
Embora fa�a cr�ticas ao PT e ao pr�-candidato Luiz In�cio Lula da Silva, utilizando, inclusive, o termo “quadrilha”, afirma tamb�m que em nenhuma hip�tese estar� do lado do presidente Jair Bolsonaro (PL), que deve disputar novo mandato.
“Bolsonaro n�o �, nunca foi e nunca ser� uma op��o de voto. [Entre] Bolsonaro e qualquer outro nome colocado, [escolho] o outro nome”, diz, ao explicar a posi��o que teria em eventual segundo turno entre o atual chefe do Executivo federal e o petista.
Em participa��o no podcast EM Entrevista, o parlamentar sinalizou estar dispon�vel para conversar com os partidos da terceira via sobre a possibilidade de ser o nome do grupo liderado por PSDB e MDB.
Janones sobre verba para show em Ituiutaba: 'Pobre � gente; quer divers�o'
“Transformaria minha candidatura, j� de imediato, em competitiva”, destaca, ressaltando n�o haver chance de ser vice de outro presidenci�vel.
Com 2% das inten��es de voto no �ltimo levantamento do Datafolha, Janones garante n�o guiar sua jornada pelas pesquisas. E, apesar de n�o querer r�tulos � esquerda ou � direita, se compara a Gabriel Boric, o esquerdista eleito presidente do Chile, em dezembro passado.
“� uma pessoa jovem, que representava muito a esperan�a de mudan�a”, explica. A inspira��o � tamanha que Janones fechou, inclusive, um acordo com o marqueteiro de Boric.
Em janeiro, o senhor disse ao EM que n�o iria “arredar p�” da disputa presidencial. Isso ainda est� valendo ou h� outras possibilidades em pauta?
� um projeto presidencial. O imponder�vel pode acontecer, mas at� aqui n�o tenho nenhum motivo para acreditar que o Avante v� retirar minha candidatura. Tenho relacionamento muito pr�ximo com o presidente nacional da sigla [o deputado federal Luis Tib�, de MG]. At� aqui, o plano � disputar a Presid�ncia. Estamos montando um time profissional que vai nos ajudar daqui pra frente.
Por que o senhor resolveu contratar Yehonathan Abelson, marqueteiro da campanha de Gabriel Boric no Chile?
Acreditamos em um case muito parecido com o do presidente do Chile. Boric � jovem e representa muito a esperan�a de mudan�a. N�o t�nhamos condi��es de disputar de igual para igual com os grandes nomes do mercado brasileiro. Fomos tentar uma sa�da fora da caixa. Sempre fui muito espont�neo. Qualquer pessoa que venha � nossa equipe chega para somar, mas tudo sempre ser� submetido a mim. Minha comunica��o � feita com base na naturalidade, na originalidade e na verdade. Uma campanha presidencial precisa de uma dose de profissionalismo. Faltam detalhes t�cnicos que ser�o discutidos na chegada dele [Abelson] ao Brasil, na segunda-feira [amanh�].
Boric, a quem o senhor se comparou, � declaradamente de esquerda. Do outro lado, sua pr�-candidatura tem tentado fugir dos r�tulos ideol�gicos. O senhor mant�m a ideia de n�o querer ser tachado como de direita ou de esquerda?
N�o quero me rotular, porque, a partir do momento em que me rotulo, sou obrigado a seguir cartilhas. Falando de uma pol�mica atual: sou a favor de todo e qualquer investimento em cultura. A Lei Rouanet precisa ser aperfei�oada, mas n�o criminalizada como tem sido. Sou favor�vel � realiza��o de shows sertanejos por prefeituras. Para mim, voc� n�o est� colocando sequer R$ 1 nas m�os do artista. O dinheiro p�blico a que tenho acesso, das minhas emendas, destino uma parte para que uma prefeitura possa fazer um show. Ent�o, digo: a condi��o � n�o poder cobrar ingresso. Se o dinheiro � p�blico, as pessoas entram gratuitamente para assistir ao espet�culo.
