
Bolsonaro garantiu que, a partir de agora, vai desobedecer ordens legais dadas pelo magistrado . Em Bras�lia (DF), pela manh�, o l�der do governo federal n�o citou o ministro nominalmente, mas voltou a citar as "quatro linhas" da Constitui��o e disse que Moraes "perdeu as condi��es m�nimas" de compor o tribunal. "Ou o chefe desse poder (STF) enquadra o seu, ou esse poder pode sofrer aquilo que n�o queremos", amea�ou.
� tarde, em S�o Paulo (SP), "sugeriu" a sa�da dele do STF. Os discursos geraram duras rea��es, e partidos pensam em amadurecer internamente a discuss�o sobre se posicionar favoravelmente a um eventual impeachment. Poss�veis crimes de responsabilidade j� foram listados .
'N�o existe mais'
"Qualquer decis�o do senhor Alexandre de Moraes, este presidente n�o mais cumprir�. A paci�ncia do nosso povo j� se esgotou. Ele tem tempo ainda para pedir o seu bon� e (ir) cuidar da sua vida. Ele, para n�s, n�o existe mais", disse o presidente, sob apupos dos manifestantes que se aglomeraram na Avenida Paulista.
Em Belo Horizonte, a Pra�a da Liberdade sediou os protestos bolsonaristas. Enquanto
expoentes da direita mineira se revezavam ao microfone
, perto dali, na Pra�a Afonso Arinos, o
Grito dos Exclu�dos
, que teve o apoio de partidos e entidades contr�rias ao atual governo, marchava rumo � Pra�a da Esta��o.
Al�m de propor desobedi�ncia aos atos do ministro, Bolsonaro falou que Moraes "a�oita" a democracia brasileira. Ele clamou por "liberdade" a presos que, em sua vis�o, foram encarcerados por motiva��es pol�ticas. Nesse grupo, est�o figuras como o presidente nacional do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Roberto Jefferson, detido em fun��o do inqu�rito que investiga a forma��o de mil�cias digitais para atacar institui��es democr�ticas.
"Liberdade para os presos pol�ticos. Fim da censura. Fim da persegui��o �queles conservadores e �queles que pensam no Brasil", pediu.
Embate nos tribunais
Em agosto, Bolsonaro enviou ao Senado Federal um pedido de impeachment de Moraes. A solicita��o foi rejeitada pelo presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Ap�s diversos xingamentos do l�der do Pal�cio do Planalto a Lu�s Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e ao Judici�rio, Alexandre de Moraes incluiu Bolsonaro no inqu�rito das fake news. H�, tamb�m, apura��o em torno do incentivo a atos antidemocr�ticos.
Barroso, ali�s, foi um dos alvos escolhidos pelo presidente da Rep�blica neste feriado. O clamor pelo voto impresso, derrotado na C�mara dos Deputados, voltou � tona. "N�o podemos ter elei��es em que pairem d�vidas sobre os eleitores. N�o posso patrocinar uma farsa como essa patrocinada, ainda, pelo presidente do TSE", sustentou Bolsonaro, ainda em S�o Paulo.
Segundo ele, o pa�s precisa de "elei��es limpas, democr�ticas, com voto audit�vel e contagem p�blica dos votos".
O 'ultimato' de Bolsonaro
Mais cedo, em Bras�lia, Bolsonaro assegurou n�o desejar uma ruptura democr�tica, mas classificou os protestos de hoje como uma esp�cie de "ultimato". De acordo com ele, o pa�s passar� a escrever uma "nova hist�ria".
"Esse retrato que estamos tendo neste dia n�o � de mim, nem ningu�m em cima desse carro de som. Esse retrato � de voc�s. � um comunicado, � um ultimato para todos que est�o l� na Pra�a dos Tr�s Poderes, inclusive eu, presidente da Rep�blica, para onde devemos ir", falou, mencionando a necessidade de se registrar, em fotografia, uma imagem dos manifestantes que se juntaram em frente ao carro de som de onde ele discursava.
Sem se referir diretamente a Moraes, o presidente "inaugurou" os ataques que se sucederam durante todo o dia da Independ�ncia. "N�o queremos ruptura. N�o queremos brigar com poder nenhum. Mas n�o podemos admitir que uma pessoa curve a nossa democracia. N�o podemos admitir que uma pessoa coloque em risco a nossa liberdade".
Antes de chegar � Paulista, Bolsonaro sobrevoou a avenida em um helic�ptero. L�, antes de continuar os ataques ao Judici�rio, mirou nas restri��es adotadas por governadores e prefeitos para conter a COVID-19. Depois, quando encerrava o r�pido discurso, voltou a recorrer � "vontade divina" para garantir que permanecer� no comando da na��o.
"�queles que querem me tornar ineleg�vel em Bras�lia: s� Deus me tira de l�. S� vou sair preso, morto ou com a vit�ria. Dizer aos canalhas que eu nunca serei preso. A minha vida pertence a Deus, mas a vit�ria pertence a todos n�s", bradou. "Onde voc�s estiverem, eu estarei", falou, em tom prof�tico, nos momentos finais do pronunciamento.
