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Estado de Minas POL�TICA

PF lan�a delegado brasileiro a vice-presidente de comit� da Interpol


20/11/2021 12:00

Quase um s�culo ap�s sua cria��o, a Organiza��o Internacional de Pol�cia Criminal (Interpol) pode ter pela primeira vez um representante brasileiro na vice-presid�ncia do Comit� Executivo. O delegado de Pol�cia Federal Valdecy Urquiza J�nior disputa a vaga com candidatos da Col�mbia e de Trinidade e Tobago.

A elei��o est� marcada para a pr�xima quarta-feira, 25, quando representantes dos pa�ses-membro v�o se reunir pela primeira vez desde o in�cio da pandemia em Istambul, na Turquia, para participar de uma vers�o encurtada da Assembleia Geral - que, em condi��es normais, � convocada anualmente.

Ao todo, 194 na��es integram hoje a Interpol em um esfor�o coletivo para oferecer resist�ncia a crimes transnacionais. Sem uma perspectiva concreta para o fim da crise sanit�ria, alguns pa�ses decidiram n�o enviar delega��es ao evento, o que deve reduzir o universo de participantes a 160 na��es, aumentando o peso de cada voto.

O Comit� Executivo da Interpol � respons�vel por indicar, a cada cinco anos, o secret�rio-geral da organiza��o. H� tamb�m outras atribui��es estrat�gicas, como a defini��o do or�amento, das metas a serem priorizadas a cada gest�o e das diretrizes de fiscaliza��o das atividades. A perspectiva de participar das tomadas de decis�o faz com que, tradicionalmente, as vagas sejam disputadas at� a v�spera da vota��o. As elei��es deste ano acontecem em meio a uma demanda crescente por maior diversidade geogr�fica nos cargos de tomada de decis�o.

"De fato, o poder da organiza��o vem desse conselho. Isso porque todos os pa�ses participam da organiza��o em um esp�rito de coopera��o multilateral, mas evidentemente que cada um tem sua agenda priorit�ria", explica o delegado Valdecy Urquiza J�nior em entrevista ao Estad�o. "Hoje ainda h� uma concentra��o, nos cargos de dire��o da organiza��o, de pa�ses da Europa. O Comit� Executivo traz a possibilidade de o Brasil influenciar mais nas decis�es pensando em seus interesses nacionais e regionais", acrescenta o candidato brasileiro.

Urquiza disputa a vaga de vice-presidente das Am�ricas para um mandato de tr�s anos. O Comit� tem ainda vice-presidentes oriundos da �sia, �frica e Europa, al�m de delegados para cada regi�o do globo e de um presidente que comanda o colegiado.

Embora a articula��o para angariar apoio em torno da candidatura do delegado tenha sido iniciada com anteced�ncia, h� pouca margem para prever o resultado da vota��o. Isso porque, at� o dia que antecede a elei��o, os pa�ses ainda podem colocar novos nomes na disputa. Fora o fator surpresa, outro aspecto que dificulta progn�sticos � a defini��o de alian�as estrat�gicas pessoalmente, nos primeiros dias da Assembleia Geral, quando representantes dos pa�ses sentam � mesa em sucessivas reuni�es bilaterais.

"Nesse term�metro das bilaterais � que a gente consegue de fato sentir o volume de apoio. A impress�o que n�s temos at� agora � que a candidatura � robusta e vi�vel, mas pela experi�ncia de elei��es anteriores, a gente s� consegue saber no curso da Assembleia. � um ambiente muito vol�til", avalia Urquiza.

Entre os pares, o delegado � visto como algu�m que tem uma �vis�o global� do trabalho das pol�cias. Al�m de ter comandado o escrit�rio central da Interpol no Brasil, entre 2015 e 2018, tamb�m liderou uma equipe de 60 policiais, de diferentes nacionalidades e espalhados em seis pa�ses, enquanto chefiou a Diretoria de Crime Organizado na Interpol em Lyon, na Fran�a, at� dois meses atr�s.

