
Se por um lado, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido)
se concentram na Pra�a da Liberdade
, em Belo Horizonte, por outro, militantes do tradicional Grito dos Exclu�dos se organizam na Pra�a Afonso Arinos, tamb�m na capital. Os atos dos dois grupos agitam o feriado desta ter�a-feira de Independ�ncia (7/9).

O grupo de manifestantes do Movimento de Trabalhadores e Trabalhadoras por Direitos chegou de �nibus para a manifesta��o contra Bolsonaro, vindo da Pedreira Pedro Lopes. "Somos um grupo da favela e da ocupa��o P�tria Livre. que faz anivers�rio de 4 anos hoje. A gente veio em n�mero menor pelas regras sanit�rias. Hoje o grito � de Fora Bolsonaro e contra o pre�o de tudo, a pol�tica econ�mica do governo. Pelos direitos da popula��o negra e favelada. Contra o Governo Bolsonaro. � indispens�vel que ele saia o quanto antes porque ele representa o oposto de tudo que a gente defende", diz o jornalista Walace Oliveira, 38, integrante do movimento.
Melisa Oliveira, 64, aposentada. Carrega cartaz escrito "Satanaro a besta do apocalipse" e se posicionou na esquina onde bolsonaristas passam a cada instante. "Quem causa mal aos outros ou zombando da desgra�a alheia �, biblicamente o satan�s. O cafajeste no governo representa Satan�s", explica o cartaz, sem medo de confronto. "Estou aqui de prop�sito. L� no meio da manifesta��o contra o governo n�o vai resolver. Quero dar o recado pra eles. Estou me contendo aqui pra n�o provocar tanto. Mas s�o todos covardes, bolsonarista s� age em grupo. Deus colocou ele (Bolsonaro) l� e Deus vai tirar."
A Pol�cia Militar fechou a Avenida Jo�o Pinheiro para tentar impedir a passagem de manifestantes que saem da Pra�a da Liberdade em apoio ao Presidente da Rep�blica. Mesmo com a seguran�a refor�ada, uma ciclista em dire��o a Pra�a da Liberdade passou pr�ximo aos manifestantes contr�rios ao governo, mostrou o dedo do meio e xingou os protestantes que pedem a sa�da de Bolsonaro do poder.
Pelo encontro dos manifestantes, alguns foram at� mesmo confundidos. Iracema de Moura, 58, aposentada, com m�scara preta escrito "Fora Bolsonaro" e com bandeira do Brasil. Uma bolsonarista passou por ela e pediu para fazer foto junto.
"Eu venho todo dia de cores do Brasil, acho que temos que retomar os s�mbolos e as cores porque apropriaram das cores do Brasil e isso � inaceit�vel. � um governo trevoso que tentou demolir e n�o vai conseguir. � impeachment ou ren�ncia.
Ela (a bolsonarista) chegou e n�o sei se ela estava enganada ou quis mesmo a foto. Quando viu que eu era contr�ria, come�ou a xingar. Eu mando ir com Deus e pronto. N�o tem o que discutir. Cada um em paz sem luta e sem morte"

Vendas
Manifesta��o � sempre boa oportunidade para "fazer dinheiro". Quando militantes se re�nem, comerciantes tamb�m marcaram a presen�a logo cedo no protesto. Erodes Barbosa, de 59, garantiu seu varal �s 8h. Faixas com dizeres "Lula 2022" e "Fora Bolsonaro", bandeira LGBT, bandanas e at� bandeira do Brasil.
"Toda vez que tem protesto a gente trabalha. Trabalho em eventos, festa de rodeio, essas coisas. Mas t� tudo parado e a gente tem que correr atr�s do p�o de cada dia", conta, com esperan�a de voltar pra casa sem produto nenhum. "Se vender bastante d� pra arrumar um dinheirinho, uns 300 conto."

Para Erodes, trabalhar com a venda desses artigos � uma forma de pagar as contas. "No dia a dia tamb�m vendo pano de prato e outras coisas. �s pessoas acham que estamos velhos pra empregar a gente. N�o tem emprego nem pra jovem, imagina pros velhos", lamenta.
Acostumada em trabalhar em protestos de pautas diversas, ela conta que, mesmo apoiando o ex-presidente Lula, na hora de fazer dinheiro, n�o importa o comprador. "Vendo o que comprar. Eu sou Lula. Sou atleticana, mas trabalho no meio da torcida do Cruzeiro. Meu sentimento fica s� pra mim", diz.
A vendedora tem certeza de seu posicionamento e ainda reclama da gest�o do governo atual. "O Lula foi o melhor presidente que tivemos. Tudo que tenho em casa consegui no mandato de Lula. Bolsonaro trabalhou 28 anos como deputado e s� ouvi falar quando levou a facada. Ele n�o tem nenhum projeto. Ele � est�pido � s� liga pros ricos", protestou.

VENDA SOCIAL
Do outro lado da pra�a, uma tenda com camisetas e bandanas chama aten��o dos militantes. Antes mesmo da concentra��o j� havia clientes interessados nos artigos de milit�ncia. A prefer�ncia dos clientes: o rosto do ex-presidente Lula.
"A nossa preocupa��o vai al�m da quest�o meramente comercial, se n�o vender hoje tem mais atos, nossa inten��o � estar presente", conta o vendedor Ademilson Ferreira, 58. Tamb�m professor de hist�ria, ele diz que as vendas da barraca s�o para financiar o projeto Educa��o e Cidadania na Regi�o do Barreiro.

"A gente atende estudantes em prepara��o para o Enem. Estamos retomando agora porque na pandemia ficamos parados. Nossas produ��es s�o voltadas para ajudar nesse projeto", acrescenta Ademilson. educador h� quase 30 anos � coordenador da pastoral da educa��o de uma igreja cat�lica.
Al�m disso, o grupo que divide a tenda com o professor n�o esconde a condi��o de militante. "Somos de esquerda. Estar aqui � um pouco tamb�m da mem�ria das lutas dos trabalhadores. S� trabalhamos com material de movimentos da esquerda", refor�ou.