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Estado de Minas BRASIL

Elei��es: quais s�o as 'armas' dos pr�-candidatos � Presid�ncia em 2022?

Cientistas pol�ticos avaliam os trunfos de cada um dos pr�-candidatos que devem disputar as elei��es presidenciais


27/12/2021 22:52 - atualizado 27/12/2021 22:52

Presidente Jair Bolsonaro
Na avalia��o dos dois cientistas pol�ticos, as principais "armas" de Bolsonaro s�o: carisma, ser o presidente em exerc�cio e a identifica��o com eleitorado conservador (foto: EPA)
As elei��es presidenciais no pa�s est�o previstas para outubro do ano que vem, mas os principais pr�-candidatos e pr�-candidatas j� come�aram a fazer seus primeiros movimentos de olho na disputa em 2022. Com hist�rias, perfis e estrat�gias diferentes, cada um deles tem um conjunto de "armas" que dever� ser usado ao longo do per�odo eleitoral.

 

A BBC News Brasil ouviu os cientistas pol�ticos S�rgio Abranches e Nara Pav�o sobre quais s�o as maiores "armas" ou trunfos que os principais pr�-candidatos � Presid�ncia da Rep�blica dever�o usar nas elei��es do ano que vem.

 

Al�m de cientista pol�tico, Abranches � soci�logo e escritor. Ele � o autor do conceito de "presidencialismo de coaliz�o" aplicado � realidade brasileira. Nara Pav�o, por sua vez, � doutora em Ci�ncia Pol�tica pela Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos e professora assistente na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

 

Os nomes dos pr�-candidatos foram escolhidos com base nos levantamentos mais recentes de duas das principais pesquisas de inten��o de voto do pa�s: Datafolha e Ipec, instituto formado por ex-executivos do Ibope.

 

Apenas nomes que pontuaram em pelo menos um dos cen�rios pesquisados pelos dois institutos foram considerados nesta reportagem.

 

Dessa forma, os pr�-candidatos escolhidos foram: o ex-presidente Luis In�cio Lula da Silva (PT), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o ex-juiz da Opera��o Lava Jato e ex-ministro da Justi�a e Seguran�a P�blica Sergio Moro (Podemos), o ex-ministro e ex-governador do Cear� Ciro Gomes (PDT), o governador de S�o Paulo Jo�o Doria (PSDB) e a senadora Simone Tebet (MDB-MS).

Confira, agora, quais as principais "armas" de cada um.

Lula

O ex-presidente Lula aparece na lideran�a das principais pesquisas de inten��o de voto feitas at� o momento. Segundo Ipec e Datafolha, o petista oscila entre 47% e 49% das inten��es de voto, o que seria suficiente, nos dois cen�rios pesquisados pelos institutos, para a sua vit�ria no primeiro turno.

 

Para Sergio Abranches e Nara Pav�o, as principais "armas" de Lula na disputa deste ano s�o: mem�ria sobre o seu governo, favoritismo nas pesquisas, queda da corrup��o como principal preocupa��o do eleitorado, capacidade de negocia��o e baixa rejei��o.

 

A "mem�ria", segundo Abranches e Nara Pav�o, se refere � lembran�a que parte dos eleitores teria em rela��o aos oito anos em que Lula presidiu ao pa�s, entre 2003 e 2011.

 

No campo econ�mico, o per�odo foi marcado por crescimento econ�mico e redu��o das taxas de desemprego e da pobreza.


Lula durante discurso
O ex-presidente Lula aparece na lideran�a das principais pesquisas de inten��o de voto feitas at� o momento (foto: EPA)

"Ele tem um recall de um governo muito ajudado pela conjuntura econ�mica internacional e pelo boom de commodities, mas tamb�m pelos programas sociais que geraram um sentimento de bem-estar econ�mico, que a gente chama de efeito riqueza. Houve uma mudan�a do patamar de consumo das classes D e E e essa mem�ria dos tempos bons � importante e forte. � um trunfo importante", afirma Abranches.

 

Nara Pav�o, que estuda o efeito da corrup��o na escolha do eleitorado, explica que a mudan�a no eixo das preocupa��es da popula��o, segundo as pesquisas, indica um outro trunfo do ex-presidente.

 

Em novembro de 2015, por exemplo, quando a Opera��o Lava Jato estava a todo vapor, a corrup��o era vista como o maior problema da popula��o no pa�s. Em segundo lugar estava a sa�de e, em terceiro o desemprego.

