Offshores s�o legais e foram declaradas, afirma Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta sexta-feira que n�o h� qualquer conflito de interesse na exist�ncia de recursos em seu nome numa offshore em Ilhas Virgens, um para�so fiscal, uma vez que ele saiu da gest�o da empresa e os recursos foram declarados �s autoridades competentes, como requer a lei. Foi a primeira vez que o ministro se manifestou publicamente sobre o caso desde a divulga��o do Pandora Papers pelo Cons�rcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), noticiados no Brasil pela revista Piau� e pelos portais Poder360 e Metr�poles .

Guedes participou nesta sexta-feira de um evento virtual promovido pelo Ita� por ocasi�o das reuni�es de primavera do Fundo Monet�rio Internacional (FMI). Como era voltado a investidores internacionais, o ministro da Economia falou em ingl�s.

Ele mesmo puxou o tema da offshore, ap�s dizer que o anfitri�o n�o havia mencionado o assunto "por eleg�ncia". At� ent�o, ele havia se manifestado apenas por meio da assessoria de imprensa do Minist�rio e por meio de advogados.

"As offshores s�o legais, foram declaradas, n�o houve movimenta��o para trazer dinheiro do exterior, nem envio de dinheiro para o exterior desde que eu enviei o dinheiro, em 2014 ou 2015", disse Guedes.

O ministro, que antes de assumir o cargo tinha participa��es em investimentos nas �reas de educa��o e sa�de, disse ainda que vendeu tudo pelo valor de investimento antes mesmo de poder colher os resultados, justamente para evitar qualquer conflito de interesse.

"Perdi muito dinheiro vindo aqui (governo), exatamente para evitar problemas. Tudo que estava nas minhas m�os eu vendi a pre�o de investimento. Perdi muito mais do que o valor dessa companhia que est� declarada no exterior. Ningu�m fez nada de errado. Qualquer dinheiro que esteja l� tem gestores independentes, em jurisdi��es que n�o t�m influ�ncia de minhas a��es", afirmou Guedes.

Pelos dados divulgados pelo ICIJ, Guedes possui desde 2014 uma offshore chamada Dreadnoughts International e depositou US$ 9,54 milh�es na conta da empresa. Segundo a Piau� , o ministro se manteve no controle direto da empresa mesmo depois de ingressar no governo - Guedes e sua defesa, por sua vez, afirmam que ele saiu da gest�o antes de assumir o Minist�rio.

O epis�dio levou o plen�rio da C�mara dos Deputados a aprovar, por 310 votos a 142, uma convoca��o de Guedes para prestar esclarecimentos. Por ser convoca��o, o ministro ter� de comparecer � audi�ncia, que ainda ter� a data definida. A aus�ncia sem justificativa seria crime de responsabilidade. A aprova��o do requerimento se deu com apoio at� mesmo de deputados governistas, numa Casa comandada por Arthur Lira (PP-AL), um dos principais aliados do presidente Jair Bolsonaro.

"N�o h� qualquer conflito de interesse. Tudo � claro, legal e declarado", insistiu Guedes. "O resto � s� barulho, e ficar� pior � medida que nos aproximamos da elei��o", afirmou o ministro, classificando as rea��es de "ataques pessoais".

Guedes contou ainda que possui um " blind trust ", tipo de fundo em que os ativos s�o administrados sem conhecimento do benefici�rio - que, neste caso, por ser ministro, tem acesso a dados sens�veis e poder de decis�o sobre os rumos da economia.

"Eu tenho um blind trust , n�o quero mencionar o banco, mas provavelmente voc� sabe muito bem o nome do banco, para investimentos neste pa�s. Um blind trust para investimentos dentro do pa�s", afirmou Guedes durante o evento do Ita�.