"Esses trabalhos deram uma proje��o n�o s� ao Brasil, mas tamb�m a mim enquanto delegado de Pol�cia Federal. A experi�ncia em Lyon fez com que eu mantivesse, ao longo desse per�odo todo, uma articula��o muito forte com os diversos pa�ses que s�o membros da organiza��o", afirma.

Desde 2018, o Brasil � representado no Comit� Executivo pelo delegado de Pol�cia Federal Rog�rio Galloro no posto de delegado para as Am�ricas. O fim mandato, no entanto, coincide com as elei��es na pr�xima Assembleia Geral. A PF apostou na candidatura de Urquiza como uma estrat�gica para manter a participa��o do Pa�s no conselho.

Leia a entrevista completa com o delegado Valdecy Urquiza J�nior:


Como o nome do Sr. foi escolhido? � uma escolha do diretor-geral da Pol�cia Federal?

Qualquer pa�s pode apresentar candidatura estabelecidos alguns crit�rios. O Brasil pode concorrer, no Comit� Executivo, �s vagas que s�o destinadas a representantes dos pa�ses Am�ricas. Essas vagas s�o: uma vaga de vice-presidente e duas vagas de delegados. S�o tr�s postos para cada regi�o do globo. A decis�o de aplicar uma candidatura e, aplicando a candidatura, quem ser� o candidato � uma decis�o do pa�s. No caso do Brasil, foi uma decis�o tomada em conjunto pela Pol�cia Federal, Minist�rio da Justica e Minist�rio de Rela��es Exteriores. Os crit�rios analisados para essa escolhas s�o a capacidade de exercer as atribui��es do cargo uma vez eleito e, evidentemente, aquele nome que puder agregar mais apoio de outros pa�ses em torno da sua candidatura. Essa decis�o foi tomada aqui na Pol�cia Federal, depois de uma an�lise entre v�rios potenciais candidatos, basicamente considerando a experi�ncia que eu tive desde 2014 � frente das diversas �reas de coopera��o internacional da Pol�cia Federal e junto � pr�pria Interpol. O processo de escolha foi desenvolvido ao longo desse ano todo.

Por que � importante para o Brasil ocupar esse cargo? De onde vem essa avalia��o de que o Pa�s deveria concorrer esse ano?

Ao longo das �ltimas duas d�cadas, os crimes passam a ser cada vez mais transnacionais e exigem que a produ��o de prova seja realizada em mais um pa�s. Ano ap�s ano, o trabalho de coopera��o policial internacional ganha mais relev�ncia. A Interpol foi criada, em 1923, pensando s� em fugitivos. Hoje basicamente qualquer tipo de delito � transnacional e exige atividade internacional para elucida��o do fato. A Pol�cia Federal vem expandindo nos �ltimos anos a atua��o nessa �rea para garantir que nossas investiga��es continuem eficazes. O Brasil faz parte de algumas plataformas regionais, como Europol e Ameripol. H� tamb�m plataformas pr�prias da Pol�cia, como seus adidos no exterior. Mas h� uma �nica plataforma global de fato que � a Interpol. O diferencial � que, desde a sua constitui��o, a Interpol mant�m o mandato legal de armazenar e compartilhar informa��es de natureza criminal. Al�m da troca sistematizada de informa��es, voc� consegue a uni�o de esfor�os em torno de interesses regionais ou at� mesmo nacionais. A� come�a a discuss�o da import�ncia de aplicar para uma vaga. A organiza��o � dirigida por um grupo de diretores, o bra�o executivo, liderados por um secret�rio-geral. Por outro lado, h� o bra�o de governan�a, que � o Comit� Executivo, uma esp�cie de conselho de administra��o com atribui��es estrat�gicas, como a defini��o de or�amento, prioriza��o e fiscaliza��o das atividades, indica��o e manuten��o do secret�rio. Tradicionalmente esse comit� sempre foi muito disputado por todas as na��es. De fato, o poder da organiza��o vem desse conselho. Isso porque todos os pa�ses participam da organiza��o em um esp�rito de coopera��o multilateral, mas evidentemente que cada um tem sua agenda priorit�ria. Nosso interesse � participar da tomada de decis�es estrat�gicas. Hoje ainda h� uma concentra��o, nos cargos de dire��o da organiza��o, de pa�ses da Europa. O Comit� Executivo traz a possibilidade de o Brasil influenciar mais nas decis�es pensando em seus interesses nacionais e regionais.

