
Nesta entrevista ao Estado de Minas, ao passo em que enaltece a��es como as articula��es pela amplia��o do metr� de Belo Horizonte, Zema garante n�o estar satisfeito. “Minas merece mais”, refor�a, mencionando cobran�as por ajuda para a revitaliza��o de estradas. “Quer�amos que as rodovias federais tivessem recebido uma aten��o e manuten��o maiores, e que a BR-262, no sentido Tri�ngulo, tivesse recebido recursos para ser duplicada. Tivemos um apoio, alguma coisa, mas gostaria de muito mais.”
H� mais de um m�s, o governo de Zema est� envolto em pol�mica nascida ap�s a aprova��o, no Conselho Estadual de Pol�tica Ambiental (Copam), de um empreendimento miner�rio na Serra do Curral. Ambientalistas dizem que a minera��o vai devastar a serra. O pol�tico do Novo defende o parecer favor�vel ao pleito da Taquaril Minera��o S.A (Tamisa). “H� muita pol�mica e cabe uma an�lise t�cnica disso”, pontua. “A paisagem de Belo Horizonte vai ser preservada. Nada ali vai ser tocado”, assegura.
Ao tratar de Alexandre Kalil (PSD), que deve ser seu rival na elei��o estadual, faz quest�o de relacion�-lo ao PT, com quem o ex-prefeito de BH firmou alian�a, e com o ex-governador petista Fernando Pimentel, acusado por Zema de “arruinar” as contas p�blicas. “A turma dele (Kalil) estragou Minas. O que � estragado, leva um tempo. Estragar � muito mais f�cil e r�pido que consertar.” E, ao seguir tratando do advers�rio, mant�m o tom alto: “Ele nunca conseguiu fazer muito e vive s� de cr�ticas”.
Depois de tr�s anos de gest�o, o senhor virou pol�tico ou ainda � um empres�rio?
Virei um pol�tico diferente. N�o venho da m� pol�tica que tanto prevalece no Brasil. Eu me considero um pol�tico, mas que preza pela �tica, pela efici�ncia do setor p�blico e que governa para a popula��o – e n�o para os poderosos, como sempre costumou ser regra em Minas e no Brasil, infelizmente.
O senhor disse ser um “pol�tico diferente”. Em 2018, o Novo n�o fez alian�as eleitorais, mas, para este ano, negocia com outros partidos. Como est�o essas conversas? O nome de seu vice est� entre Bilac Pinto (Uni�o Brasil) e Marcelo Aro (PP)?
Ainda n�o h� essa defini��o. Gostaria muito de estar com isso definido, pois eliminaria uma enorme perda de tempo tendo de explicar a quest�o. Temos conversas com diversos partidos e queremos fazer o que for melhor. Aprendemos que precisamos ter alian�as e um grupo maior. Fui eleito por um grupo que estava mais distante da pol�tica e, pela primeira vez, ocupou o governo. Voc� come�a a ter mais dificuldades para governar quando seu grupo � pequeno. Sou favor�vel �s alian�as. As tratativas est�o em andamento, considerando os nomes que voc� mencionou. As alian�as v�o demonstrar que o Novo est�, efetivamente, fazendo a pol�tica que conhecemos, trazendo mais pessoas e grupos ao time.

O Novo costuma fazer sele��es para aceitar membros e candidatos, mas alian�as significam a negocia��o de cargos. Essas pessoas indicadas por partidos dessas alian�as n�o ter�o passado pelos crit�rios do Novo. Como isso � debatido internamente?
N�o h� nenhum problema. N�o abrimos m�o de gente competente. Teremos um processo seletivo e, quando houver os tr�s melhores nomes, haver� a indica��o de um. N�o vamos abrir m�o dos nossos valores e princ�pios. Somos um partido que acredita na meritocracia, e n�o em indica��es dos amigos do rei. Minas Gerais, talvez, nunca tenha tido um secretariado do n�vel de hoje – sem querer desmerecer nenhum governo anterior. Nenhum (secret�rio) foi indica��o pol�tica. Aprendi a duras penas que trazer secret�rio de outro estado � malvisto em Minas. Trouxe cariocas e paulistas para trabalharem em minha empresa. Em Minas, parece que n�o pode, que h� um xenofobismo. Fomos criticados por isso. Temos de trazer o melhor; quem resolve o problema. Estamos mostrando que temos resolvido.
O senhor falou em meritocracia. Pode relacionar essa palavra � diversidade? Como o senhor pensa a presen�a de mulheres, negros e pessoas LGBTQIA+ no governo?
