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Estado de Minas ELEI��ES 2022

Com forte influ�ncia pol�tica, Evang�licos s�o um pote de ouro nas elei��es

Candidatos � presid�ncia buscam apoio de l�deres religiosos, mas ter�o que atender demandas de um segmento da popula��o que quer respostas para a crise


24/12/2021 04:00 - atualizado 24/12/2021 09:52

Bispo Hilton Barra preside culto no Palácio do Planalto com Bolsonaro, Davi Alcolumbre e Silas Malafaia
Bispo Hilton Barra preside culto no Pal�cio do Planalto com Bolsonaro, Davi Alcolumbre e Silas Malafaia em 2019, na ascens�o dos religiosos ao poder (foto: Mauro Pimentel/AFP - 11/4/19)
Na corrida pela disputa ao cargo de presidente da Rep�blica nas elei��es de 2022, existe uma outra competi��o, mais segmentada, mas com alto impacto no resultado final: qual pr�-candidato conquistar� a simpatia da maioria do eleitorado evang�lico no ano que vem? Dos mais de 210 milh�es de brasileiros, esse segmento representa aproximadamente 30% da popula��o, segundo o “Datafolha. Em 2018, na �ltima escolha presidencial, em meio a um cen�rio de crises, principalmente relacionada � moral pol�tica, que levou aos eleitores buscarem alternativas “fora do sistema” e anticorrup��o, esse eleitorado foi respons�vel por 70% da aprova��o de Jair Bolsonaro (PL), um candidato conservador e da extrema direita.

O presidente continuou a nutrir a fidelidade do segmento. A mais recente tacada de Bolsonaro nessa dire��o foi o epis�dio de posse do “terrivelmente evang�lico” Andr� Mendon�a ao Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, a aprova��o, quase un�nime, de Bolsonaro em 2018 tem sido amea�ada para 2022. Investidas de outros candidatos que brigam pelo mesmo p�blico nas urnas t�m surtido efeito. Uma das comprova��es nessa perda de p�blico foi informada na pesquisa do “Datafolha”, publicada no �ltimo dia 20. Lula (PT) apareceu como o melhor presidente que o Brasil j� teve, na opini�o de 43% dos evang�licos, enquanto Bolsonaro ficou com 19%.

“O que acontece � que antes o ent�o deputado Jair Bolsonaro tinha promessas, tinha promessas de como evitar essas crises naquele momento em que ele n�o podia se responsabilizar por elas, ele era um deputado. Agora ele � o presidente, que foi respons�vel pela gest�o dos �ltimos anos. Ent�o o voto tamb�m � de avalia��o do governo, sempre tem uma camada enorme de avalia��o do governo. Ent�o � um presidente avaliado pelo seu governo, n�o � s� o ent�o deputado Bolsonaro fazendo promessas”, avaliou Ana Carolina Evangelista, cientista pol�tica e diretora do Instituto de Estudos da Religi�o (Iser).

O cen�rio eleitoral mudou drasticamente em tr�s anos. O pr�ximo presidente vir� com o desafio de “consertar” um Brasil p�s-pand�mico, no qual 19 milh�es de pessoas passam fome, entre elas 55% das fam�lias est�o em inseguran�a alimentar, onde um a cada quatro brasileiros passou a viver abaixo da linha da pobreza no ano passado – esse n�mero subiria se n�o fosse a ajuda de aux�lios governamentais –, com um �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 9,68% nos pre�os, que impacta principalmente nos alimentos consumidos pelos cidad�os de baixa renda.

Segundo Evangelista, o olhar sobre o eleitorado evang�lico, no pr�ximo ano, n�o pode ser somente sob o aspecto da f� ou da defesa da agenda conservadora, mas um ponto que � comum a essa popula��o s�o as respostas dos pr�-candidatos �s demandas de uma popula��o que busca por dignidade.

“Ser� uma elei��o sobre demandas da popula��o m�nimas de sobreviv�ncia. � sobre o combate � fome, acesso a emprego, acesso a renda, acesso a moradia e se a gente olha o perfil da popula��o deste grupo (evang�licos), a� a gente est� falando principalmente de uma elei��o de di�logo, de prioriza��o da classe mais empobrecida – na faixa de at� dois, cinco sal�rios m�nimos”, afirmou a cientista pol�tica. “Se a gente olha, 51% do eleitorado brasileiro � de baixa renda e os n�meros mostram que esse eleitorado est� demandando respostas para crises que s� se aprofundaram no Brasil. Isso tem uma correspond�ncia e atinge tamb�m o segmento evang�lico”, acrescentou.

