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Estado de Minas POL�TICA

Carlos e Fl�vio Bolsonaro tinham assessores com empregos privados

O MP do Rio mostrou nas duas investiga��es que funcion�rios que deveriam trabalhar com exclusividade no Legislativo mantinham ocupa��es paralelas


22/09/2021 23:14 - atualizado 22/09/2021 23:51

A manutenção de outros empregos enquanto há nomeação para o cargo público é proibida
A manuten��o de outros empregos enquanto h� nomea��o para o cargo p�blico � proibida (foto: AFP / Sergio LIMA e EVARISTO SA / AFP)
Embasada nas mesmas suspeitas de desvio de dinheiro p�blico que recaem sobre o senador Fl�vio Bolsonaro (Patriota-RJ), a investiga��o do Minist�rio P�blico contra o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos) tamb�m identificou ex-assessores que mantinham ocupa��es incompat�veis com fun��es p�blicas enquanto nomeados no gabinete dele. Provas citadas no pedido de quebra de sigilo de Fl�vio, em abril de 2019, foram obtidas do mesmo modo que as utilizadas no documento que resultou na quebra de sigilo de Carlos, em maio deste ano.

Por meio de consultas no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o Minist�rio P�blico do Rio mostrou nas duas investiga��es que funcion�rios que deveriam trabalhar com exclusividade no Legislativo mantinham ocupa��es paralelas na iniciativa privada. No caso de Fl�vio - que j� foi denunciado por peculato, lavagem de dinheiro, organiza��o criminosa e apropria��o ind�bita no caso das "rachadinhas" -, a quebra de sigilo aprofundou os ind�cios de que havia funcion�rios "fantasmas" no gabinete.

A informa��o sobre oito assessores de Carlos que se enquadram nesse perfil foi revelada pelo jornal O Globo . Para a Promotoria, os caminhos podem levar � comprova��o de que esses "fantasmas" desviavam parte de seus sal�rios para o vereador. Quando conseguiu esmiu�ar os dados banc�rios, fiscais e de celular dos ex-funcion�rios de Fl�vio, o MP mostrou transa��es financeiras e mapas de calor que corroboravam a tese de que eles desviavam o dinheiro p�blico. Configurava-se assim o suposto crime de peculato, que ocorre quando servidor se apropria de recursos oficiais.

Entre os funcion�rios envolvidos naquela �poca e que foram descobertos por meio de buscas no Caged, estavam duas filhas de Fabr�cio Queiroz, o suposto operador do esquema do ent�o deputado estadual. Agora, com os ex-assessores de Carlos, aparecem parentes da pr�pria fam�lia do presidente Jair Bolsonaro - mais especificamente da segunda ex-mulher dele, Ana Cristina Valle. Um irm�o e uma cunhada dela aparecem na lista dos oito que tinham outros empregos. Ele, numa f�brica de autom�veis; ela, numa creche.

Acumular empregos p�blicos e privados � vedado

A manuten��o de outros empregos enquanto h� nomea��o para o cargo p�blico � proibida tanto pelo regimento interno da C�mara Municipal quanto pela Assembleia Legislativa, que se baseiam no entendimento da C�mara dos Deputados. A creche da prima Marta Valle, por exemplo, ficava em Juiz de Fora, Minas Gerais. A descoberta deixa clara a incompatibilidade das jornadas de trabalho - s�o exigidas 40 horas semanais no Legislativo carioca.

A decis�o da Justi�a que autorizou as medidas cautelares contra Carlos e 26 assessores foi assinada no dia 28 de maio deste ano. Ou seja, h� quase quatro meses. Em 2019, o MP deflagrou mandados de busca e apreens�o cerca de oito meses depois da primeira quebra de sigilo. A investiga��o ficou parada durante metade daquele per�odo por causa de uma decis�o do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF).

As apura��es contra Carlos, inclusive, tendem a passar por menos problemas judiciais que o caso do irm�o. A defesa de Fl�vio, ciente do grau de embasamento no m�rito das acusa��es, sempre optou por achar poss�veis brechas legais na investiga��o. Naquele caso, contudo, havia de fato quest�es que os advogados podiam alegar, como o suposto direito a foro privilegiado. Ele era deputado estadual na �poca dos crimes que teriam sido praticados e virou senador pouco depois.

Sem foro privilegiado, Carlos Bolsonaro est� mais exposto que Fl�vio

Com Carlos, o caminho � mais livre. Os vereadores n�o t�m mais direito a foro. Al�m disso, o pr�prio ponto de partida da investiga��o � mais simples. Revela��es por parte da imprensa a partir do caso Fl�vio, motivaram a abertura do procedimento contra Carlos, ainda em meados de 2019. A revista �poca apontou os ind�cios de supostas irregularidades envolvendo os parentes de Ana Cristina Valle, principal gatilho para o in�cio das apura��es do MP. Pouco antes, o Estad�o revelara que dois ex-assessores ligados a Fabr�cio Queiroz, o suposto operador do esquema de Fl�vio, n�o emitiram crach� funcional quando trabalharam para Carlos.

Um dos questionamentos da defesa do senador que fizeram com que a investiga��o ficasse parada por mais tempo tinha como argumento o pr�prio in�cio do procedimento, aberto com base num Relat�rio de Intelig�ncia Financeira (RIF) do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Atualmente, o que paralisa o caso � a anula��o, por parte do Superior Tribunal de Justi�a (STJ), da quebra de sigilo de abril de 2019, considerada mal fundamentada pela maioria dos ministros.

No caso de Carlos, os principais ind�cios citados pelo MP come�aram com revela��es da imprensa. Al�m das suspeitas de peculato, h� um caso - noticiado pelo Estad�o - envolvendo um im�vel comprado em dinheiro pelo vereador quando tinha apenas 20 anos, em 2003. Ele pagou R$ 150 mil pelo apartamento na Tijuca, zona norte da cidade. O desembolso de grandes quantias em esp�cie costuma levantar suspeita sobre poss�vel lavagem de dinheiro, j� que n�o deixa rastros no sistema financeiro. Este foi um dos pontos-chave da investiga��o contra o irm�o Fl�vio, que � ativo no mercado imobili�rio.

Bolsonaros negam acusa��es

O vereador Carlos Bolsonaro tem negado todas as acusa��es. O irm�o, idem: a defesa alega que desconhece qualquer ind�cio de irregularidade no antigo gabinete dele na Assembleia Legislativa, apesar de uma ex-assessora j� ter confessado que participava do esquema. Fl�vio costuma atribuir as acusa��es a persegui��es de advers�rios pol�ticos. O alvo seria o governo de Jair Bolsonaro.


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