Romper a polariza��o e impedir que o Brasil siga o exemplo da Argentina � a preocupa��o que generais do Ex�rcito exp�em, atualmente, aos seus interlocutores. Ap�s o voto majorit�rio para Jair Bolsonaro, em 2018, os generais defendem a necessidade de consolidar uma candidatura da terceira via, pois acreditam que a vit�ria de um dos candidatos que encarnam a polariza��o - Luiz In�cio Lula da Silva ou Bolsonaro - estenderia por mais um ou dois mandatos um cen�rio de conflitos, com a piora do ambiente pol�tico.
Acrescentar ao antipetismo o abandono da aposta em Bolsonaro � um cen�rio que ganha cada vez mais adeptos na caserna. Essa � a an�lise da maioria dos generais da ativa e da reserva consultados nas duas �ltimas semanas pelo
Estad�o
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O exemplo argentino, onde, na avalia��o militar, governos de esquerda e de direita se sucedem, destruindo o que antecessores fizeram, � citado para descrever o que pode acontecer no Brasil, com paralisia econ�mica e decad�ncia social. Os generais veem o Pa�s como uma na��o de moderados, apesar da visibilidade dos "extremos".
A maioria dos generais ouvidos participou dos governos de Michel Temer e de Bolsonaro. Dois aceitaram fazer declara��es p�blicas: os generais Carlos Alberto Santos Cruz e Francisco Mamede de Brito Filho. O primeiro ocupou a Secretaria de Governo em 2019, no mesmo per�odo em que Brito Filho trabalhou na Educa��o. "Romper a polariza��o atual � importante para que o Pa�s possa reconquistar um n�vel m�nimo de consenso pol�tico e de di�logo social, que s�o essenciais ao desenvolvimento nacional e ao bom funcionamento de qualquer democracia", disse Brito. Para ele, � preciso conter o "sentimento de �dio que vem desumanizando a sociedade".
Santos Cruz � parte da esperan�a militar na terceira via. Ele afirma ser preciso "afastar as duas op��es que j� tiveram sua oportunidade". "E deu no que deu." Para ele, uma foi marcada por esc�ndalos, corrup��o, demagogia e pela "destrui��o da democracia com o mensal�o". A outra se caracterizaria pelo "despreparo, desrespeito pessoal, funcional e institucional, ignor�ncia, bo�alidade, irresponsabilidade, desinforma��o, manipula��o da opini�o p�blica, falta de lideran�a e por destruir a democracia com um 'mensal�o de �ltima gera��o', o tal or�amento secreto".
Cruz repete os colegas ao dizer ser necess�rio um "outro governante que restaure o respeito, a honestidade, o combate � corrup��o e a uni�o nacional". "� preciso interromper o acesso ao poder de um bando viciado em dinheiro p�blico."
Os militares escutam cr�ticas � a��o de colegas no governo, como dos generais Eduardo Pazuello, que ocupou a Sa�de, e Rocha Paiva, na Comiss�o de Anistia. O Ex�rcito quer se dissociar do governo e do desastre da gest�o da pandemia. N�o esquece epis�dios, como a participa��o de Pazuello em um com�cio e a demiss�o do comandante Edson Pujol. Seu substituto, o general Paulo S�rgio de Oliveira, evita entrevistas para n�o criar atritos.
Mesmo assim, muitos ainda apoiam Bolsonaro. "� preciso admitir que o apelo de cunho demag�gico a ideias conservadoras por parte do atual governo, aliado � pol�tica de distribui��o de benesses e cargos a uma numerosa parcela de militares (mais de 6 mil) e parentes de militares, tem conseguido cooptar um segmento significativo de seguidores no �mbito da fam�lia militar", disse Brito.
Ele resume o pensamento dos colegas para 2022. "Cabe a todos os comandantes, em todos os n�veis, e n�o apenas os das For�as Armadas, mas os de todas as for�as de seguran�a do Pa�s, garantir a condu��o do processo eleitoral pelas institui��es democr�ticas e a subsequente posse do candidato eleito democraticamente."
Dissociar-se de Bolsonaro surge como necessidade para quem apoiou o governo e pensou que seria poss�vel controlar o presidente. Embora ainda haja quem diga que, se � ruim com ele, pior seria sem, diante da perspectiva de uma reelei��o dif�cil, cada vez mais militares lembram que Bolsonaro � apenas um capit�o. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
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