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Estado de Minas EXPECTATIVA

Discurso de Bolsonaro na ONU: o que presidente, que n�o se vacinou, dever� dizer sobre vacina

Presidente brasileiro deve tentar mostrar que cumpriu compromissos feitos na c�pula do clima de Joe Biden, sem deixar de mencionar temas que mobilizam apoiadores, como marco temporal para demarca��o de terras ind�genas, que beneficia o agroneg�cio.


21/09/2021 06:02 - atualizado 21/09/2021 09:06


Em seu discurso deste ano, Bolsonaro falará à ONU sobre vacinas, liberdade de expressão e meio ambiente
Em seu discurso deste ano, Bolsonaro falar� � ONU sobre vacinas, liberdade de express�o e meio ambiente (foto: Marcos Corr�a/PR)

O terceiro discurso de Bolsonaro  na Assembleia Geral da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU), nesta (21/09), deve funcionar como um ensaio do que ele pretende mostrar ao completar os 1.000 dias de governo, marca que alcan�ar� no fim de setembro e que tem mobilizado alta expectativa na gest�o.

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Por um lado, Bolsonaro tentar� mostrar como seu governo avan�ou com a vacina��o dos brasileiros e conteve a pandemia ao mesmo tempo em que irrigou a economia com um aux�lio emergencial que beneficiou quase um ter�o da popula��o e impediu uma recess�o mais aguda em 2020. Al�m disso, focar� em realiza��es para, nas palavras de integrantes do pr�prio Itamaraty, "desarmar a bomba" da quest�o ambiental que o pr�prio governo ajudou a montar e que trouxe danos � imagem internacional do pa�s.

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Por outro lado, tentar� caracterizar que o tom mais pragm�tico em certos assuntos n�o o afasta dos princ�pios que o elegeram - e que agradam sua base mais aguerrida. S�o esperadas cita��es a temas como o marco temporal (que limita a possibilidade de demarca��o de terras ind�genas �quelas ocupadas por eles em 1988), � liberdade de express�o da direita em redes sociais e a valores crist�os e conservadores.

Para o Itamaraty, que preferia que Bolsonaro evitasse men��es a temas controversos - e fizesse um discurso mais ao sabor da fala dele na 13ª c�pula dos Brics (grupo que re�ne Brasil, R�ssia, �ndia, China e �frica do Sul), h� alguns dias, quando o presidente chegou a dizer que a parceria com a China tem sido "essencial" para o combate da pandemia por seu governo -, a expectativa � que a agenda positiva que o presidente vai apresentar solape eventual repercuss�o negativa dos aspectos mais ideol�gicos da apresenta��o.

No Itamaraty, a percep��o � que o presidente "j� surpreendeu positivamente em abril", na C�pula do Clima promovida pelo presidente americano, Joe Biden, e portanto a expectativa agora seria "positiva".

O Itamaraty sabe, por�m, que a Assembleia Geral da ONU � uma plataforma valorizada pelo presidente e que ao menos trechos do discurso devem escapar ao tom discreto e pragm�tico que o chanceler Carlos Fran�a tem tentado imprimir � atua��o do Itamaraty.

"Ele provavelmente vai apresentar algo mais moderado, mas n�o veremos uma vers�o 'Bolsonarinho paz e amor'", diz Guilherme Casar�es, professor de rela��es internacionais da Funda��o Getulio Vargas, em uma alus�o ao Lulinha Paz e Amor criado pelo marqueteiro Duda Mendon�a em 2002 para amenizar a imagem de radical do ex-presidente Lula.


Bolsonaro é alvo de protesto em frente ao hotel onde está hospedado em Nova York contra restrições à demarcações de terras indígenas
Bolsonaro � alvo de protesto em frente ao hotel onde est� hospedado em Nova York contra restri��es � demarca��es de terras ind�genas (foto: Mariana Sanches/BBC News Brasil)

'Agenda positiva'

Al�m de destacar que o Brasil � o pa�s em desenvolvimento com metas mais ambiciosas, tanto no combate ao desmatamento (zerar at� 2030) quanto � emiss�o de gases do efeito estufa (alcan�ar a neutralidade at� 2050) e relembrar que o Brasil det�m mais de 80% de sua matriz energ�tica de fonte limpa, os diplomatas brasileiros querem que Bolsonaro anuncie em plen�rio o cumprimento de uma promessa que fez em abril, na C�pula do Clima, a Biden.

Na ocasi�o, o brasileiro havia dito que dobraria a verba de fiscaliza��o para coibir a devasta��o ambiental. Em meados de agosto, o governo anunciou incremento de 118% nos recursos de �rg�os como o Ibama. E ainda no m�s passado, os dados apontaram uma queda no desmatamento, interrompendo uma tend�ncia de alta.

As sinaliza��es s�o vistas como fundamentais para voltar a atrair o investidor estrangeiro. "Acredito que avan�amos. Antes o presidente at� negava que houvesse um problema, agora reconhecemos o desafio do desmatamento e estamos enfrentando", afirmou � BBC News Brasil um embaixador, em car�ter reservado.

Em outra frente, Fran�a defende que Bolsonaro explore o bom momento do pa�s na pandemia. O Brasil rec�m-ultrapassou os EUA em propor��o de cidad�os vacinados com pelo menos uma dose (68,1% a 63%), embora esteja muito distante em rela��o � taxa dos vacinados com duas doses (37% a 54%). Possivelmente pelo avan�o na imuniza��o, a m�dia m�vel de casos e mortes por covid-19 recuou para patamares inferiores ao verificado ao longo do �ltimo ano. A expectativa do Planalto � que at� o fim de outubro o pa�s tenha a maioria da popula��o completamente imunizada.