Randolfe protocola not�cia-crime; Fux pode se pronunciar
Na noite de hoje, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) anunciou ter acionado justamente a Suprema Corte a fim de que Jair Bolsonaro seja investigado por atentado ao Estado Democr�tico de Direito, � ordem constitucional e � separa��o dos Poderes. O parlamentar pediu, ainda, a apura��o da utiliza��o de poss�veis recursos p�blicos no financiamento das passeatas.
"Tamb�m solicitei ao STF a abertura de inqu�rito contra Bolsonaro, por sua grave amea�a ao livre funcionamento do Judici�rio e pelo uso de recursos p�blicos para financiar seu carnaval golpista, na forma da ainda vigente Lei de Seguran�a Nacional", relatou o senador.
Segundo "O Estado de S. Paulo", o presidente do STF, Luiz Fux, vai se manifestar sobre os recentes ataques de Bolsonaro na pr�xima sess�o da Corte. H� encontro agendado para esta quarta (8/9).
Como articulam os partidos
A nova investida de Bolsonaro contra o STF deixou indignadas lideran�as pol�ticas brasileiras. O PSDB convocou, para amanh�,
reuni�o extraordin�ria da Executiva da legenda
. As declara��es desta ter�a foram consideradas "grav�ssimas" pela c�pula tucana.
O encontro foi chamado pelo presidente nacional do PSDB, Bruno Ara�jo. O tamb�m tucano Jo�o Doria, governador de S�o Paulo, afirmou que Bolsonaro "desafia a democracia e empareda a Suprema Corte".
O PSD, por seu turno, vai instituir comit� para acompanhar os desdobramentos dos atos de hoje. O presidente da legenda, Gilberto Kassab, e os l�deres pessedistas na C�mara e no Senado — Antonio Brito e Nelsinho Trad, respectivamente — j� est�o garantidos na comiss�o. Eles se re�nem amanh� para definir os outros componentes.
"A cada dia vemos aumentar a instabilidade e o PSD est� acompanhando essa situa��o com muita aten��o. Temos avalia��es de alguns importantes juristas apontando que apenas as falas, as manifesta��es, seriam raz�es suficientes para justificar o processo. Vamos acompanhar a conduta do governo para determinar, ou n�o, a defesa e o apoio a um eventual processo de impeachment do presidente da Rep�blica", justificou Kassab.
Outra agremia��o a repudiar as posi��es externadas por Bolsonaro foi o MDB. "� lament�vel o presidente da Rep�blica usar o Dia da Independ�ncia para afrontar os outros Poderes", l�-se em trecho do comunicado, divulgado pelo presidente da sigla, o deputado federal Baleia Rossi (SP).
Paralelamente, o presidente do PDT, Carlos Lupi, encabe�a articula��o para juntar legendas como PSDB, PSD e MDB em prol do debate sobre hipot�tico impedimento de Bolsonaro.
"A reuni�o ser� com todo o centro democr�tico para discutir um apoio ao impeachment. O presidente atentou contra a democracia, ent�o a resposta da democracia � o impeachment" , contou o trabalhista, � "CNN Brasil". O presidenci�vel pedetista Ciro Gomes ligou para Alexandre de Moraes a fim de prestar solidariedade.
"Os discursos de Bolsonaro escancaram o medo que ele tem da Justi�a. Ter� de explicar de onde veio o dinheiro para bancar seus atos de intimida��o", comentou Gleisi Hoffmann, deputada federal pelo Paran� e l�der do diret�rio nacional do PT.
O 7/9 de Bolsonaro em quatro frases:
Em Bras�lia:
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"N�s todos, aqui na Pra�a dos Tr�s Poderes, juramos respeitar a nossa Constitui��o. Quem age fora dela, (ou) se enquadra ou pede para sair. Esse ministro espec�fico do Supremo Tribunal Federal perdeu as condi��es m�nimas de continuar dentro daquele tribunal."
- "N�o queremos ruptura. N�o queremos brigar com poder nenhum. Mas n�o podemos admitir que uma pessoa curve a nossa democracia. N�o podemos admitir que uma pessoa coloque em risco a nossa liberdade."
Em S�o Paulo:
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"Qualquer decis�o do senhor Alexandre de Moraes, este presidente n�o mais cumprir�. A paci�ncia do nosso povo j� se esgotou. Ele tem tempo ainda para pedir o seu bon� e (ir) cuidar da sua vida. Ele, para n�s, n�o existe mais."
- "�queles que querem me tornar ineleg�vel em Bras�lia: s� Deus me tira de l�. S� vou sair preso, morto ou com a vit�ria. Dizer aos canalhas que eu nunca serei preso. A minha vida pertence a Deus, mas a vit�ria pertence a todos n�s."