
No entanto, na vis�o do cientista pol�tico Andr� Rosa, a quantidade de concorrentes n�o representa necessariamente um risco ao projeto de reelei��o do presidente Jair Bolsonaro, por provocar a pulveriza��o de candidaturas e a dificuldade de coaliz�o. Ele aponta que Pacheco ainda n�o � um nome consolidado nacionalmente e caso Moro decida concorrer, ainda enfrenta o maior representante da direita, fiel a Bolsonaro.
“N�o acho que a terceira via seja uma amea�a neste momento. Nenhum dos candidatos est� consolidado em rela��o a Lula e Bolsonaro. Pelo contr�rio, d� um pouco mais de combust�vel, pois divide os votos e d� tranquilidade para os dois seguirem na polariza��o.” Andr� Rosa explica que a tend�ncia dos partidos � lan�ar v�rios postulantes para servir como uma esp�cie de term�metro pol�tico eleitoral. No entanto, se houver uma converg�ncia em torno de um nome, isso dever� ocorrer a partir de abril.

“Teremos uma visualiza��o melhor desse quadro a partir do ano que vem. Mas se n�o se entenderem, melhor para Bolsonaro e Lula. At� l�, ainda est� indefinido, mas a sociedade n�o tem conhecimento sobre Pacheco, que � conhecido regionalmente, em Minas Gerais. Mas essa movimenta��o vai servir como base de sustenta��o para ele decidir se tentar� a reelei��o no Senado ou escolher� voos maiores, como na presid�ncia. � a constru��o de uma persona eleitoral”, observou. O especialista ressalta ainda que tamb�m n�o v� possibilidade para Moro no quadro atual. “S� se Bolsonaro sa�sse”, apontou.
Outra linha de a��o contra Bolsonaro e Lula, a defini��o do pr�-candidato do PSDB deve ser tomada em novembro nas pr�vias da agremia��o. O PSDB � for�a fundamental que move o espectro de centro, composto por nove legendas. Dif�cil ainda contar com o PDT, uma vez que Ciro Gomes segue irredut�vel em sua campanha ao Pal�cio do Planalto. Em seu primeiro mandato como senador, Alessandro Vieira, do Cidadania, se tornou pr�-candidato da sigla, com o destaque que conquistou na CPI da COVID. � tamb�m fervoroso cr�tico do presidente.
Indefinido
O Podemos prepara solenidade em Bras�lia, S�o Paulo e Curitiba para receber a filia��o, em 10 de novembro, do ex-ministro da Justi�ca Sergio Moro. Por�m, a pretens�o do ex-juiz da Opera��o Lava-Jato n�o est� clara — n�o se sabe se ele � pr�-candidato � Presid�ncia da Rep�blica, como v�m destacando as pesquisas de opini�o, ou se tentar� uma cadeira no Poder Legislativo.

O Podemos deseja que ele lidere o projeto eleitoral de terceira via contra o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva. Mas Moro tamb�m tem no radar a possibilidade de concorrer a uma vaga no Senado, caso n�o deseje entrar na disputa pelo Planalto. Nesse caso, ele poderia se candidatar pelo Paran� ou por S�o Paulo. (Colaboraram Cristiane Noberto e Luana Patriolino).
Base de apoio � quest�o complexa para as siglas
Na avalia��o do cientista pol�tico Leonardo Queiroz Leite, doutor em administra��o p�blica e governo pela Funda��o Getulio Vargas de S�o Paulo (FGV-SP), o ex-ministro n�o se ajuda muito como candidato. “Moro tem dado sinais contradit�rios sobre a sua candidatura. N�o assume dizer que � candidato, mas tamb�m n�o nega”, observa, dando a entender que, caso decida entrar na corrida ao Planalto, o ex-juiz ter� dificuldades em construir coliga��es.
“Quem se aliaria a Moro? Quem seria base de apoio?”, indaga. Para o cientista pol�tico Cristiano Noronha, da Arko Advice, apesar das dificuldades, Moro ainda tem simpatia de parte do eleitorado. “O nome dele ganhou uma proje��o nacional, ent�o, � natural que a candidatura seja forte. Mas tem alguns problemas: o primeiro � o eleitorado consolidado de Lula e de Bolsonaro. O segundo � que tem muitos nomes se colocando como alternativa, como o Ciro Gomes e Rodrigo Pacheco, sem falar da fus�o do DEM com o PSL, no Uni�o Brasil”, explicou.
Pavimenta��o
Moro come�ou a pavimentar a candidatura a um cargo eletivo em setembro, quando veio ao Brasil para tratar da possibilidade de participar da disputa eleitoral. O primeiro contato foi com a c�pula do Podemos, em Curitiba, numa reuni�o na casa do senador Oriovisto Guimar�es (Podemos-PR), com a presen�a da presidente nacional do partido, a deputada federal Renata Abreu, e dos senadores �lvaro Dias e Fl�vio Arns. Em S�o Paulo, Moro tamb�m se encontrou com outros dois nomes da chamada terceira via. Num jantar, se reuniu com o governador de S�o Paulo, Jo�o Doria, e com o ex-ministro da Sa�de Luiz Henrique Mandetta.
Na mais recente sondagem do IPeC Pesquisas, em 22 de setembro, Moro foi inclu�do apenas em um dos cen�rios, que tem mais nomes que correm tamb�m no campo da terceira via. Nessa faixa, ele aparece com 5%, atr�s de Lula (45%, PT), Bolsonaro (22%, sem partido) e Ciro Gomes (6%, PDT), mas � frente de Jos� Luiz Datena (3%, PSL) e Doria (2%, PSDB). Apesar do desgaste de Moro — foi declarado parcial pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento de Lula e acumula o �nus da passagem turbulenta pelo Minist�rio da Justi�a —, para o Podemos ele pode se converter na melhor op��o contra a polariza��o, pois est� claramente em oposi��o a Bolsonaro e ao petista.