Qual fun��o efetiva que desempenha o vice-presidente da Interpol?

O vice-presidente � a voz final para a regi�o. O representante da regi�o, de fato, n�o s� nas reuni�es do comit�, mas para as diversas a��es da organiza��o, � de fato o vice-presidente. Tamb�m � o respons�vel por promover a articula��o dos pa�ses da regi�o, principalmente por meio das reuni�es bianuais com todos os chefes de Pol�cia das Am�ricas, presididas pelo vice-presidente. � o momento em que s�o preparados os temas que a regi�o quer dar encaminhamento na Assembleia Geral.

O Sr. foi chefe do Escrit�rio Central da Interpol no Brasil (2015-2018) e diretor de crime organizado da Interpol em Lyon, na Fran�a (2018-2021). Como foi esse trabalho anterior na organiza��o?


Esses trabalhos deram uma proje��o n�o s� ao Brasil, mas tamb�m a mim enquanto delegado de Pol�cia Federal. A experi�ncia em Lyon fez com que eu mantivesse, ao longo desse per�odo todo, uma articula��o muito forte com os diversos pa�ses que s�o membros da organiza��o. Na chefia do escrit�rio da Interpol no Brasil, n�s iniciamos a estrat�gia de robustecer nossa atua��o internacional e reestruturar nossa atividade na Interpol. Disso resultou a restaura��o do nosso grupo de capturas internacionais. Em 2015, chegamos a bater o recorde hist�rico da localiza��o de foragidos internacionais do exterior no Brasil. Tivemos ainda uma reestrutura��o da nossa atividade operacional, para fortalecer o desenvolvimento de opera��es conjuntas com outros pa�ses. Passamos a focar tamb�m na qualidade do uso dos dados criminais mantidos pela Interpol, alimentando de forma mais sistematizada e consumindo melhor esses bancos de dados. Um exemplo: passamos cruzar, em tempo real, todo o nosso controle migrat�rio e toda a lista de passageiros de voos internacionais com os bancos de dados da Interpol. N�s institu�mos tamb�m a utiliza��o do banco de dados para rastreamento de armas. Outra iniciativa foi a inclus�o de informa��es de ve�culos roubados do Brasil que possam ter sido desviados para outros pa�ses. Passamos a usar tamb�m mais os dados de biometria na identifica��o n�o s� de fugitivos, mas tamb�m de pessoas desaparecidas, e a enviar especialistas em identifica��o facial e biometria para trabalhar na Interpol construindo metodologias e aprendendo novas t�cnicas. Outra iniciativa foi a nossa entrada oficial, em 2015, no complexo global de inova��o tecnol�gica da Interpol em Singapura, que � o maior centro global de inova��o policial do mundo. Esse foi o trabalho desenvolvido ao longo de quase quatro anos e, por conta dele, a Interpol convidou o Brasil, pela primeira vez, para participar do processo seletivo para uma vaga de dire��o. Nessa posi��o em Lyon, me coube definir e implementar a estrat�gia global da organiza��o na �rea de crime organizado, com foco mais espec�fico em um programa priorit�rio para comunidades vulner�veis e um componente muito forte tamb�m da parte de crimes financeiros e cibern�ticos. Esse trabalho envolvia tanto atividades estrat�gicas quanto operacionais. Paralelo a isso, cabia tamb�m a lideran�a de um esfor�o na atividade de identifica��o de v�timas de explora��o sexual infantil.