Quanto o senhor investiu para a realiza��o de shows em Ituiutaba?
R$ 1,4 milh�o por 10 shows de grandes nomes da m�sica: Zez� di Camargo e Luciano, Jo�o Neto e Frederico, Gian e Giovani e Guilherme e Santiago. Por que Concei��o do Mato Dentro, com R$ 1,2 milh�o, pagou s� o Gusttavo Lima, e minha cidade natal, com R$ 1,4 milh�o, pagou o Gusttavo Lima e mais nove desse n�vel? Isso tem de ser questionado. A emenda total [para Ituiutaba] foi de R$ 7 milh�es. Foram R$ 5,1 milh�es para sa�de e educa��o e R$ 1,9 milh�o para a cultura. Esse R$ 1,9 milh�o foi para a feira, incluindo estrutura [e os shows]. O dinheiro � voltado ao p�blico. As pessoas podem consumi-lo de gra�a e n�o pagam para entrar nos shows.
Esse dinheiro chegou a tr�s meses da elei��o e a festa ocorrer� em setembro. N�o � uma situa��o ruim?
N�o h� como mudar a data de anivers�rio de uma cidade. A cidade n�o pode parar por ser ano eleitoral. Quando o PT aparelhou a m�quina p�blica, fez isso. Por isso, ficou no poder por 14 anos. Aparelhando o Estado e beneficiando os apaniguados — essa quadrilha que assaltou o Brasil por 14 anos. A festa agropecu�ria de Ituiutaba acontece h� 46 anos; o anivers�rio da cidade � em 16 de setembro e a festa vai at� o dia 25. Vou chegar � minha terra natal e dizer que n�o vai haver festa porque Ituiutaba deu azar de ser emancipada perto da elei��o?
A verba para Ituiutaba foi liberada via emenda Pix, modalidade em que a prefeitura define onde aplicar a verba. Quando o senhor resolveu enviar os R$ 7 milh�es, foi avisado sobre a destina��o? O senhor sabia que parte do dinheiro vai bancar shows?
N�o queria que existisse esse tipo de emenda. Dificulta a fiscaliza��o. Mas n�o tenho o poder de acabar com a exist�ncia dessa emenda da noite para o dia. O que posso fazer �, no meu mandato, agir da maneira mais coerente e �tica poss�vel. Comunico aos prefeitos com o qu� gostaria que a emenda fosse gasta. � um acordo de cavalheiros. Na parte da festa, n�o vou tirar a responsabilidade de mim. Essa [emenda] � minha. Quero que seja realizada a maior festa agropecu�ria da hist�ria da cidade. As pessoas t�m direito de se divertir, direito a lazer e direito a entretenimento. Pobre � gente, quer se divertir.
O senhor � favor�vel � minera��o na Serra do Curral? Como viu o projeto da Tamisa aprovado pelo governo mineiro?
Tive atua��o marcante na CPI de Brumadinho e, quando me refiro ao epis�dio, n�o digo trag�dia, mas chacina. Mesmo que isso nunca seja reconhecido, tive acesso a documentos, e-mails e depoimentos que me convenceram de que foi quase premeditado — no m�nimo, um dolo eventual. Tem de ter deixado alguma li��o. Sou contra [a minera��o na Serra do Curral]. Tudo que a gente puder fazer para impedir a minera��o em �reas como essa, pretendemos fazer.
O senhor tem a experi�ncia e as condi��es necess�rias para governar o pa�s? Quais seriam suas diretrizes econ�micas, por exemplo?
