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Morre Olavo de Carvalho: guru do bolsonarismo disse que covid era 'historinha de terror'

O ide�logo da direita brasileira morreu nesta segunda-feira e a causa n�o foi divulgada. Ele havia sido diagnosticado com covid dias antes.


25/01/2022 10:50 - atualizado 25/01/2022 11:22


Olavo de Carvalho sentado à mesa
Considerado o 'guru' do bolsonarismo, o ide�logo da direita brasileira morreu nesta segunda-feira (foto: Jo�o Fellet/BBC Brasil)

Diagnosticado com covid dias antes de morrer, o escritor e ide�logo da direita brasileira Olavo de Carvalho colecionava postagens no Twitter e Facebook questionando a letalidade do coronav�rus, que chamava de "mocoronga v�rus".

A causa da morte de Olavo n�o foi confirmada e n�o se sabe se a covid teve rela��o com caso - segundo mensagem veiculada em seu canal no Telegram no dia 15/01, ele havia contra�do covid-19 e precisava cancelar as aulas de um curso de filosofia que ministrava online.

No entanto, nas redes sociais, centenas de pessoas passaram a resgatar publica��es nas quais o escritor, conhecido como uma esp�cie de guru do bolsonarismo, criticava medidas de isolamento social, o uso de m�scaras e duvidava dos riscos do coronav�rus.

"O medo de um suposto v�rus mort�fero n�o passa de historinha de terror para acovardar a popula��o e faz�-la aceitar a escravid�o como um presente de Papai Noel", escreveu Olavo na sua conta de Twitter em maio de 2020.

Em janeiro de 2021, quase um ano depois do in�cio da pandemia, o escritor continuava a duvidar da letalidade do coronav�rus. "D�vida cruel. O V�rus Mocoronga mata mesmo as pessoas ou s� as ajuda a entrar nas estat�sticas?", escreveu no Twitter.

N�o h� informa��es oficiais sobre se Olavo tomou ou n�o doses da vacina contra a covid-19.

Em publica��es no Facebook, ele fez cr�ticas � Coronavac, a que chamava de "vacina chinesa", e � ideia de tornar a vacina��o obrigat�ria.

O medo de um suposto v�rus mort�fero n�o passa de historinha de terror para acovardar a popula��o e faz�-la aceitar a escravid�o como um presente de Papai Noel.

— Olavo de Carvalho (@opropriolavo) May 12, 2020

"O Brasil n�o quer vacina chinesa obrigat�ria, o STF quer. Quem manda mais? O Brasil n�o quer ideologia de g�nero nas escolas infantis. O STF quer. Quem manda mais? O BRASIL N�O MANDA NADA", escreveu em 27 de outubro de 2020, no Facebook.

Ao mesmo tempo, ele defendia, em suas redes sociais, medicamentos sem qualquer efic�cia comprovada para o tratamento da covid, como a cloroquina.

"Na Fran�a o primeiro-ministro e o ministro da Sa�de que vetaram a cloroquina perderam os cargos e respondem a processo. No Brasil, xingado de genocida � o presidente que, liberando a cloroquina, salvou milhares de vidas. Esse pa�s � o para�so da ignor�ncia", escreveu Olavo em 15 de julho de 2020.

Na realidade, a demiss�o dos ministros franceses citados pelo escritor n�o teve qualquer rela��o com proibi��o de cloroquina. Eles foram acusados de falhar na resposta � pandemia, diante da escassez de equipamentos m�dicos nos hospitais franceses.

Cr�ticas a lockdowns e defesa da cloroquina

Olavo de Carvalho tamb�m fez, ao longo da pandemia, diversas cr�ticas a medidas de fechamento de com�rcio, uso de m�scaras e isolamento social. Ele constantemente questionava os n�meros oficiais de mortos e a letalidade do coronav�rus, al�m de sugerir motivos conspirat�rios por tr�s dos lockdowns anunciados por governos de diferentes pa�ses.

"Conselhos de sa�de matam mais que o coronav�rus", escreveu ele em 19 de mar�o de 2020, no Facebook. "Paralisar a atividade econ�mica mundial para debelar uma epidemia que mata menos de 0,1 por cento DOS CONTAMINADOS (n�o da popula��o inteira) � uma vigarice t�o �bvia que o mero fato de aceitar essa proposta como hip�tese para discuss�o j� prova defici�ncia mental", completou ele em 21 de abril de 2020.

D�vida cruel. O V�rus Mocoronga mata mesmo as pessoas ou s� as ajuda a entrar nas estat�sticas?

