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Estado de Minas POL�TICA

Na reta final, CPI exp�e dramas das v�timas da pandemia


18/10/2021 20:04

No dia em que o bate-boca pol�tico deu lugar � vida real na Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) da Covid, depoimentos de quem perdeu parentes pela doen�a provocaram emo��o na sala de sess�es do Senado onde durante seis meses opositores do governo e aliados do presidente Jair Bolsonaro se engalfinharam. Por tr�s horas e meia, nesta segunda-feira, 18, senadores ouviram relatos dram�ticos de homens e mulheres que viveram uma guerra, mas foram derrotados pelo coronav�rus.

Os depoimentos demonstraram a dor da impot�ncia diante da doen�a que j� tirou mais de 600 mil vidas no Pa�s. Em comum, todos apontaram a responsabilidade do governo Bolsonaro pela falta de vacinas, que levou o Brasil a uma situa��o de descontrole no combate � pandemia.

Giovanna Gomes Mendes da Silva, estudante de 19 anos, perdeu o pai e a m�e em apenas duas semanas e teve de virar chefe de fam�lia, cuidando da irm� oito anos mais nova que ela. "Eu, meus pais e minha irm� �ramos muito unidos. Quando meus pais faleceram, a gente perdeu as pessoas que a gente mais amava. A gente n�o perdeu s� os pais, a gente perdeu uma vida. Uma vida de alegria", disse ela, com a voz embargada.

Ao ouvir Giovanna contar que pediu a guarda da irm�, ap�s a morte dos pais, o int�rprete de Libras (L�ngua Brasileira de Sinais), que fazia a tradu��o daquele depoimento, chorou e foi substitu�do por um colega.

O taxista M�rcio Ant�nio do Nascimento Silva, que perdeu um filho para o coronav�rus, afirmou ter sentido "no cora��o" ao ouvir o presidente Jair Bolsonaro perguntar "E da�? Quer que eu fa�a o qu�?", em abril do ano passado, quando as mortes por covid haviam ultrapassado a marca de 5 mil.

"Eu escutei l� no meu cora��o: 'E da� que seu filho morreu?'. Isso me gerou muita raiva, muito �dio. Isso me fez muito mal", desabafou M�rcio Ant�nio. "Eu daria a minha vida para o meu filho ter chance de ter se vacinado. N�o tinha perspectiva de vacina ainda. Sabe, n�o tinha ainda m�scara", completou o taxista, que tamb�m viu a irm� morrer de covid.

A exemplo de M�rcio Ant�nio, a enfermeira Mayra Pires Lima, do Amazonas, perdeu a irm� para a doen�a. � CPI, Mayra lembrou o drama vivido com a escassez de equipamentos durante a crise de oxig�nio em Manaus, em janeiro deste ano. "Eu tinha um grande sonho de ajudar as grandes calamidades, conhecer outros pa�ses que precisam de ajuda e talvez atender pacientes em situa��es de guerra", afirmou. "Hoje eu falo que eu vivi uma guerra, porque atendi pacientes muitas vezes sem prote��o nenhuma, assim como os meus colegas da maternidade".

Leia os principais trechos dos depoimentos:

Giovanna Gomes Mendes da Silva: "Foi uma diferen�a de 14 dias do meu pai e da minha m�e. Quando meus pais faleceram, a gente n�o perdeu s� os pais, a gente perdeu uma vida. Uma vida de alegria. Eu, meus pais e minha irm�, n�s �ramos muito unidos, quem conhece sabe. Onde a gente estava, n�s est�vamos juntos. Ent�o, quando meus pais faleceram, a gente perdeu as coisas que a gente mais amava. Eu precisava da minha irm� e ela precisava de mim. Eu me apoiei nela, e ela se apoiou em mim".

M�rcio Ant�nio do Nascimento Silva: "O que que eu daria, meu Deus, na minha vida? O que eu daria na minha vida? Eu daria a minha vida para o meu filho ter chance de ter se vacinado. N�o tinha perspectiva de vacina ainda. Sabe, n�o tinha ainda m�scara. A� � outra reclama��o que eu fa�o, porque, at� hoje, eu n�o recebi do Minist�rio da Sa�de uma informa��o correta. Sabe? Eu tive que ter minhas informa��es atrav�s da imprensa, atrav�s de pessoas. Meu Deus, o que � isso? O Minist�rio da Sa�de... Eu n�o sei... Sabe, n�o me deram informa��o. Eles tinham que me dizer: "Voc� tem que usar m�scara, voc� tem que se vacinar". N�o � esse o protocolo? N�o � isso que a ci�ncia manda? Por que eles n�o falam? Entendeu?

Agora, outro caso tamb�m muito assim... � que d�i muito, d�i muito! Sabe, eu tenho que falar. N�o d� para ver um Ministro da Sa�de... Desculpe, Excel�ncia! Mas n�o d� para v�-lo dando risinho de deboche. N�o d� para ver deboche, porque n�s perdemos! Eu perdi um filho, n�o s� o filho. Minha irm� morreu no mesmo dia em que sua m�e... Minha irm� morreu no mesmo dia da m�e dela, no dia 26 de abril de 2021. Um ano depois do meu filho, ela n�o tinha se vacinado ainda, tendo vacina. E a� a gente descobre que as vacinas n�o chegaram".

Mayra Pires Lima: "A minha irm� deixou quatro crian�as, entre elas um casal de g�meos, que fizeram, no dia 8 de outubro, um ano. S� em Manaus n�s temos mais de 80 �rf�os da covid. S� na minha fam�lia s�o quatro. O que est� se fazendo pelos �rf�os das v�timas?"

Katia Shirlene Castilho dos Santos: "N�o s�o s� n�meros. S�o pessoas, s�o vidas, s�o sonhos, s�o hist�rias que foram encerradas por neglig�ncias, por tantas neglig�ncias e n�s queremos justi�a. O sangue dessas mais de 600 mil v�timas escorre nas m�os de cada um que subestimou esse v�rus. A vacina � a �nica solu��o para vencermos". (Ela perdeu pai e m�e. Acompanhou a m�e em sua interna��o na Prevent Senior, em S�o Paulo, e o tratamento recebido pelo kit covid).

Rosane Maria dos Santos Brand�o: "Eu costumo dizer que ele (marido) foi assassinado. Os primeiros sintomas, o Bola teve no dia 11 de abril; foi hospitalizado no dia 16, e esse foi o �ltimo dia em que eu vi o meu companheiro de 21 anos de vida juntos. Ele morreu no dia 26 de abril (de 2021)".

Arquivaldo Le�o Leite: "N�s fomos, em v�rios momentos, hostilizados por setores da sociedade que eram levados pela lideran�a presidencial". (Ele perdeu dois primos, um tio e um irm�o para o coronav�rus. Afirmou ter sido hostilizado por seguir medidas de isolamento social).


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