Assediada por partidos da esquerda � centro-direita para ser candidata a vice-presidente nas elei��es de 2022, a empres�ria Luiza Trajano explicou nesta sexta-feira, 10, por que n�o pretende compor chapa com nenhum pol�tico. "O duro � que, para ser vice, voc� tem de aguentar o que o outro faz", afirmou ela, abrindo um sorriso. "N�o d�".
Luiza j� foi sondada por emiss�rios do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), do governador de S�o Paulo Jo�o Doria (PSDB) e do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), entre outros. Todos querem t�-la como vice de chapas ao Pal�cio do Planalto. Ela sempre recusou, embora diga que nunca recebeu um convite formal.
Ao participar nesta sexta-feira do semin�rio "Por Estas e por Outras - A Justi�a pelo Olhar de Mulheres", idealizado pela ministra C�rmen L�cia, do Supremo Tribunal Federal (STF), a dona do Magazine Luiza chamou a aten��o ao se definir como "pol�tica nata", disposta a pressionar os Poderes. "N�o � para ficar teorizando, n�o. � para fazer acontecer", apelou a empres�ria, no Dia Internacional dos Direitos Humanos.
A plateia riu quando ela disse que mulheres s�o cada vez mais procuradas no per�odo eleitoral, mas sempre para fazer dobradinha com um homem e ocupar a vaga de vice. Nunca para liderar as chapas. "E eu n�o sou candidata, j� estou avisando", repetiu.
Escolhida como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time, Luiza fez quest�o de destacar que n�o � nem de esquerda nem de direita. "Eu sou ca�tica", definiu. Em sua exposi��o no Supremo, ela defendeu a continuidade da pol�tica de cotas para negros, citou resultados dos movimentos Unidos pela Vacina e Mulheres do Brasil e elogiou o Bolsa Fam�lia, institu�do no governo Lula e substitu�do agora pelo Aux�lio Brasil.
"Tem uns que falam 'Voc� � PT, voc� � n�o sei o qu�'. Nunca fui filiada a nenhum partido, mas, se o PT estiver fazendo alguma coisa...", afirmou ela, sem completar a frase. Continuou em seguida, lembrando suas viagens pelo Nordeste. "Eu vou para o sert�o h� oito anos. A Bolsa Fam�lia salvou l�. Como � que n�o vou ser a favor da Bolsa Fam�lia?", perguntou.
Ao comentar que sempre acompanha as redes sociais, Luiza observou que, quando aparece elogiando o programa social, � classificada como "de esquerda". "A�, quando eu sou a favor da privatiza��o, dos Correios, de qualquer coisa, eu sou direita. Esse � o pre�o que a gente paga por se expor", descreveu.
A economista Maria S�lvia Bastos Marques, tamb�m palestrante, puxou novamente o assunto e disse que quer ver a empres�ria no Planalto. "Luiza, voc� vai me permitir, eu sei que voc� n�o quer ser candidata a presidente. Eu s� quero dizer que � a minha candidata, t�?", avisou Maria S�lvia, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES).
Em seguida, voltando-se para C�rmen L�cia, ela insistiu: "Ministra, n�s temos de convenc�-la. Acho que nosso Pa�s vai ser bem diferente tendo uma pessoa como a Luiza na Presid�ncia da Rep�blica."
C�rmen L�cia, ent�o, escolheu o colega Edson Fachin, tamb�m presente ao semin�rio, para resolver o problema. "Quem sabe uma prosa dele?", brincou.
No primeiro bloco do semin�rio n�o houve cita��o direta ao governo de Jair Bolsonaro, mas v�rios recados ficaram naquela sala, usada para julgamentos da Primeira Turma do Supremo. Luiza disse que n�o era poss�vel "retroagir" e mostrou preocupa��o com o poss�vel fim da Lei de Cotas, em 2022.
"A cada dia precisamos escolher qual a ferida que temos de acudir", argumentou C�rmen L�cia, ao falar sobre direitos humanos. "Guardar a Constitui��o n�o � apenas coloc�-la numa prateleira. � resguard�-la", emendou a magistrada.
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