Nunca um governo de Minas teve tantas mulheres no primeiro e no segundo escal�es como no nosso. Antes, predominavam indica��es pol�ticas ou politiqueiras. Em meu governo, o m�rito � o que est� em quest�o – e h� muita mulher inteligente e competente, como as secret�rias. Mar�lia (Melo) foi a primeira secret�ria de Meio Ambiente; Ana Valentini, a primeira mulher a ocupar a Secretaria de Agricultura. O percentual de mulheres no governo de Minas nunca foi t�o elevado quanto em minha gest�o. Venho do setor privado e sempre caminhei junto �s melhores pr�ticas de gest�o, que dizem para fazer um processo seletivo e esquecer o sexo (g�nero, na verdade). � como escutar algu�m que vai ser promovido a uma orquestra sem saber quem toca. Tenho incentivado demais as mulheres a participarem da pol�tica. Tive encontros exclusivamente com mulheres para dizer “venham ser candidatas”. � medida que a participa��o feminina aumenta, vamos melhorar a pol�tica. As mulheres podem agregar muito. Acredito na diversidade, mas n�o s� de mulheres, como de negros etc. Sei perfeitamente como se enriquece um ambiente com diversidade.
O senhor criticou a conserva��o de algumas rodovias mineiras. A malha controlada pelo governo estadual tem diversas defici�ncias. O que tem a dizer sobre isso?
A situa��o de Minas, quando assumimos, era como uma casa onde o pai de fam�lia n�o consegue comprar alimento suficiente para os filhos. E, se ele n�o consegue comprar alimento, pode pensar em arrumar um telhado cheio de goteiras? � pouco prov�vel. Somente no ano passado conseguimos colocar sal�rio e 13º em dia, al�m de come�ar a pagar as f�rias-pr�mio do pessoal da educa��o, que aguardava h� oito anos. A prioridade foi humana. As pessoas precisam comer, ter planejamento e saber quando v�o receber. S� neste ano conseguimos lan�ar o Pr�-Vias. Estamos recuperando totalmente 2,5 mil quil�metros de rodovias estaduais. � recapeamento, n�o mais opera��o tapa-buraco. Vamos ter uma segunda onda, pois 2,5 mil quil�metros (de melhorias) n�o s�o suficientes. Temos cerca de 5 mil quil�metros que precisam de recapeamento. J� temos mais de 70 frentes de trabalho no estado. Quem roda v� que as rodovias est�o sendo recuperadas. Nos �ltimos 10 anos, devido �s dificuldades do estado, nada foi feito al�m de opera��es tapa-buraco. � como uma roupa remendada. As rodovias, que s� vinham piorando, v�o come�ar a melhorar. Mas, em um estado do tamanho da Fran�a, n�o se faz isso em seis meses. � um trabalho iniciado neste ano, que vai continuar ano que vem. Em 2024, a� sim, teremos uma malha vi�ria (melhor). Meu sonho � termos estradas t�o boas quanto as de S�o Paulo.
Como est�o as conversas com o Planalto para recuperar as estradas federais?
Tenho presen�a constante em Bras�lia desde o in�cio do governo. Tive v�rias reuni�es com o ex-ministro Tarc�sio (de Freitas, da Infraestrutura), agora substitu�do devido � campanha (ao governo paulista) solicitando melhorias nas BRs mineiras – principalmente na 262 e na 381. Passo pela BR-262 constantemente quando vou ao Tri�ngulo. O que tivemos em Minas, no passado, foram concess�es malfeitas por parte do governo federal – � o caso da BR-262. A concession�ria quer devolver e est� em lit�gio. O ministro Tarc�sio se comprometeu a fazer uma licita��o. Houve uma licita��o da BR-381 no sentido Esp�rito Santo que deu vazio, mas o governador (Renato) Casagrande e eu nos comprometemos a reservar pelo menos R$ 2 bilh�es do acordo de Mariana, que vai sair neste ano, para viabilizar a concess�o da BR-381. � um sonho de d�cadas. Desde crian�a vejo essa rodovia congestionada e matando pessoas. Os R$ 2 bilh�es v�o significar ped�gio mais barato.
Alexandre Kalil, que deve ser seu rival na elei��o, disse que colocar os sal�rios em dia � obriga��o. Esse �, de fato, seu principal legado para o estado?
