
Com ades�o de parte da esquerda, os atos convocados pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro reuniram algumas milhares de pessoas neste domingo (12/09) em capitais como S�o Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Bras�lia.
A principal resist�ncia a comparecer veio do PT , maior partido da esquerda, e de movimentos pr�ximos ao petismo, como a Central �nica dos Trabalhadores — organiza��es que, desde a campanha pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, s�o advers�rios de MBL e Vem Pra Rua.
Uma pesquisa com os participantes do ato da Avenida Paulista deste domingo mostra que a resist�ncia � m�tua: embora 85% dos entrevistados tenham concordado que "para o impeachment de Bolsonaro, � preciso uma ampla alian�a que vai da direita � esquerda", 38% disseram que n�o participariam de uma manifesta��o junto com o PT .
Outros 33% responderam que n�o ocupariam as ruas ao lado da CUT, e 31% n�o protestariam com o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
O levantamento, coordenado pelos professores da Universidade de S�o Paulo (USP) Pablo Ortellado e M�rcio Moretto, entrevistou 841 manifestantes e tem margem de erro de 4 pontos percentuais para mais ou para menos.
"O resultado � bem contradit�rio. As pessoas que foram ao ato querem uma frente ampla contra Bolsonaro, mas quase 40% dizem que o PT � demais pra engolir", nota Ortellado.
O PT e outros partidos e movimentos de esquerda planejam protestos contra Bolsonaro para 2 de outubro. Segundo Ortellado, a equipe da USP quer pesquisar tamb�m nessa manifesta��o a aceita��o da esquerda a participar de atos com grupos da direita. Ele suspeita que identificar� uma resist�ncia semelhante do outro lado.
"Um peda�o da direita n�o engole o PT, e um peda�o da esquerda n�o engole o MBL. Uma frente ampla para aprovar o impeachment ou para derrotar o Bolsonaro no segundo turno de 2022 precisa superar essas duas resist�ncias", ressalta.
Apesar disso, o ato da Avenida Paulista conseguiu atrair parte dos antigos advers�rios do MBL e do Vem Pra Rua. Segundo a pesquisa da USP, 37% dos entrevistados se disseram de esquerda ou centro-esquerda e 34%, de direita ou centro-direita.
"A grande novidade deste domingo � que a manifesta��o foi ideologicamente diversa. Acho que desde 2014 (ano dos atos contra a Copa do Mundo) n�o via isso", nota Ortellado.
Para atrair parte da esquerda, o MBL e o Vem pra Rua abandonaram o mote inicial da convoca��o, "Nem Bolsonaro, Nem Lula", que defendia o fortalecimento de uma candidatura presidencial alternativa � disputa hoje polarizada entre o atual presidente e o ex-presidente petista Lu�s In�cio Lula da Silva.

A pauta dos protestos foi unificada em uma s�, o "Fora, Bolsonaro", e foi escolhido o branco como cor oficial dos atos.
Ainda assim, foi frequente nos atos deste domingo a presen�a de manifestantes com faixas e camisetas "Nem Lula, Nem Bolsonaro".
E, ao lado de um caminh�o de som do Vem Pra Rua na Avenida Paulista, foi inflado um boneco de Lula e Bolsonaro abra�ados — o petista vestido de presidi�rio e o presidente com uma camisa de for�a.
Embora tenham comparecido pol�ticos de peso — como os pr�-candidatos � Presid�ncia da Rep�blica Ciro Gomes (PDT), Jo�o Doria (PSDB, governador de S�o Paulo), e Alessandro Vieira (Cidadania, senador) —, o p�blico desse domingo ficou abaixo dos atos em apoio a Bolsonaro de 7 de setembro e de protestos contra o presidente convocados por movimentos de esquerda nos �ltimos meses.
Em segundo turno, 54% votaria em Lula contra Bolsonaro
O levantamento da USP tamb�m investigou a inten��o de voto para a disputa presidencial de 2022.
Ciro Gomes (PDT), que esteve presente na Avenida Paulista, apareceu em primeiro lugar (16%), seguido de Lula (14%) e do ex-juiz e ex-ministro da Justi�a de Bolsonaro, Sergio Moro (11%).
Jo�o Amoedo (Novo) e Jo�o Doria (PSDB), que tamb�m participaram do ato em S�o Paulo, aparecem com 8% e 7%, respectivamente. Outros 31% afirmaram n�o saber em quem votar.
As pesquisas de inten��o de voto que t�m sido realizadas nacionalmente nas �ltimas semanas indicam que, se a elei��o presidencial fosse hoje, o segundo turno seria entre Lula e Bolsonaro.
Considerando esse cen�rio, 54% dos manifestantes no ato da Avenida Paulista responderam � pesquisa da USP que votariam em Lula, enquanto 40% disseram que anulariam ou votariam em branco — ou seja, um percentual similar ao que n�o aceita protestar ao lado do PT.

P�blico dos atos bolsonaristas era mais velho e de menor renda
Os pesquisadores da USP tamb�m investigaram o perfil dos manifestantes que foram as ruas de S�o Paulo no 7 de setembro.
Os resultados das duas pesquisas mostram que o p�blico que compareceu � Avenida Paulista neste domingo (12/9) era, em m�dia, mais jovem, mais escolarizado, de maior renda e mais branco que os apoiadores de Bolsonaro.
Entre os manifestantes de 12 de outubro, 69% tinham at� 44 anos, 79% tinham ensino superior completo ou incompleto, e 56% tinham renda familiar acima de 5 sal�rios m�nimos. A maioria dos entrevistados (67%) se declarou branca, enquanto os autodeclarados negros somaram 29%.
J� entre os que foram � Avenida Paulista no feriado da Independ�ncia, 53% tinham mais de 45 anos, 43% tinham renda familiar maior que 5 sal�rios m�nimos e 60% tinham curso superior, completo ou incompleto.
Naquele dia, 60% se declararam brancos e 33%, negros.
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