Com 350 mil advogados inscritos no Estado, a OAB-SP, maior seccional do Pa�s, � um universo que rejeita partidariza��o da entidade, mas convive com a disputa dissimulada de lideran�as pol�ticas por espa�os de proje��o na entidade.
A elei��o para a seccional paulista da Ordem ocorre nesta quinta-feira, 25. Durante a campanha, aliados dos candidatos trocaram "acusa��es" sobre os apoios de pol�ticos e liga��es partid�rias. Os postulantes costumam fugir do assunto quando questionados sobre a rela��o com o mundo pol�tico.
Apesar de ser apontado pelos advers�rios como "conservador", o candidato da situa��o, Caio Augusto, tem apoio de petistas e de advogados do PC do B para se reeleger, embora nenhuma das duas siglas tenha anunciado apoio formal. "Ele (Caio) abriu espa�os para todas ideologias e n�o s� para os grandes escrit�rios. � poss�vel atuar na ordem sem misturar as esta��es", disse o advogado da �rea civil Arnobio Rocha.
Filiado ao PT, Rocha � vice-presidente da Comiss�o de Direitos Humanos da OAB-SP, um �rg�o visado por partidos de esquerda. "A gente representa a advocacia, e n�o o partido", afirmou.
A candidatura de Dora Cavalcanti, advogada criminalista que atuou na defesa de acusados na Lava Jato, re�ne petistas de destaque. Ela conta com apoio de advogados como Luiz Eduardo Greenhalgh, Jos� Eduardo Martins Cardozo e Marco Aur�lio Carvalho. Boa parte do conselho da campanha de Dora � do grupo Prerrogativas, integrado por "progressistas" e "antilavajatistas".
Apesar do grande n�mero de nomes ligados ao PT no entorno de Dora, o ex - coordenador do setorial jur�dico dalegenda, Marco Aur�lio Carvalho, classifica como "inoportuna, indesej�vel e inconveniente" a participa��o de partidos pol�ticos na OAB. "N�o temos apoio de nenhum partido pol�tico. Quem acompanhou a campanha da Ordem sabe que recebemos apoios de todas os matizes. Posso citar os ex-ministros da Justi�a, Jos� Carlos Dias, Miguel Reali J�nior e Jos� Eduardo Cardoso."
J� Patr�cia Vanzolini tem o apoio de Marcos da Costa (PTB), que foi candidato a vice-prefeito em 2020, na chapa de Celso Russomanno.
"Nosso partido � a advocacia paulista. Nossa chapa � resultado do Movimento 133, criado por n�s para trazer a pauta de renova��o pol�tica para a OAB. Queremos inserir a OAB no debate da renova��o pol�tica, mas por caminhos pr�prios", disse Patr�cia.
PSL
J� o advogado Alfredo Scaff recebeu a ades�o de advogados bolsonaristas durante a campanha - Carla Zambelli e Coronel Tadeu, ambos do PSL. "O fato de eu ter apoio de pessoas que apoiam o Bolsonaro n�o significa que sou bolsonarista", defendeu-se o candidato.
Procurado, Caio Augusto negou que sua chapa tenha qualquer tipo de influ�ncia partid�ria. "Somos uma chapa de 176 pessoas. Provavelmente deve haver pessoas filiadas a algum partido, mas n�o sei quantas pessoas seriam, pois essa nunca foi uma quest�o de car�ter decis�rio para compor ou n�o a chapa. O que n�o admitimos � que, enquanto membro eleito, se fa�a qualquer tipo de ativismo partid�rio dentro da gest�o", argumentou.
Lava Jato
Tr�s dos cinco candidatos � presid�ncia da OAB-SP criticaram a Opera��o Lava Jato e defenderam uma entidade apartid�ria em entrevista simult�nea promovida ontem pelo Estad�o. Para Dora Cavalcanti, M�rio de Oliveira Filho e Patr�cia Vanzolini, a opera��o violou prerrogativas da classe. Somente o candidato Alfredo Scaff preferiu n�o comentar sobre o assunto. Convidado, o atual presidente da entidade, Caio Augusto Silva dos Santos, n�o participou do debate com a justificativa de que estava em outros compromissos de campanha.
A advogada criminalista Patr�cia Vanzolini disse que a condu��o do processo causou um "efeito nefasto" para a pr�pria opera��o.
M�rio Filho citou diretamente o ex-juiz Sergio Moro, pr�-candidato � Presid�ncia da Rep�blica, e o ex-procurador Deltan Dallagnol, que deixou o cargo no Minist�rio P�blico. "Elegeram um alvo e para alcan�ar esse alvo pouco importou o que se fizesse quanto �s regras processuais", afirmou. J� Dora Cavalcanti disse que na Lava Jato as regras da Constitui��o Federal foram levadas ao limite. "E depois esse p�ndulo retornou", disse. Alfredo Scaff foi o �nico candidato que n�o quis comentar a opera��o por "preferir olhar para o futuro". "� uma quest�o processual penal j� decidida pelo Supremo".
Dora Cavalcanti afirmou tamb�m que a OAB deve ser apartid�ria, mas que deve estar atenta para a defesa da democracia. "Sempre que temas que atentam contra a democracia vierem, pelo nosso juramento, a OAB tem que estar aberta ao debate". Mario Filho se baseou no juramento da classe e disse n�o admitir qualquer "subvers�o da democracia, do estado democr�tico de direito e dos direitos humanos".
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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