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Estado de Minas BRASIL

Frente a frente: o que dizem manifestantes que ir�o �s ruas contra e a favor de Bolsonaro no 7 de Setembro

Manifestantes pr� e contra Bolsonaro dialogam e revelam suas preocupa��es em debate promovido pela BBC Brasil


06/09/2021 21:12 - atualizado 06/09/2021 21:55

Protesto pró-Bolsonaro na Avenida Paulista em março deste ano
Protesto pr�-Bolsonaro na Avenida Paulista em mar�o deste ano (foto: Getty Images)
"Eu vou para a rua no dia 7 de setembro para mantermos a nossa liberdade. A liberdade de pensamento, de express�o, de opini�o, de manifestar. E at� nossa liberdade de cren�a, porque hoje estamos sendo atacados de todos os lados e isso precisa ser defendido", afirma Fernando Borja, suplente de deputado federal pelo Avante, empres�rio e pastor batista.

 

Um v�deo gravado por ele, ao lado de sua esposa Flavia Borja, vereadora em Belo Horizonte tamb�m pelo Avante, est� entre uma das mais compartilhadas convocat�rias para os protestos governistas desta ter�a-feira (7/9), com mais de 926 mil visualiza��es no Facebook at� a noite da segunda-feira.

A oposi��o ao governo tamb�m deve ir �s ruas nesse feriado da Independ�ncia, com protestos previstos para o Vale do Anhangaba�, no centro de S�o Paulo, e tamb�m em Bras�lia.

 

"O �ndice da mis�ria no Brasil cresceu. Estamos diante de uma infla��o acelerada, cresce o desemprego, aumenta o custo de vida, cai a renda do trabalhador. A crise h�drica � de grande repercuss�o: a carestia dos alimentos, o aumento da energia, g�s de cozinha a R$ 120. Queimadas, destrui��o do meio ambiente. Tudo isso deve nos preocupar", enumera Adilson Ara�jo, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), sobre os motivos para o protesto contr�rio ao governo.

 

A CTB � uma das centrais sindicais que est�o convocando a manifesta��o da oposi��o no Anhangaba�, ao lado da CUT, de movimentos sociais como MTST e MST e de partidos de esquerda, incluindo PT, PCdoB e Psol.

 

Para entender o que pensa quem vai para as ruas nos protestos do 7 de setembro, a BBC News Brasil convidou Fernando Borja e Adilson Ara�jo para uma conversa conjunta, realizada de maneira virtual.

 

Eles temem viol�ncia nas manifesta��es? Como avaliam a participa��o de policiais e membros das For�as Armadas nos protestos? O que pensam do governo Bolsonaro? Acham que a democracia brasileira est� em risco? E que pergunta fariam aos manifestantes do outro lado?

 

Num encontro improv�vel entre os dois lados que v�o �s ruas neste 7 de setembro, perguntamos tudo isso a eles. Confira abaixo o debate em v�deo e os principais trechos dessa conversa.

 

Risco de viol�ncia e policiais nos protestos

"Eu espero que n�o tenha viol�ncia de forma nenhuma, mas se voc� olhar as �ltimas manifesta��es que tiveram no pa�s, em nenhum momento houve alguma manifesta��o pr�-Bolsonaro que teve algumas viol�ncia, quebradeira, destrui��o de patrim�nio p�blico, queima de est�tuas, quebrar vidro de com�rcio. Em lugar nenhum houve isso", diz Borja, quando questionado se tem medo de que possa haver viol�ncia nos protestos do dia 7.

 

"A gente sabe muito bem que a esquerda � muito bem preparada em provocar, confrontar e depois se vitimizar", completa, alfinetando o outro lado.

 

J� Ara�jo, da CTB, diz temer o que pode acontecer nesta ter�a-feira e afirma que n�o est� sozinho nesta preocupa��o.

