A Pol�cia Civil do Distrito Federal entregou o relat�rio final da investiga��o aberta para apurar se a jornalista Patr�cia L�lis mentiu ao dizer que foi amea�ada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PLS-SP). A conclus�o foi que ela apresentou uma den�ncia falsa contra o filho do presidente. "Isso prejudica at� mesmo a causa das mulheres que s�o, de fato, v�timas de viol�ncia", afirmou a advogada Karina Kufa, que defende o deputado. "Muitas vezes a demora da apari��o da verdade pode prejudicar inocentes", acrescentou.
A acusa��o foi feita a partir de mensagens que teriam sido trocadas com Eduardo Bolsonaro em 2019, quando ela trabalhava no PSC, antigo partido do deputado. Segundo Patr�cia, o parlamentar publicou em uma rede social que os dois estavam namorando e, quando ela negou o relacionamento, ele teria dito que "iria acabar com a vida dela e que ela iria se arrepender de ter nascido". Uma per�cia feita nas conversas apontou "ind�cios de simula��o".
"Constatou-se, conforme Laudo Pericial, a exist�ncia de ind�cios de simula��o na conversa que conteriam as palavras amea�adoras atribu�das a Eduardo Bolsonaro, bem como pela impossibilidade de se afirmar que o autor de tais dizeres criminosos seria, de fato, o titular da linha telef�nica constante no cabe�alho das mensagens, no caso, o imputado", diz um trecho do relat�rio assinado pelo delegado Josu� da Silva Magalh�es.
Procurada pela reportagem, Patr�cia disse que n�o foi ouvida pelos policiais. Ela mora hoje nos Estados Unidos. Tamb�m contou que pediu uma per�cia nas mensagens pela Pol�cia Federal, sem sucesso. "Por meses e meses o processo ficou parado e s� come�ou a 'andar' (de forma que a todo momento favorecia Eduardo Bolsonaro) depois que Bolsonaro foi eleito", afirma.
Em um primeiro momento, a investiga��o buscou analisar se houve abuso do deputado, conforme a vers�o de Patr�cia. A den�ncia foi arquivada em 2019 pela Justi�a de Bras�lia, que considerou n�o haver provas suficientes para abrir uma a��o penal contra Eduardo Bolsonaro.
Na segunda etapa, os policiais puseram � prova a narrativa de Patr�cia, que passou de v�tima � investigada. O delegado afirma que ela cometeu o crime de denuncia��o caluniosa.
"Com base em todos os elementos de informa��o colhidos durante investiga��o, verificam-se a exist�ncia de autoria e materialidade delitiva que indicam que o indiciada praticou o crime de denuncia��o caluniosa, uma vez que, de maneira dolosa, imputou falso crime a Eduardo Nantes Bolsonaro, fato esse que deu ensejo a instaura��o de processo criminal contra quem a indiciada sabia ser inocente", afirma o relat�rio.
"Houve precipita��o do Minist�rio P�blico em apresentar den�ncia, sem provas, contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro, pouco antes das elei��es de 2018", afirma a advogada Karina Kufa. "As acusa��es estavam fundamentadas apenas em declara��es falsas da r� Patr�cia Lellis e em montagens de mensagens de celular. Isso causou danos � imagem do deputado, que mesmo sendo o parlamentar mais votado, perdeu votos com a acusa��o falsa. Isso prejudica at� mesmo a causa das mulheres que s�o, de fato, v�timas de viol�ncia. Precisamos ter cautela com as fake news que est�o servindo para respaldar a��es, inqu�ritos ou CPIs. Muitas vezes a demora da apari��o da verdade pode prejudicar inocentes", afirmou.
Patr�cia L�lis tamb�m se manifestou � reportagem. "A pol�cia nunca me escutou, nunca pegou meu depoimento sobre o caso. Quando eles me intimaram eu respondi � escriv� pedindo um prazo para que eu pudesse ir at� o Brasil prestar depoimento, o prazo n�o foi me dado e sequer respondido - isso durante o �pice da pandemia - queriam que eu fizesse tudo online, sem a presen�a de um advogado", afirma.
"Eu tinha feito o pedido para as conversas serem averiguadas por uma per�cia na Pol�cia Federal, surpreendente no processo o Eduardo se negou a entregar o celular para uma per�cia na Pol�cia Federal e contratou um perito particular, o Ricardo Molina. E Eduardo queria me obrigar judicialmente a entregar meu celular para um perito particular, que por quest�es l�gicas eu n�o vou entregar meu celular ao menos que seja diretamente para a Pol�cia Federal. Em um governo totalmente aparelhado e depois que tudo que j� passei, jamais confiaria em um perito particular contratado por Eduardo Bolsonaro, n�o entendo o por que a per�cia n�o pode ser feita por especialistas na Pol�cia Federal� Bom, a verdade � que a gente sabe muito bem o motivo", diz.
"Ap�s a amea�a, fiz uma ata notarial de todas as conversas, a ata foi feita por um perito em um cart�rio de Bras�lia e a pol�cia n�o quis aceitar o anexo da ata no inqu�rito. Se � a fam�lia Bolsonaro envolvida em algum tipo de crime, eles v�o fazer de tudo para n�o serem culpados ou investigados como deveriam. Quando eu fiz a den�ncia h� anos atr�s, por meses e meses o processo ficou parado e s� come�ou a "andar" (de forma que a todo momento favorecia Eduardo Bolsonaro) depois que Bolsonaro foi eleito", finalizou.
POL�TICA