
Bras�lia – Pr�-candidata do MDB a presidenta, Simone Tebet, de 50 anos, nasceu em Tr�s Lagoas, Mato Grosso do Sul. Tamb�m advogada e professora, sua estreia na pol�tica ocorreu em 2002, quando foi eleita deputada estadual pelo MDB, legenda � qual permanece. Foi eleita senadora em 2014 e teve como principal auxiliar pol�tico o pai, Ramez Tebet, ex-governador do Mato Grosso do Sul. Em 2019, Tebet foi eleita a primeira mulher a presidir a Comiss�o de Constitui��o e Justi�a (CCJ) do Senado, posto que exerceu at� o fim de 2020. A atua��o da senadora na CPI da COVID-19, em setembro de 2021, deu a ela proje��o nacional.
Em entrevista ao Correio Braziliense/Di�rios Associados, a agora postulante ao Pal�cio do Planalto comentou o cen�rio econ�mico do pa�s e defendeu que o “Or�amento precisa sobreviver a 2022” diante das propostas que levam ao descontrole de gastos promovido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que, visando � reelei��o, na avalia��o da senadora do MDB, tem recorrido a medidas eleitoreiras. “Este � um ano em que o presidente vai fazer de tudo e mais um pouco as pol�ticas eleitoreiras para estar no segundo turno e ganhar as elei��es. E ele vai fazer isso diante de um Congresso hoje complacente”, afirma.
�nica pr�-candidata � Presid�ncia neste ano, Tebet defende a import�ncia de uma representante feminina no Executivo. “O Brasil que queremos e para quem queremos n�o pode ser respondido com um timbre exclusivamente masculino”, diz. Ela cita que o Brasil entrou para o mapa da fome e, para ela, um dos principais desafios dos pr�ximos anos ser� a diminui��o da desigualdade social no pa�s. E critica a gest�o do presidente Jair Bolsonaro. “N�o h� governo pior do que este que a� est�.” Veja os principais trechos da entrevista.
A senhora anunciou montagem de equipe. O que os eleitores podem esperar dela?
Tivemos o cuidado de deixar muito claro que a economia � um bem para se alcan�ar um fim. Ent�o, n�o tenho pressa de formar equipe econ�mica, apenas de ter uma pessoa que tem identidade de vis�o de projeto e de pa�s, que � minha, para a partir da� construirmos e fazer uma equipe. Por isso, chamei Elena Landau, que tem uma vis�o muito parecida com a minha, de uma liberal moderada, uma liberal social. Ela j� reviu muitas coisas e, hoje, tem essa preocupa��o de que, infelizmente, � o Brasil que temos, desigual e que entrou para o mapa da fome. N�o tem como n�o ter uma equipe econ�mica sem esse olhar 24 horas por dia. Economistas que tenham experi�ncia em pol�ticas p�blicas setoriais e desenvolvimento regional e pol�tica na �rea fiscal.
Qual o maior desafio para a montagem de um programa de governo? �rea fiscal, sa�de, educa��o?
A mais desafiadora � diminuir a desigualdade social. E h� um meio para se chegar l�. O Brasil est� passando por um populismo, por um governo irrespons�vel que n�o conhece as mazelas do Brasil, que n�o conhece de gest�o, que extinguiu o Minist�rio do Planejamento, ent�o n�o sabe aonde quer chegar. N�o tem programa, n�o tem metas de resultado, n�o tem um plano nacional e nem regional de desenvolvimento e torra todo o Or�amento com projetos pontuais, eleitoreiros, para atender ao curral eleitoral de parlamentares. O dinheiro � pouco e mal gerido. O maior desafio neste momento � impedir neste ano que se comprometa o fiscal dos pr�ximos anos. Ent�o, para reduzir a desigualdade social, o foco passa a ser o cuidado com o fiscal. Hoje temos um desgoverno que n�o conhece o Brasil e que n�o tem gest�o, que, num ano eleitoral come�ou a ter um vi�s populista. O mais importante � sobreviver a 2022. O or�amento precisa sobreviver a 2022.
Como pensa em tratar essa quest�o, as chamadas emendas secretas desse or�amento, que est� basicamente sequestrado pelo Congresso?
Este � um ano em que o presidente vai fazer de tudo e mais um pouco das pol�ticas eleitoreiras para estar no segundo turno e ganhar as elei��es. E ele vai fazer isso diante de um Congresso, hoje, complacente, porque atrav�s do or�amento secreto sequestrou o or�amento do Executivo por incompet�ncia do pr�prio Executivo que n�o tem planejamento de vis�o program�tica de pa�s de se fazer a pequeno, longo e m�dio prazos. Se ele n�o apresentou as emendas para o Brasil, o Congresso se viu no direito errado de sequestrar o Or�amento e jogar em seus currais eleitorais do jeito que der, sem nenhuma pol�tica, para enxugar gelo. Basta olhar l� para ver que n�s temos que sobreviver, seja em retrocesso na pauta do enfrentamento ambiental, seja na pauta de criar despesas sem ter caixa para isso e algu�m vai ter que pagar a conta. Quem vai pagar � o pr�ximo presidente da Rep�blica, que n�o pode aumentar imposto e vai ter que cortar gastos, inclusive, de pol�tica p�blicas. Ent�o n�s temos que sobreviver este ano, n�o podemos deixar passar projetos eleitoreiros.
O fato de ser a �nica candidata mulher significar� uma aten��o especial na pol�tica para as mulheres?
O foco especial � para a fam�lia. Nada cala mais fundo para uma mulher, para uma m�e, e sou as duas coisas. Quero mostrar que o Brasil � grande o suficiente para acolher todos os filhos, a fam�lia na inteireza. Isso significa garantir casa popular, teto para morar, para que a m�e, no fim do m�s, n�o tenha que fazer a escolha entre colocar a comida na mesa e pagar aluguel. Significa dar assist�ncia � crian�a e ao que o jovem realmente precisa. � verdade que o ensino infantil � responsabilidade dos munic�pios e o ensino m�dio � responsabilidade do estado, mas o ensino p�blico, de um modo geral, � responsabilidade de todos. A Uni�o n�o pode ficar omissa nesse processo, por mais que a Constitui��o diga que a responsabilidade de garantir a vaga numa escola ou numa creche seja do munic�pio.
O governo da presidente Dilma Rousseff deixou imagem negativa ao sofrer um impeachment. Como limpar essa imagem?
Quantos homens vieram antes de uma mulher e erraram? Vamos julgar por uma �nica experi�ncia todas as mulheres? Isso n�o deixa de ser misoginia. Tivemos homens que foram impedidos, e que n�o o foram por uma circunst�ncia pol�tico-partid�ria, que � natural do jogo democr�tico. Tivemos o Collor, que foi impedido e temos in�meros pedidos de processo de impeachment contra o presidente Bolsonaro. N�o h� governo pior do que este que a� est� e est� nas m�os de um homem. Ent�o, acho que temos a� a grande oportunidade de mostrar que a mulher tem condi��es de ocupar qualquer espa�o de poder e ser competente.