
A fala do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) nesse s�bado (7/5) em S�o Paulo, ratificou uma mudan�a no discurso de campanha que j� vinha sendo observada nas falas de outros pr�-candidatos de oposi��o ao governo de Jair Bolsonaro (PL): a defesa da democracia e as quest�es econ�micas.
A estrat�gia tem o objetivo de deixar o debate sobre quest�es morais e religiosas circunscrito ao presidente Bolsonaro e seus seguidores mais fi�is na internet.
Lula falou da alta dos pre�os e da dificuldade que fam�lias e empresasencontram para equilibrar seus or�amentos. E, nos outros temas, mais voltados ao p�blico interno, o recorte econ�mico sempre esteve presente, da promessa de retomar o combate � fome e � desigualdade social � defesa das empresas estatais, como Eletrobras e Petrobras.
Apelo � uni�o pol�tica
No caso da candidatura Lula-Alckmin, o coordenador de comunica��o do PT, Jilmar Tatto, informou que a quest�o econ�mica � uma das bases do trip� discursivo, que ainda ter� a defesa da democracia e o apelo � uni�o pol�tica contra o atual governo como suportes de argumenta��o.
A t�tica de combater o presidente Bolsonaro em uma seara que n�o � favor�vel ao governo, como a economia, j� vinha sendo adotada pelo pr�-candidato do PSDB � Presid�ncia Jo�o Doria, na propaganda partid�ria. "A economia � o que se coloca como quest�o principal sobre a vida dos brasileiros. � fundamental apresentar uma agenda de solu��es para a infla��o, a retomada do crescimento e a distribui��o de renda", disse o coordenador da campanha de Doria, Marco Vinholi.
Programas eleitorais
Mas ele ressalva que o eleitor sabe diferenciar promessas de campanha de propostas efetivamente vi�veis apresentadas pelos candidatos em seus programas eleitorais. "Os programas devem estar cal�ados em modelos exequ�veis, h� muita proposta estapaf�rdia, e o eleitor percebe rapidamente o que � falso."

Os programas do PSDB exibidos no hor�rio da propaganda partid�ria no r�dio e na TV foram produzidos para destacar o desenvolvimento econ�mico de S�o Paulo sob o comando de Doria, com informa��es sobre investimentos e programas de gera��o de renda e emprego.
A pr�-candidata do MDB, senadora Simone Tebet (MS), concorre com Doria na disputa pela cabe�a de chapa do chamado centro democr�tico, hoje limitado ao MDB, PSDB e Cidadania. Nas viagens que tem feito pelo pa�s em busca de apoio, Tebet sempre marca reuni�es com empres�rios, principalmente do agroneg�cio e do setor de inova��o e empreendedorismo. Nas entrevistas, faz quest�o de frisar o dif�cil momento econ�mico do pa�s, e de responsabilizar o atual governo pela crise.
Um dos alvos da senadora � a classe m�dia, que costuma se engajar com mais anteced�ncia nos debates eleitorais, mas, neste ano, est� mais preocupada com sua pr�pria situa��o, segundo a candidata. "Como hoje (a classe m�dia) est� devendo no cart�o de cr�dito, n�o porque parcelou uma viagem, mas porque est� se endividando para pagar supermercado, comprar comida, neste momento as pessoas n�o querem saber de pol�tica", comentou Tebet em sua passagem pelo Rio Grande do Sul, na sexta-feira.
Provoca��es, picanha e cerveja
As quest�es da economia fazem parte do discurso de Ciro Gomes (PDT-CE) h� bastante tempo. Ele foi o primeiro postulante ao cargo de presidente nesta corrida eleitoral a chamar o atual mandat�rio para o debate dos problemas do pa�s e da popula��o.
"Vamos falar de emprego, de sal�rio, de infla��o, de como um pa�s passa 11 anos sem crescer", declarou em v�deo gravado para a pr�-campanha. A diferen�a para os outros candidatos, por enquanto, � que ele tamb�m chama Lula para o embate, ao criticar em tom de provoca��o promessas j� feitas pelo petista.
"Picanha e cerveja, conversa mole, mentirosa, porque o povo pobre nunca teve direito a picanha e cerveja. Do outro lado, (avers�o ao) comunismo, apologia aos costumes, invadindo a religiosidade do nosso povo. Est� na hora de acabar com isso."
Engana-se, por�m, quem v� o presidente Bolsonaro sem armas eficientes para enfrentar esse debate. Para o cientista pol�tico Paulo Kramer, a equipe econ�mica do governo vem anunciando muitas medidas da agenda microecon�mica, como redu��o do IPI, novas linhas de financiamento e amplia��o do cr�dito consignado. Ainda h� as promessas de corre��o das al�quotas do Imposto de Renda, que impactam diretamente a classe m�dia, e de aumento do funcionalismo p�blico.
Ele lembra que a infla��o aumenta a arrecada��o e d� ao governo recursos adicionais – o chamado espa�o fiscal, para sustentar medidas consideradas "protetivas" neste momento de dificuldades.
"A Casa Civil, a Advocacia-Geral da Uni�o (AGU) e o Minist�rio da Economia est�o vendo as medidas que n�o t�m impacto fiscal ou complica��o jur�dica para aplicar", apontou Kramer. Para a equipe do presidente, diz o acad�mico, o importante � passar para o eleitor "a sensa��o de que a situa��o est� melhorando, mesmo que n�o da forma ideal".