 

"N�o somente eu, Adilson, estou receoso do que pode acontecer, como o mundo todo. O manifesto do agroneg�cio, o manifesto da Febraban, a manifesta��o dos l�deres mundiais avocam que, de fato, os arroubos autorit�rios do Bolsonaro s�o uma amea�a ao pa�s", afirma, fazendo refer�ncia �s cartas lan�adas nos �ltimos dias pela Associa��o Brasileira do Agroneg�cio, pela Federa��o Brasileira de Bancos e por pol�ticos de 27 pa�ses em defesa da democracia brasileira.


Fernando Borja, deputado federal suplente pelo Avante, empresário e pastor batista; e Adilson Araújo, presidente da CTB, durante debate virtual
Fernando Borja, deputado federal suplente pelo Avante, empres�rio e pastor batista; e Adilson Ara�jo, presidente da CTB, durante debate virtual (foto: BBC)

 

Questionados sobre como avaliam a participa��o de policiais e membros das For�as Armadas nos protestos, os dois tamb�m mostram opini�es divergentes.

"Me parece que h� uma certa rebeli�o", avalia o sindicalista. "E a prova disso � que [policiais] militares compraram [entre janeiro e junho deste ano] 116% mais armas do que em todo 2020. Essa mil�cia est� sendo estimulada a uma provoca��o, uma desordem."

 

Ele faz refer�ncia a dados obtidos pelo institutos Sou da Paz e Igarap�, por meio da Lei de Acesso � Informa��o, que revelaram que os PMs compraram 24.991 armas de uso pessoal nos seis primeiros meses de 2021, ante 11.576 armas compradas com o mesmo fim nos 12 meses do ano passado.

 

J� o pol�tico do Avante avalia que � direito de policiais e membros das For�as Armadas participar dos protestos e defende o maior acesso �s armas de fogo.

"Todos s�o cidad�os, 7 de setembro � uma festa nacional da nossa independ�ncia, todas as pessoas t�m o direito de manifestar constitucionalmente. E vou falar mais uma vez: n�s precisamos comprar � at� mais armas", afirma. "Quem quer desarmamento no pa�s, vai morar agora na Venezuela, ou vai morar na Argentina."


Manifestante segura cartazes em formato de armas, durante protesto pró-Bolsonaro em Brasília em julho
Manifestante segura cartazes em formato de armas, durante protesto pr�-Bolsonaro em Bras�lia em julho (foto: AFP)

Governo Bolsonaro e risco � democracia

Para o empres�rio e pastor, o governo Bolsonaro tem a melhorar, mas tamb�m tem sido impedido de avan�ar devido "ao aparelhamento das institui��es pela esquerda".

 

"Eu creio que o governo Bolsonaro tem sido hoje a �nica solu��o que n�s temos. Temos muita coisa para aprimorar: temos. Tem muita coisa para reconhecer que podemos fazer diferente: podemos", diz.

 

"Mas n�s sabemos muito bem que as institui��es que foram aparelhadas pela esquerda nos �ltimos 30 anos est�o hoje tentando travar o governo onde podem. Onde o governo tem a liberdade de agir, tem conseguido fazer satisfatoriamente", afirma, citando como exemplo as obras de infraestrutura que t�m sido tocadas pelo ministro Tarc�sio de Freitas.

 

O presidente da central sindical, por sua vez, tem uma opini�o bem menos generosa da performance do governo at� aqui.

 

"O governo Bolsonaro � a prova inconteste do negacionismo, do descaso, do diversionismo. Tudo que o presidente Bolsonaro n�o soube ser foi presidente da Rep�blica. Bolsonaro aposta em incendiar o circo", afirma.

 

"Est� claro e evidente que esse governo n�o tem nada a oferecer. Que a sua op��o principal � liquidar o pa�s, � vender as empresas p�blicas, � aprofundar o desemprego, a desigualdade."


