O ex-presidente da Rep�blica Michel Temer compartilhou em entrevista � BandNews FM, nesta sexta-feira, 10, como foram os bastidores de sua conversa com o presidente Jair Bolsonaro que culminaram na carta de harmoniza��o entre os poderes assinada pelo Chefe do Executivo. Segundo Temer, em um contato inicial o qual o presidente lhe permitiu que falasse "sem cerim�nia", ele afirmou que o discurso de Bolsonaro no dia 7 de setembro, durante atos pr�-governo, n�o foi "muito bom", e considerou impr�prios os xingamentos do presidente contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. "Ningu�m fala com um ministro do Supremo daquele jeito", declarou.
De acordo com Temer, "na tentativa de encontrar solu��o" para a "situa��o intoler�vel" da crise entre os Poderes, ele pr�prio tomou a iniciativa de redigir a carta, que mais tarde seria assinada pelo presidente. Temer afirmou que, ap�s compartilhar o documento com Bolsonaro, o presidente o convidou para almo�ar em Bras�lia, na tarde de quinta-feira, 9, e, ap�s o almo�o, pediu para o ex-presidente esperar duas horas para aprovar com sua equipe a nota sugerida. Temer disse que Bolsonaro alterou apenas uma senten�a do documento original.
O ex-presidente tamb�m foi respons�vel pela intermedia��o de um telefonema entre o presidente Bolsonaro e o ministro Alexandre de Moraes. Em uma conversa amig�vel, como classificou Temer - que durou cerca de 15 minutos -, Bolsonaro justificou ao magistrado que seus ataques contra ele nas manifesta��es aconteceram "no calor do momento".
Ao narrar a conversa entre o chefe do Executivo e o magistrado, Temer disse que Bolsonaro enfatizou que n�o tem "absolutamente nada" pessoal contra o ministro, e que suas diverg�ncias se concentravam apenas no campo jur�dico. No entanto, o presidente ponderou, segundo conta Temer, que tais conflitos poderiam ser solucionados.
"Voc� sabe que aquilo (ataques) foi calor do momento, evidentemente n�o tenho essa impress�o do senhor", narrou Temer sobre as falas de Bolsonaro. Apesar do reconhecimento dos excessos cometidos, o ex-presidente disse que Bolsonaro n�o pediu desculpas ao magistrado.
Na avalia��o de Temer, Moraes foi "muito cordial" na conversa e enfatizou que n�o quer tensionar as rela��es com o Executivo. "S�o apenas quest�es jur�dicas", justificou o ministro sobre suas recentes decis�es na Corte Suprema.
"Foi um momento muito �til", classificou Temer. O ex-presidente ainda disse que n�o esperava uma repercuss�o t�o intensa sobre o documento. Segundo ele, o tom otimista do Pa�s ap�s a divulga��o do documento mostra "como a opini�o p�blica estava muito ansiosa por uma solu��o, para encontrar um caminho". "Quem sabe este pode ser um caminho." Em tom otimista, Temer afirmou que tudo indica que Bolsonaro pautar� suas a��es com base no que est� escrito no documento produzido ontem.
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