Reformamos 1,3 mil escolas que estavam desmoronando, e a merenda, agora, tem prote�na e fruta. As estradas estavam em estado cont�nuo de deteriora��o – elas n�o est�o todas arrumadas, mas caminham para uma situa��o adequada. Minas � o estado mais seguro do Brasil e o 20º colocado em transpar�ncia; hoje, � o primeiro. Tivemos avan�os. Ele (Kalil) com o Pimentel, do PT, que est� no mesmo grupo dele, foi quem atrasou os sal�rios. Semana passada, terminei de pagar uma das d�vidas, de R$ 7 bilh�es, do Pimentel e do PT, que � do grupo do Kalil, com as prefeituras. Ser� que ele queria que eu ficasse sem pagar as d�vidas dos prefeitos para poder fazer alguma coisa? Se essa � a vis�o dele, infelizmente n�o � a minha. Gosto de fazer o certo. A turma dele estragou Minas. O que � estragado, leva um tempo. Estragar � muito mais f�cil e r�pido que consertar. Os R$ 7 bilh�es dariam para fazer algumas boas obras. Se n�o fiz, � por causa dele, do Pimentel e da turma que arruinou Minas. Agora, j� estamos com as contas mais equilibradas, apesar de ainda em uma situa��o grave. J� temos condi��es de come�ar a fazer algo. A turma que destruiu o estado � a que critica por termos consertado. Criticar faz parte da vida dele (Kalil). Ele nunca conseguiu fazer muito e vive s� de cr�ticas.
Qual o peso da liminar que suspendeu o pagamento da d�vida com a Uni�o, hoje em torno dos R$ 149 bilh�es? A medida cautelar venceu e ainda n�o se sabe o que o STF far�. Como ser� se houver a cobran�a do passivo?
Se a liminar tivesse ca�do, teria sido uma cat�strofe financeira, o que teria for�ado a an�lise do Regime de Recupera��o Fiscal, pelo qual sempre advogamos. Est� na Assembleia h� tr�s anos. H� horas em que, infelizmente, no Brasil, as coisas s� acontecem quando est� pegando fogo. Enquanto n�o est�, as pessoas acham que n�o precisa. As liminares v�o cair agora, j� est� definido. Estive com os ministros Barroso e Fux, que foram muito claros: a pandemia acabou e Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Goi�s j� aderiram. Por que Minas Gerais, em situa��o pouco pior, n�o faz a ades�o? Para mim, aderir ao regime n�o � tabu. Me parece que, por quest�es eleitoreiras, uma parte da Mesa Diretora da Assembleia n�o quis analisar o projeto.

Recentemente, a Assembleia aprovou projeto que permite a assinatura de um conv�nio direto com a Uni�o para refinanciar a d�vida de Minas. O senhor pensa em firmar acordo do tipo?
O que a Assembleia fez � a (autoriza��o �) ades�o a um parcelamento ordin�rio. � como algu�m que deve � Receita Federal e quer aderir a um parcelamento ordin�rio. O que solicitamos � um parcelamento extraordin�rio, com 30 anos para pagar. O que foi feito � o m�nimo que se faria, pois o estado, para um parcelamento, precisa de autoriza��o legislativa. Aderiram a um prazo curto, n�o sei se tr�s, quatro ou cinco anos (pelo projeto, o prazo � de 30 anos). O que quero para o mineiro � 30 anos.
A coaliz�o de deputados estaduais que apoiava seu governo foi extinta por aus�ncia de n�mero m�nimo de parlamentares. As articula��es governistas permanecem, mas h� dificuldades para formar uma base aliada. O que o senhor tem em mente, inclusive, para obter votos em prol da Recupera��o Fiscal?
N�o deixaram sequer ir para o plen�rio. Se � um plano t�o ruim, por que n�o foi ao plen�rio e os deputados recusaram? � bom chamar os deputados para escut�-los. Me parece que algu�m da Mesa Diretora n�o quer que Minas seja consertada. Isso fica ruim para ele em ano eleitoral, onde a turma advers�ria quer ver o circo pegar fogo e o governo e o mineiro irem mal – para aumentar as chances de ganhar. Se depender de mim, isso n�o vai acontecer. Quero ganhar a elei��o no primeiro turno.
O senhor vetou um projeto de lei que estabelecia puni��es para estabelecimentos onde ocorressem LGBTfobia, que previa uma atualiza��o das multas e inclu�a as pessoas trans. Como trata a prote��o de pessoas LGBTQIA ?
Como gestor h� mais de 35 anos, sempre prezei a diversidade. A empresa que administrei dava emprego a pessoas de toda natureza, inclusive LGBTs, sem nenhuma discrimina��o. Sempre fui advogado da diversidade. Agora, o que n�o podemos � criar complica��es para as empresas. Na hora em que cheguei aqui, eu fui no banheiro, tinha um banheiro masculino e um feminino. O que queriam era algo como complicar isso. Vetei em nome de evitarmos problemas. Se amanh� algu�m fosse entrar em um banheiro, iria ser dito que entrou no banheiro errado. O que estamos fazendo � respeitar as pessoas e as minorias. N�o temos nenhuma restri��o a isso. Agora, polemizar uma quest�o dessa sempre vai ter. Se depender de algumas pessoas, vai haver cinco, seis tipos de banheiros diferentes. Sou um advogado, tamb�m, da simplifica��o. N�o podemos complicar o mundo porque algu�m pensou que, de determinada maneira, poderia ser melhor. Na minha (empresa), todos sempre foram muito bem considerados. No meu governo, a mesma coisa. Inclusive, temos pessoas assim no alto escal�o do governo – n�o vou citar aqui, pois n�o sei se a pessoa quer ou n�o. Eu me relaciono bem sempre com esse p�blico, n�o tenho nenhuma restri��o a esse tipo de p�blico. Agora, sempre vai haver aqueles que gostam de causar pol�mica, que v�o querer que tenha o tratamento desse ou daquele outro jeito. Ent�o, em nome de uma simplifica��o de fazer, inclusive, o que prevalece no mundo desenvolvido, n�s vamos seguir esse caminho.