Em foto publicada no perfil do ministro do Turismo, Bolsonaro come pizza na rua em Nova York ao lado de membros de sua equipe
Em foto publicada no perfil do ministro do Turismo, Bolsonaro come pizza na rua em Nova York ao lado de membros de sua equipe (foto: Reprodu��o/Instagram)

Isso possibilitaria, segundo afirmou um embaixador � BBC News Brasil, que Bolsonaro fizesse um an�ncio: o Brasil pretende doar doses de vacinas contra a covid-19 para outros pa�ses da Am�rica Latina que enfrentam escassez de doses, como o Paraguai, o Peru e o Haiti. O movimento seria uma tentativa de retomar certo protagonismo na regi�o, enfraquecido depois que o governo Bolsonaro deixou de priorizar o Mercosul e as rela��es Sul-Sul.

Ainda para reafirmar a import�ncia global do Brasil, Bolsonaro deve falar sobre a rec�m-conquistada vaga n�o permanente no Conselho de Seguran�a da ONU e mencionar que o pa�s estendeu a afeg�os o visto humanit�rio, que j� havia sido disponibilizado a s�rios e haitianos.

Temas controversos

Para o brasilianista Brian Winter, editor-chefe da publica��o americana Americas Quartely, a tentativa de agenda positiva faz sentido para atrair o investidor estrangeiro, que "est� particularmente interessado em quest�es de meio ambiente e em ver se Bolsonaro far� alguma observa��o que signifique confronto entre Poderes ou fragilidade � democracia".

"O problema � que mesmo que ele fa�a afirma��es contundentes em favor do meio ambiente, muita gente n�o vai acreditar porque Bolsonaro tem um problema de credibilidade", diz Winter.

A quest�o da vacina��o � um exemplo da fragilidade que o brasilianista aponta. A defesa da imuniza��o em massa esbarra na condi��o pessoal do presidente brasileiro, o �nico l�der do G-20 a afirmar n�o estar vacinado. "O que acontece, voc� vai tomar vacina para que? Para ter anticorpos. A minha taxa de anticorpos est� l� em cima. Eu te apresento o documento, estou com 991 (no exame m�dico IgG). Ent�o eu estou bem. Vou tomar vacina CoronaVac, por exemplo, que n�o vai chegar a essa efetividade, para que eu vou tomar? Agora, todo mundo j� tomou vacina no Brasil? Depois que todo mundo tomar, eu vou decidir meu futuro a�", afirmou o presidente, ao lado do ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga, que tamb�m comp�e a comitiva que foi a Nova York.

Outro tema que o presidente promete abordar, para contrariedade dos diplomatas, � a quest�o do marco temporal, atualmente em an�lise pelo Supremo Tribunal Federal. "O que eu devo falar l� (na ONU)? Algo nessa linha: se o marco temporal for derrubado (pelo STF), se tivermos que demarcar novas terras ind�genas —hoje em dia temos aproximadamente 13% do territ�rio nacional demarcado como terra ind�gena j� consolidada—, caso tenha-se que levar em conta um novo marco temporal, essa �rea vai dobrar", afirmou Bolsonaro em live antes de chegar a Nova York.

Segundo Bolsonaro, se o STF rejeitar a tese do marco temporal, a "seguran�a alimentar" do Brasil e do mundo estaria em risco, em prov�vel refer�ncia � redu��o das terras dispon�veis para a produ��o do agroneg�cio. Existe a tens�o entre integrantes do governo que uma men��o a um assunto sob delibera��o de outro poder possa reacender a crise institucional, amenizada pela carta recuo de Bolsonaro, elaborada pelo ex-presidente Michel Temer em 09/09 .


Jair Bolsonaro em discurso na abertura da Assembleia-Geral da ONU em 2019
Jair Bolsonaro em discurso na abertura da Assembleia-Geral da ONU em 2019 (foto: AFP)

Outro prov�vel tema do presidente brasileiro ser� a defesa da liberdade de express�o de lideran�as da direita global, que ele acredita estarem sendo silenciadas pelas grandes empresas tecnol�gicas do Vale do Sil�cio, como Twitter e Facebook. O tema foi um dos que animaram a milit�ncia bolsonarista no 7 de Setembro. O assunto foi alvo de uma Medida Provis�ria assinada por Bolsonaro, mas que acabou devolvida ao Planalto pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. A mesma medida tamb�m havia sido barrada em decis�o da ministra do STF Rosa Weber. Neste domingo, 19/09, o governo anunciou que enviaria um projeto de lei ao Congresso com teor semelhante ao da MP derrubada.

Bolsonaro chegou a Nova York no fim da tarde deste domingo. Em frente ao hotel do presidente, cerca de dez pessoas protestavam contra o marco temporal e chamavam o mandat�rio de "criminoso" e "genocida". Bolsonaro, no entanto, n�o viu o protesto porque entrou no hotel por uma porta secund�ria.

O discurso do brasileiro, que abre a 76ª Assembleia Geral da ONU, ser� na manh� da pr�xima ter�a, 21. Al�m da fala, o presidente tamb�m se encontrar� com o primeiro-ministro brit�nico, Boris Johnson, e com o presidente da Pol�nia, Andrezj Duda. Com ambos, o presidente brasileiro tem afinidades ideol�gicas.

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