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Estado de Minas PRESS�O BOLSONARISTA

Conitec adia decis�o que barraria cloroquina no SUS

Pressionado por bolsonaristas, o �rg�o do Minist�rio da Sa�de respons�vel pela an�lise t�cnica de novos medicamentos do SUS adiou a decis�o


07/10/2021 15:00 - atualizado 07/10/2021 15:53

 Conitec adia decisão que barraria cloroquina no SUS
Cloroquina (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Pressionado por bolsonaristas, o �rg�o do Minist�rio da Sa�de respons�vel pela an�lise t�cnica de novos medicamentos do Sistema �nico de Sa�de (SUS) adiou a decis�o, prevista para esta quinta-feira, 7, que poderia barrar de vez o uso da hidroxicloroquina e da cloroquina como tratamento para pacientes com COVID-19.

 

Ambas comprovadamente n�o funcionam contra a doen�a, mas s�o promovidas pelo presidente Jair Bolsonaro e seus aliados como parte do chamado tratamento precoce. Como revelou o Estad�o, o colegiado iria se opor a Bolsonaro, e a conclus�o t�cnica seria usada pela CPI da Covid como mais uma prova dos erros do governo na gest�o da pandemia.


A discuss�o foi retirada da pauta da Comiss�o Nacional de Incorpora��o de Tecnologias (Conitec) a pedido do coordenador do grupo, o m�dico Carlos Carvalho, da USP, escolhido pelo ministro Marcelo Queiroga. Ao Estad�o , Carvalho disse que a decis�o n�o foi influenciada por quest�es pol�ticas. O m�dico afirmou que gostaria de levar para discuss�o do grupo de especialistas que elaboraram o protocolo um estudo publicado no fim de setembro, no The New English Medical Journal , sobre o rem�dio Regen-Cov.

A discuss�o sobre as diretrizes era o item 12 da pauta, mas foi retirado. A decis�o da Conitec, que tem car�ter consultivo, era esperada com preocupa��o pelo Pal�cio do Planalto por causa das potenciais consequ�ncias pol�ticas e jur�dicas. A recomenda��o indiscriminada de drogas que n�o funcionam em detrimento de medidas como incentivo � vacina��o e ao distanciamento social � uma das frentes atacadas pela CPI.

Al�m disso, a decis�o t�cnica de um �rg�o do pr�prio governo colocaria em xeque o discurso pr�-cloroquina dos bolsonaristas. Na manh� de hoje, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) usou as redes sociais para dizer enganosamente que "a esquerda proibiu acesso a tratamento que poderia salvar vidas". No �ltimo dia 21, Jair Bolsonaro defendeu o tratamento precoce, com cloroquina, em discurso na das Na��es Unidas Organiza��o (ONU).

O parecer dos t�cnicos que seria levado � vota��o reprovava fortemente o uso de rem�dios como a hidroxicloroquina, cloroquina e a azitromicina. O texto, ao qual o Estad�o teve acesso, ressalta que, em tempos de pandemia, os recursos p�blicos devem ser empregados no que h� mais certeza sobre a efic�cia.

O documento deixa claro que h� evid�ncias de que azitromicina e hidroxicloroquina s�o ineficazes, ou seja, n�o funcionam no tratamento da doen�a e n�o devem ser usadas. J� para drogas como ivermectina e colchicina h� aus�ncia de evid�ncia de que funcionam no tratamento.

De acordo com o parecer, n�o existe nenhum rem�dio, at� o momento, que possa ser usado de forma precoce para alterar o curso natural da doen�a.

"Diversas terapias ineficazes foram descartadas, de forma a promover a economia de recursos com o abandono de seu uso, como o caso da azitromicina e da hidroxicloroquina (...) em um cen�rio de epidemia, a aloca��o de recursos deve ser priorizada para interven��es com maior certeza de benef�cio, como o caso de equipamentos de prote��o individual, interven��es para o suporte ventilat�rio dos pacientes e terapias farmacol�gicas com efetividade comprovada. Deve ser estimulado o tratamento de pacientes mediante protocolos de pesquisa de estudos com delineamento adequado e potencial para dar respostas � sociedade", diz trecho da conclus�o do parecer.

Os m�dicos que elaboraram o protocolo foram avisados sobre a retirada de pauta por um dos coordenadores do grupo na manh� desta quinta, segundo apurou o Estad�o .

As diretrizes foram elaboradas por cerca de 20 especialistas, de diferentes sociedades m�dicas. O Estad�o apurou ainda que o grupo n�o vai aceitar interfer�ncia pol�tica por mudan�as no documento, e os m�dicos v�o retirar seus nomes caso isso ocorra.

A Conitec � composta pelos sete secret�rios do Minist�rio da Sa�de, al�m de representantes do Conselho Federal de Medicina (CFM), Conselho Nacional de Sa�de (CNS), Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa), Ag�ncia Nacional de Sa�de (ANS), e de secretarias estaduais e municipais de sa�de. O coordenador, Carlos Carvalho, indicado por Queiroga, � cr�tico da cloroquina e defensor do distanciamento social e do uso de m�scaras.

A comiss�o � respons�vel por assessorar o minist�rio na decis�o de quais medicamentos e tratamentos que ser�o utilizados pelo SUS. Uma decis�o sobre os tratamentos medicamentosos para pacientes com covid deve ser conhecida at� o dia 26. Em maio, a Conitec j� havia reprovado o uso da cloroquina para pacientes hospitalizados.

O ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga, disse em depoimento � CPI, em junho, que esperaria uma decis�o da Conitec para se manifestar sobre a pertin�ncia ou n�o do uso do rem�dio. Nesta quinta, os senadores aprovaram a reconvoca��o de Queiroga. De volta ao Brasil ap�s duas semanas de quarentena em Nova York, ele se recusou a revelar se tomou hidroxicloroquina no per�odo, como incentiva Bolsonaro.

Queiroga vem sendo criticado por setores da base bolsonarista e no governo. A ala ideol�gica critica o ministro por ter liberado a vacina��o de adolescentes, por n�o agilizar um plano para desobrigar o uso de m�scaras e por n�o atuar de forma mais contundente para barrar o "passaporte da vacina" - ele pessoalmente sugeriu o modelo, em abril.

Procurado pelo Estad�o desde o in�cio da semana para comentar a reuni�o decisiva da Conitec, o minist�rio n�o se manifestou. Nesta quinta, em nota, informou apenas que o tema foi retirado de pauta pelo coordenador do grupo de especialistas que est� elaborando as diretrizes do tratamento ambulatorial em raz�o da "publica��o de novas evid�ncias cient�ficas dos medicamentos em an�lise". Ainda segundo o minist�rio, o documento "ser� aprimorado e vai ser pautado assim que finalizado".


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