 

A nova pesquisa do Datafolha divulgada na segunda quinzena de dezembro deste ano mostra que a corrup��o est� em s�timo lugar como maior problema do pa�s. Nos primeiros lugares est�o: sa�de (1º), desemprego (2º) e economia (3º).

 

Lula foi alvo da Opera��o Lava Jato e foi preso ap�s ser condenado por corrup��o passiva e lavagem de dinheiro pelo agora ex-juiz federal Sergio Moro no caso do apartamento tr�plex, no Guaruj�.

 

Neste ano, suas condena��es foram anuladas e Moro foi considerado parcial em julgamentos do Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Nara Pav�o avalia que os desdobramentos da Lava Jato e a crise econ�mica pela qual o pa�s vem passando ajudaram a mudar a percep��o sobre os problemas do pa�s pela popula��o. Segundo ela, essa mudan�a pode beneficiar Lula.

 

"O ambiente pol�tico mudou. Para a maioria das pessoas, a corrup��o n�o � mais um problema t�o urgente. Ela deu lugar a outras preocupa��es como sa�de, desemprego, infla��o. E esses s�o temas com os quais a popula��o associa a imagem de Lula como algu�m capaz de resolv�-los", afirmou a pesquisadora.

Jair Bolsonaro

De acordo com as pesquisas mais recentes do Datafolha e do Ipec, Bolsonaro aparece consolidado na segunda posi��o para as elei��es de 2022. Nas duas, Bolsonaro aparece com 22% e 21% das inten��es de voto dependendo do cen�rio.

 

Na avalia��o dos dois cientistas pol�ticos, as principais "armas" de Bolsonaro s�o: carisma, ser o presidente em exerc�cio e a identifica��o com o eleitorado conservador.

 

Apesar de ter visto sua popularidade cair desde que assumiu a presid�ncia, Bolsonaro ainda � visto como um l�der carism�tico pela cientista pol�tica Nara Pav�o.


Jair Bolsonaro
Para Sergio Abranches, a principal vantagem de Bolsonaro sobre os outros candidatos � o fato de estar no comando da m�quina p�blica (foto: EPA)

"Bolsonaro � um l�der carism�tico. Pode n�o ser para a popula��o como um todo, mas ele tem o apoio de algo como um quarto do eleitorado. N�o � pouca coisa. � uma base que tem uma identifica��o muito forte com ele. Existe, sim, esse fen�meno chamado bolsonarismo e ele dever� usar isso nas elei��es", avalia a professora.

 

Para Sergio Abranches, a principal vantagem de Bolsonaro sobre os outros candidatos � o fato de estar no comando da m�quina p�blica.

 

Ele diz que nessa condi��o, o presidente tem acesso a recursos que poderiam turbinar a sua candidatura como verbas para obras e programas sociais como o recente Aux�lio Brasil, criado sob a sua gest�o para substituir o Bolsa Fam�lia, que havia sido criado durante o governo do ex-presidente Lula.

 

"O seu maior ativo para as elei��es do ano que vem � o fato de ele ter a chave do cofre e a possibilidade de mobilizar o governo pela sua reelei��o. S�o recursos que poder�o ser distribu�dos a aliados em todo o Brasil. Isso tem um certo peso", afirma Abranches.

 

Nara e Abranches avaliam que Bolsonaro tamb�m dever� utilizar sua identifica��o com o eleitorado conservador como forma de aumentar a rejei��o a candidatos como Lula.

 

Desde sua elei��o, Bolsonaro recebeu o apoio de diversas lideran�as evang�licas e conservadoras como o pastor Silas Malafaia. Recentemente, ele conseguiu emplacar a indica��o de Andr� Mendon�a como ministro do STF.

 

Ao indicar Mendon�a, Bolsonaro dizia que a vaga seria preenchida por um integrante "terrivelmente evang�lico".

 

"Bolsonaro vai tentar ativar essa base conservadora que, at� agora, vem lhe dando algum suporte. � poss�vel, entretanto, que essa base se divida entre os outros pr�-candidatos, mas � um algo que ele dever� fazer e que n�o pode ser ignorado", afirmou Nara Pav�o.

 

Sergio Abranches diz que Bolsonaro tamb�m tentar� usar como trunfo a reativa��o do "antipetismo", uma das principais for�as pol�ticas nas elei��es de 2016 e 2018.

