
Dona da maior fatia das men��es, a corrup��o “assombra” o debate dos brasileiros h� muito tempo. O tema ganhou for�a com esc�ndalos como o “Mensal�o” e o “Petrol�o”. Jair Bolsonaro (sem partido) foi eleito presidente sob a promessa de extirpar ilicitudes, mas seu governo est� no centro de investiga��es sobre irregularidades na compra de vacinas antiCOVID-19. O suposto desvio de verbas dos gabinetes de alguns de seus filhos tamb�m � alvo das autoridades.
“Existe, na cabe�a e na opini�o dos eleitores mineiros, (a percep��o) de que ainda h� alto grau de corrup��o e coisas erradas sendo feitas pela administra��o p�blica no Brasil. Em Minas Gerais, n�o tivemos esse n�mero de esc�ndalos que acometeram as administra��es federais nos �ltimos dez anos. Hoje, aqui, os problemas n�o passam tanto por esc�ndalos”, diz Matheus Dias, diretor do Instituto Opus.

Em solo mineiro, o problema da gera��o de empregos vai ao encontro das dificuldades econ�micas relatadas pelos entrevistados. Prova disso � que 74% dos participantes relataram diminui��o no consumo de carne vermelha — 84% dos que precisam ingerir menos alimentos do tipo ganham at� dois sal�rios m�nimos — fixado em R$ 1,1 mil — ao m�s. A queda na renda familiar atingiu 61% das pessoas e o aumento dos combust�veis fez 66% deixarem os ve�culos na garagem por mais tempo.
Segundo Matheus Dias, os cortes no consumo de carne e nos sal�rios, somados ao crescimento do custo da gasolina, s�o decisivos para colocar os problemas econ�micos no topo da dificuldade em n�vel estadual. “Tudo isso reflete na percep��o dos mineiros sobre a pr�pria capacidade financeira, a gera��o de empregos e outras quest�es (econ�micas)”.
Contas p�blicas
Na lista dos problemas de Minas Gerais, educa��o (7%) e pol�ticos (6%) aparecem com destaque. Quem tamb�m ganhou cartaz foi o d�ficit das contas p�blicas, mencionado por 5% dos entrevistados. A crise fiscal do estado impediu que os sal�rios do funcionalismo fossem pagos em dia entre janeiro de 2016 e julho deste ano. Agosto representou a volta do pagamento de todos os vencimentos na data correta, sem parcelamento.
O n�mero de alus�es aos problemas financeiros vividos por mineiros foi destacado pelo diretor do Instituto Opus. “O tema contas p�blicas n�o faz parte da rotina di�ria da grande maioria dos mineiros. Cinco por cento dos entrevistados falarem isso de maneira espont�nea mostra que existe amadurecimento desse debate, pelo menos no n�vel de administra��o estadual, e que as pessoas entendem a import�ncia disso”.
O governo de Romeu Zema (Novo) busca alternativas para minimizar a crise fiscal. No ano passado, conseguiu aprovar, na Assembleia Legislativa, uma reforma previdenci�ria. O texto, muito criticado por servidores e parlamentares de oposi��o pela retirada de direitos, previa, segundo c�lculos apresentados � �poca da apresenta��o da proposta, que a economia poderia ultrapassar R$ 32 bilh�es em 10 anos.
Agora, o poder Executivo busca a ades�o ao Regime de Recupera��o Fiscal (RRF) do governo federal. A entrada no programa tamb�m depende de aval do Legislativo. Enquanto o Pal�cio Tiradentes aposta no tema para resolver a d�vida com a Uni�o, que ultrapassa R$ 130 bilh�es, deputados antag�nicos a Zema temem o RRF pelas contrapartidas que podem “travar” pol�ticas p�blicas para �reas como sa�de e educa��o.
Rejei��o ao STF
Embora o brasileiro tenha testemunhado, nos �ltimos tempos, uma s�rie de ataques de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Corte foi apontada como o problema m�ximo do pa�s por apenas 1% dos entrevistados. O Judici�rio foi menos citado que t�picos a pandemia (3%) e o comportamento dos brasileiros (2%).
O levantamento foi feito de forma espont�nea, e os participantes puderam opinar livremente, sem op��es preestabelecidas pelos pesquisadores. A pesquisa Opus/EM entrevistou mil eleitores via liga��o telef�nica, espalhados por 273 cidades do estado. O levantamento foi feito entre 27 e 30 de setembro. A margem de erro � de 3,2%, e o intervalo de confian�a � de 95%.