O Sr. calcula que sua candidatura tem apoio de quais pa�ses? A PF tem dialogado com representantes de outras delega��es?

Na manh� de quinta-feira, dia 25, l� em Istambul eles v�o abrir a vota��o para escolha do presidente do Comit� Executivo e dos representantes de cada regi�o. At� o dia anterior, h� possibilidade dos pa�ses apresentarem novas candidaturas. O que a gente tem de mais claro hoje s�o as candidaturas oficialmente postas (Col�mbia e Trindade e Tobago), mas n�o � incomum que na abertura da Assembleia outras delega��es apresentem nomes para a disputa. Evidentemente que eles n�o t�m o mesmo peso de uma candidatura que vem sendo trabalhada de forma estruturada, mas � um fator que que torna dif�cil fazer previs�es. Dos 194 pa�ses membros, h� uma expectativa de presen�a de cerca de 160 delega��es, cada uma delas tem um voto. Esse voto � influenciado por alguns fatores: as caracter�sticas t�cnicas e pessoais de cada candidato; o trabalho diplom�tico constru�do em torno daquela candidatura, desenvolvido em conjunto pela Pol�cia Federal e o Minist�rio de Rela��es Exteriores; e o hist�rico de rela��es de coopera��o entre as pol�cias dos pa�ses. � o conjunto desses fatores que vai definir a massa de votos. No dia anterior � vota��o � reservado um momento para cada um dos candidatos apresentar um discurso ao plen�rio, que tamb�m costuma influenciar a escolha daqueles pa�ses que ainda n�o definiram o voto at� o �ltimo instante. De modo que, para ter um panorama mais espec�fico, � preciso aguardar o andamento da Assembleia Geral. Durante o evento, � feito um trabalho de reuni�es bilaterais constantes. Esse ano, como a Assembleia foi reduzida, os pa�ses resolveram iniciar esses trabalhos antes do evento, no domingo, para manter a possibilidade do volume esperado de reuni�es. Elas servem para discutir assuntos diversos, inclusive as possibilidades de apoio ainda n�o-declarados para as candidaturas. Nesse term�metro das bilaterais � que a gente consegue de fato sentir o volume de apoio. A impress�o que n�s temos at� agora � que a candidatura � robusta e vi�vel, mas pela experi�ncia de elei��es anteriores, a gente s� consegue saber no curso da Assembleia. � um ambiente muito vol�til.

Qual ser� a composi��o da delega��o enviada pelo Brasil para participar da Assembleia? Al�m do diretor-geral, os ministros da Justi�a e das Rela��es Exteriores v�o ao evento?

No passado, a gente j� teve presen�a de ministros de Estado. Depende da agenda tamb�m. Esse ano quem vai liderar a delega��o � o diretor-geral da Pol�cia Federal. � o esperado, independente da candidatura, porque � o mais relevante evento de discuss�o estrat�gica para as pol�cias. � um evento que dificilmente � perdido por algum chefe de organiza��o policial. Tamb�m � quase obrigat�ria a presen�a do chefe do escrit�rio da Interpol em cada pa�s para discuss�es de ordem t�cnica, que n�o raro s� podem ser travadas pessoalmente. Outra presen�a esperada � do coordenador de coopera��o internacional para reuni�es bilaterais que discutem, por exemplo, o estabelecimento de miss�es diplom�ticas policiais e o fortalecimento de posi��es nos diversas organismos regionais. Eu estarei presente, como candidato, uma vez que o candidato s� pode ser votado se comparecer na Assembleia. H� ainda t�cnicos designados para conduzir apresenta��es em pain�is. Via de regra, a Pol�cia Federal tamb�m sempre convida o Minist�rio de Rela��es Exteriores para participar e � esperada a presen�a deles na delega��o, principalmente porque estamos no processo de elei��o, a participa��o deles � ainda mais relevante.


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