De acordo com ela, o maior “recorte dos evang�licos no Brasil � uma maioria negra, feminina, de baixa renda, l�deres de fam�lia e de regi�es perif�ricas urbanas”. Portanto, “antes de serem evang�licas, antes de se preocuparem com a tal agenda moral ou a fal�cia da ideologia de g�nero propagada nas escolas, as m�es evang�licas querem seus filhos dentro da escola, querem um emprego, tem tr�s trabalhos ao mesmo tempo para sustentar as suas casas, elas t�m que colocar comida na mesa, tem que comprar um botij�o de g�s que agora custa cinco vezes o pre�o. Antes de serem evang�licas, preocupadas com a agenda moral, elas cuidam das suas fam�lias, v�o votar a partir desse cen�rio pol�tico”, explicou.

Aproxima��o

Lula est� atento a isso. No jantar, produzido pelo Grupo Prerrogativas, que tornou p�blico as articula��es entre o candidato do PT e Alckmin (Sem Partido) como uma chapa para o pleito do ano que vem houve tamb�m espa�o para a campanha “Tem Gente com Fome”. O projeto, coordenado pelo grupo Coaliz�o Negra por Direitos, que est� em atividade desde mar�o do ano passado, tinha como objetivo, nesta a��o, arrecadar o valor para entregar 223 mil cestas b�sicas para fam�lias carentes, no intuito de promover um Natal digno.

Sem mencionar religi�o, a prioridade da Coaliz�o tem sido levar alimentos �s m�es negras e fam�lias que recebem o aux�lio emergencial em 18 estados e no Distrito Federal, mas dessa vez a organiza��o come�aria a distribui��o pelo Norte e Nordeste. Uma semana antes do evento, a a��o do jantar de confraterniza��o pol�tica angariou um valor superior a R$ 200 mil.

Nessa conjuntura, chegar� na frente da disputa presidencial a figura que investir em uma comunica��o direta com a popula��o de mais vulnerabilidade social. Essa fatia do eleitorado evang�lico buscar�, no ano que vem, o candidato que traga propostas para o enfrentamento da crise da pobreza no pa�s. Geter Borges de Souza, um dos coordenadores do n�cleo evang�lico do PT, explicou que a meta de Lula � “fazer mais do que fez nos governos anteriores”. “O desafio � trazer mais emprego e desenvolvimento pro pa�s, por isso tem feito um convite � popula��o que queira se engajar”.

No dia 27 de novembro, Lula participou de um encontro nacional virtual, que reuniu 800 evang�licos, entre pastores e fi�is. Ao lado da ex-governadora do Rio de Janeiro e evang�lica, Benedita da Silva (PT) e sem a presen�a de representatividades nacionais do segmento, Lula creditou sua chegada na presid�ncia “� m�o de Deus”. Al�m de lembrar aos participantes que “governou para todos”. O tema central do ex-presidente para o plano de governo tem sido, segundo Geter, o combate � fome. “Os evang�licos passam fome, querem comer e querem que o PT volte com o programa fome zero, gera��o de emprego e renda”, detalhou.

Apoio 

Exatamente dez dias antes do encontro realizado pelo candidato de esquerda, o seu advers�rio principal, Bolsonaro, conseguiu realizar um dos seus trunfos. A pose de Andr� Mendon�a no STF mostrou aos evang�licos que, com ele, � poss�vel ocupar todos os espa�os de poder. A import�ncia disso est� diretamente relacionada a uma agenda mais elitizada do segmento, cujo desejo � que quest�es mais conservadoras, julgadas em �ltima inst�ncia, possam ser analisadas por algu�m que congregue a mesma cren�a religiosa. Cezinha de Madureira (PSD-SP), apoiador do presidente na C�mara dos Deputados, vice-presidente da Frente Parlamentar Evang�lica e pastor da Assembleia de Deus, Minist�rio De Madureira, confirmou a tese.

O deputado avaliou que o desempenho de seu aliado com o p�blico evang�lico continua em alta. “Para as pautas mais conservadoras ele tem tido muita coragem, pega os dois anos de pandemia, nos quais os governadores seguiram Jo�o Doria, que virou ditador, fechando templos. (Bolsonaro) J� tinha (apoio) e consolidou um pouco mais agora com o cumprimento da palavra com o Andr� Mendon�a. Classifico, hoje, com a pacifica��o muito grande, de 80 a 90% (do eleitorado) com o Bolsonaro”, apostou.

O culto de a��o de gra�as, realizado em seguida ao empossamento, em uma igreja com capacidade para quatro mil pessoas, que estava cheia de fi�is da periferia e Entorno do Distrito Federal, foi uma demonstra��o p�blica da conquista. Carol definiu a ocasi�o de apoio a Bolsonaro com um comportamento que tem se tornado comum entre os evang�licos. “S�o espa�os institucionais que querem ter influ�ncia na pol�tica, como qualquer outro grupo de interesse souberam se organizar dentro do sistema pol�tico brasileiro. Desde a Constituinte de 86 elegem os chamados candidatos oficiais das igrejas, tendo uma entrada mais sistem�tica na pol�tica. Isso tem crescido em um estouro e eu n�o vejo porque arrefecer. Continuar�o fazendo isso, com aliados, inclusive, do campo n�o religioso. Isso que � importante”, detalhou a cientista pol�tica.


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