— Olavo de Carvalho (@opropriolavo) January 2, 2021

Em outra publica��o, de 24 de abril de 2020, ele chamou as medidas para conter a propaga��o da covid de "crime". "Essa campanha para nos 'proteger da pandemia' � o mais vasto e mais s�rdido crime j� cometido contra a esp�cie humana inteira."

Em entrevista � BBC News Brasil em maio de 2020, ele mostrou total alinhamento com as posturas de Bolsonaro na pandemia de covid-19, criticando medidas de isolamento social e uso de m�scara, embora a import�ncia dessas a��es para conter o v�rus seja atestada cientificamente. Por outro lado, defendeu rem�dios sem efic�cia comprovada em pesquisas cient�ficas, como cloroquina.

"O n�vel de cura � imenso. No Brasil, o sucesso da cloroquina est� mais do que comprovado", disse. A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) expressamente desaconselha o uso de cloroquina para preven��o e tratamento de covid.

No Brasil, mais de 620 mil pessoas morreram de covid desde o inicio da pandemia. No mundo todo, o v�rus j� matou mais de 5,6 milh�es.

Trajet�ria


Olavo de Carvalho sentado em cerca em uma paisagem de campo
Autoproclamado fil�sofo, embora n�o tenha forma��o acad�mica, Olavo se projetou a partir dos anos 1980 como articulista conservador (foto: MATHEUS BAZZO/DIVULGA��O)

Autoproclamado fil�sofo, embora n�o tenha forma��o acad�mica, Olavo se projetou a partir dos anos 1980 como articulista conservador ao escrever em grandes ve�culos brasileiros, como os jornais Folha de S.Paulo e O Globo.

Ap�s se mudar para os Estados Unidos, alcan�ou grande p�blico por meio de cursos online e venda de livros com forte ret�rica conservadora e anticomunista. Seu canal no YouTube, criado em 2007, tem mais de um milh�o de inscritos e acumula mais de 68 milh�es de visualiza��es.

Em sua tese de doutorado que daria origem ao livro "Menos Marx, Mais Mises: O Liberalismo e a Nova Direita no Brasil", a cientista pol�tica Camila Rocha afirma n�o ter d�vidas de que a elei��o de Jair Bolsonaro em 2018 "n�o foi raio em c�u azul, mas fruto da consolida��o paulatina de uma nova direita brasileira que durou mais de uma d�cada e que encontrou suporte em redes de contatos e organiza��es nacionais e estrangeiras constru�das d�cadas atr�s por intelectuais e acad�micos pr�-mercado".

E, segundo a pesquisadora, um dos principais influenciadores e fomentadores do surgimento de espa�os de debate na internet ligados � forma��o de uma nova direita no Brasil no in�cio dos anos 2000 foi o escritor Olavo de Carvalho, que, como explica Rocha, "se declarava a favor do livre-mercado na economia, tradicionalista e conservador no que tange � religi�o, anarquista em rela��o � moral e educa��o, nacionalista e contra o 'governo mundial' no que diz respeito � pol�tica internacional e um realista no campo da filosofia".

A elei��o do presidente Jair Bolsonaro levaria ent�o muitos dos pensamentos de Olavo para o cora��o do governo brasileiro, como a defesa da fam�lia tradicional e do amplo direito ao uso de armas, principalmente por meio da influ�ncia de um dos filhos do presidente, seu grande admirador, o deputado federal Eduardo Bolsonaro.

Chegou a ter disc�pulos seus no primeiro escal�o do governo, caso dos ex-ministros Ernesto Ara�jo (Rela��es Exteriores) e Abraham Weintraub (Educa��o).

Hoje, o governo ainda abriga olavistas, como o secret�rio de Alfabetiza��o do Minist�rio da Educa��o, Carlos Nadalim, e o Assessor Especial para Assuntos Internacionais da presid�ncia, Filipe Martins. No entanto, o grupo acabou perdendo espa�o para setores mais pragm�ticos, com a entrada de integrantes do Centr�o (grupo de partidos pol�ticos de centro-direita, principalmente o PP) na gest�o Bolsonaro.

"Eu quis que uma direita existisse, o que n�o quer dizer que eu perten�a a ela. Fui o parteiro dela, mas o parteiro n�o nasce com o beb�", disse Olavo � BBC News Brasil em dezembro de 2016, poucos meses ap�s o impeachment de Dilma Rousseff, momento em que movimentos de direita emergiram com for�a no pa�s.

"Estou contra o comunismo e quero que o Brasil tenha uma democracia representativa efetiva", afirmou tamb�m na ocasi�o.

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