 

"A reativa��o desse sentimento ser� uma tentativa de aumentar a rejei��o a Lula, que hoje est� baixa. Esse movimento dever� ficar ainda mais evidente caso ele v� para o segundo turno contra Lula", afirmou Abranches.

Sergio Moro

O ex-juiz federal e ex-ministro da Justi�a e Seguran�a P�blica Sergio Moro se filiou ao Podemos em novembro deste ano.

 

Apesar de n�o ter se lan�ado oficialmente � disputa presidencial, Moro tem dado entrevistas sobre o assunto desde ent�o.

 

Para o Ipec e Datafolha, Moro aparece tecnicamente empatado com Ciro Gomes na terceira posi��o, oscilando entre 6% e 9% das inten��es de voto, considerando a margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Na opini�o de Abranches e Nara Pav�o, os tr�s principais trunfos de Moro ser�o: o discurso contra a corrup��o, a imagem de algu�m fora da "velha pol�tica" e o apelo ao eleitorado mais conservador.


Sergio Moro durante discurso
Moro dever� explorar a ideia de que � um agente "fora da pol�tica" e conservador durante as elei��es (foto: Reuters)

"O principal trunfo de Moro, se n�o for o �nico, � o discurso anticorrup��o. � nessa tecla que ele ir� bater ao longo de toda a campanha. Se ele ficar nessa estrat�gia, apenas, poder� tirar alguns votos de Bolsonaro, mas � dif�cil saber se isso dar� resultado porque os temas considerados importantes em uma elei��o s�o muito c�clicos", afirmou Abranches.

 

"Moro tentar� surfar na onda anticorrup��o ancorado em sua imagem de ex-juiz e que ainda est� muito associada � Lava Jato. Ela (a opera��o) foi a maior campanha anticorrup��o da hist�ria e ele usar� essa imagem em seu favor", disse Nara Pav�o.

 

A pesquisadora afirma, tamb�m, que Moro dever� explorar a ideia de que � um agente "fora da pol�tica" e conservador durante as elei��es.

 

"Outro trunfo que ele dever� usar � o discurso da antipol�tica e de ser algu�m conservador. Ele j� deu declara��es sobre n�o ser da pol�tica como uma vantagem. E ele tamb�m j� se declarou conservador em algumas ocasi�es. Ele poder� ativar essas duas imagens ao longo da campanha para aumentar sua base eleitoral", diz a pesquisadora.

Ciro Gomes

Ciro Gomes � ex-governador do Cear� e foi ministro da Fazenda durante o governo do ex-presidente Itamar Franco e da Integra��o Nacional durante o governo do ex-presidente Lula.

 

Em 2018, ele ficou em terceiro lugar nas elei��es presidenciais, com 12,47% dos votos.

 

Atualmente, ele aparece tecnicamente empatado com Sergio Moro nas pesquisas do Datafolha e do Ipec com inten��es de voto que oscilam entre 5% e 7%, considerando a margem de erro.

 

Os cientistas pol�ticos ouvidos pela BBC News Brasil avaliam que os principais trunfos de Ciro para a elei��o deste ano s�o: j� ser conhecido e ter um eleitorado cativo e a imagem de algu�m competente na �rea econ�mica.


Ciro Gomes
Para Nara Pav�o, outra arma a ser usada por Ciro ao longo da campanha ser� a imagem de algu�m combativo, forte e competente na �rea econ�mica (foto: REUTERS/Amanda Perobelli)

"O Ciro tem um eleitorado fiel e isso � bom para uma largada eleitoral. Eu diria que, quando a hora da campanha chegar, ele dever� ter em torno de 10% ou 12% das inten��es de voto. Ele pega os votos da esquerda n�o lulista e n�o petista. Al�m disso, ele j� � bem conhecido e vem se colocando como uma alternativa a Bolsonaro e a Lula", afirma Abranches.

 

Para Nara Pav�o, outra arma a ser usada por Ciro ao longo da campanha ser� a imagem de algu�m combativo, forte e competente na �rea econ�mica.

"Ciro tem uma imagem combativa e ele � muito conhecido. Isso facilita e d� uma vantagem em rela��o a outros candidatos. Ele � visto como uma pessoa boa na gest�o de assuntos econ�micos e que seria capaz de entregar resultados nessa �rea que, segundo as pesquisas, se tornou uma das principais preocupa��es do eleitorado", explica a professora.