N�o tenho a experi�ncia como n�o tinha quando cheguei � C�mara sem sequer ter sido vereador. Hoje, estou entre os deputados com mais engajamento e apelo popular. Se eleito presidente, vou ter, em uma prateleira, os maiores economistas do planeta para escolher quem eu quiser. O nome [do economista] n�o vou apontar por quest�o �tica. O presidente � um generalista que debate com especialistas. Criou-se essa cultura do super-her�i que aperta um bot�o e resolve tudo. Ningu�m tem todas as solu��es. As pessoas que vou escolher [para eventual governo] t�m que ter, como foco, a diminui��o da desigualdade social. � ter um Estado grande o suficiente para que ningu�m passe fome ou viva na mis�ria — como temos, hoje, boa parte dos brasileiros. Mas, tamb�m, enxuto o suficiente para n�o dificultar quem quer empreender. Essa solu��o n�o est� na cartilha da esquerda ou da direita. Nenhuma ideologia d� conta da realidade. Ser�o parte integrante do nosso governo pessoas que n�o estejam presas a amarras ideol�gicas e que tenham, como premissa b�sica, a redu��o das desigualdades. E, falando especificamente da economia: com coragem para enfrentar o verdadeiro c�ncer da na��o, o sistema financeiro, os banqueiros. Cinco fam�lias, sozinhas, controlam mais de 50% do PIB do pa�s. Bolsonaro ou Lula n�o podem enfrentar, pois est�o comprometidos com essas fam�lias, que d�o sustenta��o �s campanhas deles.
Em quem o senhor votaria caso ocorresse um segundo turno entre Lula e Bolsonaro?
Bolsonaro n�o �, nunca foi e nunca ser� op��o de voto. [Entre] Bolsonaro e qualquer outro nome colocado, [escolho] o outro nome.
Em Minas: Zema ou Kalil?
Enquanto deputado e presidenci�vel, n�o vou apoiar nenhum deles. Sou pr�-candidato e n�o vou apoiar quem n�o est� me apoiando. Em rela��o ao voto, vou pensar at� l� e acompanhar as propostas. Vejo os dois como bons nomes para governar o estado. Tenho um pouco mais de simpatia pelo Alexandre Kalil, mas n�o estou declarando voto ou apoio. Estou como um eleitor comum.
Por que Bolsonaro n�o decola mesmo com o Aux�lio Brasil?
Precisamos descobrir, na verdade, como ele decola a ponto de ter chances de estar no segundo turno. Acho este governo desastroso, horripilante e chocante. O governo Lula tem cr�ticas, den�ncias de corrup��o e v�rios erros — e v�rios acertos. Mas tudo isso est� dentro do campo da democracia. A partir do momento em que [Bolsonaro] atenta contra os pilares da democracia, estimula o fechamento do STF e trata a imprensa como inimiga, precisamos entender como h� risco de ir para o segundo turno.
Qual � a sua explica��o para isso?
Para mim, faz parte de um projeto macabro e mais profundo para enfraquecer a imprensa, o STF e descredibilizar quem contrap�e. � uma maneira de, devagar, instituir um regime ditatorial. H� um planejamento profissional�ssimo por tr�s.
A terceira via, agora com Simone Tebet, ainda n�o decolou. O senhor aceitaria assumir o posto de candidato da terceira via?
Aceitaria, mas tenho os p�s no ch�o. N�o acredito que viria algum convite de l� pra c�. Se vier, participar�amos de um debate. Tendo semelhan�a entre os projetos de pa�s, aceitaria [ser o nome da terceira via], pois transformaria minha candidatura, j� de imediato, em competitiva — pois acredito que isso v� ocorrer s� no final.
� poss�vel citar os partidos com quem o Avante conversa em prol de alian�as?
Deixo a cargo de Luis Tib�, que faz contatos e reuni�es frequentes com l�deres de outros partidos. Quando afunilar para discutir uma poss�vel alian�a, entro em campo. Ele j� conversou algumas vezes com o Uni�o Brasil e se reuniu com o Podemos. Lula, por duas vezes, mandou emiss�rios. N�o tenho resist�ncia em conversar, mas tenho os p�s no ch�o. Lula, em primeiro nas pesquisas, n�o vai desistir de sua candidatura para me apoiar. Se eu tamb�m n�o vou desistir, o que poderia ter de frut�fero em uma conversa dessas? Por isso n�o conversamos at� agora. � exce��o de Bolsonaro, a gente aceita dialogar com todos os outros candidatos do campo democr�tico.