'Fora Bolsonaro', diz cartaz de manifestante contrário ao governo, durante protesto em Brasília em janeiro
'Fora Bolsonaro', diz cartaz de manifestante contr�rio ao governo, durante protesto em Bras�lia em janeiro (foto: AFP)

 

Se discordam na avalia��o do governo, ambos concordam que a democracia brasileira est� em risco — mas por motivos bastante diferentes.

 

"O Brasil sofre a amea�a de um ruptura � sua democracia", opina Ara�jo. "Quem perde com isso? O povo. O povo que reclama um prato de comida � sua mesa. O povo que reclama a oportunidade de um emprego que n�o vem. N�o vem porque esse governo � um descalabro."

 

Borja, por sua vez, ao falar da sua percep��o de risco � democracia, cita pa�ses governados pela esquerda da Am�rica Latina, que enfrentam crises variadas.

Com base nesse argumento, defende a pauta bolsonarista do voto impresso.

 

"N�s temos um grande risco hoje de perdermos a democracia e virarmos uma Venezuela, uma Cuba, uma Argentina, por causa das fraudes que est�o sendo preparadas para a pr�xima elei��o", afirma.

 

"N�s estamos correndo risco se n�o tivermos o voto impresso. Estamos correndo risco com um Supremo hoje que est� trabalhando de forma arbitr�ria. N�s corremos o risco de hoje entregar o pa�s para a China, que est� cada vez mais comprando espa�o no pa�s todo para dominar. A popula��o est� indo para as ruas para dizer n�o ao comunismo", conclui.


Voto impresso será uma das pautas dos protestos governistas neste 7 de setembro
Voto impresso ser� uma das pautas dos protestos governistas neste 7 de setembro (foto: AFP)

Uma pergunta ao outro lado

Durante a conversa realizada na segunda-feira (6/9), a BBC News Brasil questionou a cada um dos participantes o que gostariam de perguntar aos manifestantes do outro lado.

 

"O mundo todo acordou nessa segunda-feira um tanto preocupado com a situa��o em que o pa�s se encontra, de profunda instabilidade pol�tica", disse Ara�jo.

 

" Um trecho da carta [assinada por pol�ticos de 27 pa�ses] diz: 'Estamos seriamente preocupados com a amea�a iminente de quebra das institui��es democr�ticas no Brasil. Bolsonaro n�o deve ter permiss�o de roubar a nossa democracia.' Isso n�o lhe preocupa?", perguntou a Borja.

 

O pol�tico do Avante respondeu criticando novamente a oposi��o.

 

"Mesma ladainha de sempre da esquerda. Nunca apresenta dados, s� joga r�tulos no atual governo. Um governo que recebeu um pa�s quebrado. Um governo em que hoje as pessoas s�o presas por causa de opini�o", disse Borja.

 

"O que est�o falando mundo afora, voc�s sabem muito bem que s�o fake news , s�o mentiras. Hoje, o �nico que tem chance de manter a liberdade nossa no Brasil, para n�o caminhar para [o pa�s] ser entregue, virar uma fazenda da China, tem sido Bolsonaro. N�s sabemos o que est� acontecendo, o povo acordou, o povo n�o � bobo."

 

Ao sindicalista, Borja perguntou quais seriam as proposi��es da oposi��o para mudar o pa�s e se ele concordava com a avalia��o de que o Supremo est� aparelhado e realizando pris�es arbitr�rias. Ara�jo respondeu criticando novamente o governo Bolsonaro.

 

"Certamente, os problemas que agridem a nossa sociedade n�o ser�o encontrados a partir da interpreta��o do governo Bolsonaro, que insinua que o povo ao inv�s de ter acesso a um prato de feij�o, tem que ter um fuzil na m�o", disse.

 

"Isso � um retrato do descaso, do negacionismo de quem n�o tem compromisso efetivo com a sociedade. Se a mis�ria cresce, se o desemprego cresce, � muito decorrente da falta de um projeto de governo."

 

Entre as trocas de farpas, fica claro que o di�logo entre os dois lados seguir� dif�cil.

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