdem", diz.

Desde ent�o, os pol�ticos vinculados ao presidente justificam o apoio aos movimentos dos PMs repetindo o que o ent�o deputado Bolsonaro disse em 8 de fevereiro de 2012, no plen�rio da C�mara: "O chefe do Executivo n�o pode se prevalecer da disciplina do militar para subjug�-lo". Bolsonaro tratava da greve dos PMs na Bahia, Estado ent�o governado pelo hoje senador Jaques Wagner (PT).

"Qualquer membro de qualquer corpora��o sempre vai procurar melhorias salariais e de condi��es de trabalho. � natural. O que n�o � natural � que algu�m armado se insurja contra a sociedade que o armou", afirma Wagner. O senador diz que a manuten��o da disciplina n�o implica falta de di�logo com a corpora��o. A greve na Bahia em 2012 durou 12 dias. A exemplo do Esp�rito Santo, l� tamb�m tropas do Ex�rcito foram usadas para garantir a ordem.

Entre 1997 e 2021, as For�as Armadas foram mobilizadas 26 vezes para lidar com greves de PMs. A maior delas atingiu a PM de Minas e foi causada pela decis�o do ent�o governador Eduardo Azeredo (PSDB) de conceder reajustes salariais de at� 20% s� para os oficiais. Seis dias ap�s o an�ncio, a greve estourou entre os pra�as. No fim, o governador deu aumento de 48% aos pra�as.

Sens�vel

Para coron�is entrevistados pelo Estad�o , o que aconteceu em Minas seria o s�mbolo da "insensibilidade" de governadores com as condi��es de vida dos PMs. Seguiu-se uma onda de motins pelo Brasil, acompanhados pela presen�a de pol�ticos que tentavam explorar um novo eleitorado: os cabos e soldados, que s� passaram a ter o direito ao voto com a Constitui��o de 1988.

Para o tenente-coronel da reserva da PM paulista Paulo Ribeiro, os governos assistiram passivamente a PM "perdendo a esperan�a em raz�o de uma condi��o salarial desumana". Esse ponto seria explorado por Bolsonaro. "Esse desespero suscita a vontade de ser resgatado por um �messias�. Apareceu um com discurso raso, sem lastro, que, nada fazendo pelos policiais militares, consegue seduzi-los por meio de palavras de onipot�ncia."

Para o cientista pol�tico Leandro Piquet, policiais que querem ser candidatos est�o aproveitando o clima atual no Pa�s. "Houve erros das lideran�as pol�ticas, como as inova��es malsucedidas feitas pela esquerda no Rio Grande do Sul." Segundo ele, Bolsonaro encontrou esse fil�o de insatisfa��o e o est� explorando. Para Piquet, apesar disso, o risco de ruptura envolvendo as PMs seria inexistente.

Representante da bancada da bala paulista, o deputado estadual Coronel Telhada (PP), afirma que os atos do 7/9 devem ser pac�ficos: "Estarei l� com minha fam�lia". Para ele, "o pessoal da ativa n�o vai comparecer, pois vai obedecer o comando". "Sou opositor do Doria, mas jamais usarei a imagem da tropa para fazer oposi��o. Quem est� fazendo isso ser� candidato no ano que vem."

Em S�o Paulo, o hist�rico de como a PM lidou com movimentos grevistas ajuda a conter a tropa. A �ltima greve da PM paulista foi em 1989. E resultou em 157 PMs demitidos. "Eu estava no Regimento (de Cavalaria), que agiu rapidamente e salvou o comando", lembra o coronel Rui C�sar Melo, que depois comandaria a PM. Ao contr�rio de outros Estados, nenhum PM foi anistiado. Para Hartung, as anistias s�o um est�mulo a novos motins. Em 2011, a presidente Dilma Rousseff (PT) sancionou lei que anistiou PMs de 13 Estados e do Distrito Federal que se rebelaram entre 1997 e 2011. Entre os beneficiados estavam policiais de Minas e da Bahia.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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