Jo�o Doria

Em 2016, o ent�o empres�rio e apresentador de TV Jo�o Doria venceu a primeira disputa eleitoral da qual participou e virou prefeito de S�o Paulo.

 

Desde ent�o, ele venceu as elei��es para o governo de S�o Paulo e se apresenta como pr�-candidato do PSDB � elei��es presidenciais do ano que vem.

O caminho, no entanto, n�o foi f�cil. Ele teve que superar o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, em um turbulento processo de pr�vias realizado pelo partido.

 

Nas pesquisas, Doria oscila entre 2% e 4% das inten��es de voto.

Abranches e Nara Pav�o pontuam que os maiores trunfos de Doria nas elei��es de 2022 s�o: a condu��o da crise gerada pela pandemia de Covid-19, o fato de ser pouco conhecido fora de S�o Paulo e o bom tr�nsito que ele tem entre atores do mercado.


Um dos pontos positivos de Doria apontados por cientistas políticos é postura dele durante a pandemia
O governador de S�o Paulo, Jo�o Doria, pode explorar a seu favor o fato de ser pouco conhecido fora de seu Estado (foto: Reuters)

 

"O grande trunfo de Doria foi a postura dele na pandemia. Al�m de ele ter investido na CoronaVac, ele se portou muito bem durante as entrevistas coletivas e, de alguma forma, se colocou como oposi��o direta ao Bolsonaro.

 

Isso pode atrair votos de conservadores que n�o concordaram com a condu��o do presidente durante essa crise", afirmou Abranches.

 

O cientista pol�tico enfatiza, tamb�m, o fato de Doria ser pouco conhecido fora do Brasil. Segundo ele, em vez de isso ser uma desvantagem imediata, isso pode ser algo bom.

 

"Como ele � pouco conhecido, isso significa que ele tem um caminho vasto para explorar ao longo de uma campanha", afirmou.

 

Nara Pav�o salienta o bom tr�nsito que o tucano teria junto ao mercado e o fato de ser governador do Estado mais rico da federa��o ser�o trunfos de Doria.

 

"Governar S�o Paulo � uma vantagem porque o Estado � uma grande vitrine. Somado a isso, ele transita bem entre alguns setores do mercado e isso fortalece a imagem p�blica de algu�m que pode resolver problemas como a gera��o de emprego e crescimento econ�mico", explica a professora.

Simone Tebet

Simone Tebet � senadora, ex-prefeita de Tr�s Lagoas (MS) e ex-deputada estadual. No in�cio de dezembro, ela se lan�ou como pr�-candidata � Presid�ncia da Rep�blica pelo MDB. Ela � considerada um dos nomes da chamada "terceira via", termo que vem sendo usado para designar candidaturas alternativas a Bolsonaro ou a Lula.


Simone Tebet durante discurso
Especialistas disseram que o principal ativo de Tebet em uma eventual disputa presidencial est� no fato de ela ser a �nica mulher entre todos os pr�-candidatos (foto: Reuters)

Nas pesquisas do Datafolha e do Ipec, Tebet aparece com 1% das inten��es de voto, considerando a margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

 

Nara Pav�o e Sergio Abranches avaliam que o principal ativo de Tebet em uma eventual disputa presidencial est� no fato de ela ser a �nica mulher entre todos os pr�-candidatos. Al�m disso, eles destacam sua performance na CPI da Pandemia e o bom tr�nsito que ela teria junto a setores do agroneg�cio.

 

"Ela tem vantagem de ser mulher em um pa�s com maioria feminina. Com a emerg�ncia das pautas identit�rias, isso pode ser um ponto forte para ela, sobretudo entre as mulheres mais novas", explica Sergio Abranches.

 

Nara Pav�o destaca a participa��o de Simone durante a CPI da Pandemia, quando liderou informalmente um grupo de parlamentares mulheres durante os trabalhos da comiss�o, e a possibilidade de se consolidar como um nome para a "terceira via".

 

"Ela se destacou bastante durante a CPI e isso ajudou a construir uma imagem de compet�ncia e de oposi��o � atua��o do governo durante a pandemia. Somado a isso, temos, tem o fato de ela ser a �nica mulher e isso pode ajud�-la a se diferenciar de todos os outros e se apresentar como um nome vi�vel para a chamada terceira via", explica.

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