O projeto n�o fala sobre g�nero em banheiros, mas de atualiza��o das multas para estabelecimentos e prev� tamb�m a inclus�o de prote��o de pessoas transg�neras, que n�o tinha na lei de 2013. O argumento do banheiro n�o estava no projeto original.
As leis, muitas vezes, n�o s�o redigidas de maneira adequada. Houve pessoas que interpretaram dessa forma. Se, amanh�, houvesse esse tipo de interpreta��o, ir�amos cair nessa interpreta��o que eu acabei de falar. Talvez, (a solu��o) seja rever esse projeto de lei que foi feito no passado de uma maneira mais adequada. Fica clara minha preocupa��o de respeitar todas as minorias. Sempre trabalhei da forma mais diversa poss�vel. A empresa em que eu estava � frente tem mais de 5 mil funcion�rios, de todas as ra�as e minorias. Nunca houve e nunca haver� nenhuma restri��o no meu governo.
Recentemente, durante passagem por Minas, Bolsonaro voltou a acenar ao senhor dizendo que “em time que est� ganhando, n�o se mexe”. Por que, mesmo com seu apoio p�blico a Felipe d’Avila, presidenci�vel de seu partido, a possibilidade de alian�a com Bolsonaro permanece viva no imagin�rio popular?
Houve uma vincula��o do meu nome ao dele porque fomos eleitos na mesma elei��o, em 2018. �ramos nomes desconhecidos. Conheci o presidente Bolsonaro pessoalmente em 14 de novembro de 2018, mais de duas semanas depois da elei��o. Por termos sido eleitos em situa��o semelhante, houve essa vincula��o, mas nunca estive no partido dele – e ele nunca esteve no meu partido.
De 1 a 10, como o senhor avalia a aten��o do governo federal com Minas?
O governo federal poderia ter feito muito mais por Minas Gerais. Fez (algo)? Fez. Vamos ter o metr� de Belo Horizonte, que foi fruto do ministro Tarcisio, de ter ido a Bras�lia diversas vezes. Mas quer�amos que as rodovias federais tivessem recebido uma aten��o e manuten��o maiores e que a BR-262, no sentido Tri�ngulo, tivesse recebido recursos para ser duplicada. Tivemos um apoio, alguma coisa, mas gostaria de muito mais – e tenho cobrado. N�o estou satisfeito, porque Minas merece mais.
E a nota de 1 a 10?
Para mim, que n�o fui acompanhar o que o governo federal fez no Par�, � muito dif�cil. Mas se eu for avaliar meu governo, � uma nota m�dia. Temos muito o que fazer por Minas Gerais ainda.
O senhor tem defendido a minera��o da Tamisa na Serra do Curral. N�o teme ficar para a hist�ria como o governador que permitiu a devasta��o de um dos s�mbolos de Belo Horizonte e de Minas Gerais?
Sempre tive uma preocupa��o muito grande com ecologia. Implantei em minha empresa um programa de reciclagem. Fizemos reflorestamento e preserva��o. Trouxe isso para o governo. Quem aplicou a maior multa para uma mineradora na hist�ria do mundo? Meu governo, com R$ 37 bilh�es. Se fizer errado no meu governo, vai pagar muito caro. O governo que destruiu Minas Gerais, do Pimentel e do PT, aplicou uma ‘multazinha’ em Mariana que eu estou revendo agora. Vai ser muito maior, provavelmente, do que esses R$ 37 bilh�es. Se houve algu�m leniente e conveniente com a mineradora, foi o governo Pimentel e do PT. Nunca se diversificou tanto a atividade econ�mica em Minas Gerais para depender menos da minera��o. Na semana passada, anunciei diversos investimentos em Minas; nenhum de minera��o, para que dependamos cada vez menos. Da forma que foi noticiado, �s vezes d� a entender que a Serra do Curral, aquele monumento, ser� minerado. N�o vai. A paisagem de Belo Horizonte vai ser preservada. Nada ali vai ser tocado. Essa mineradora est� fora da �rea de preserva��o. Temos trabalhado com as prefeituras de Nova Lima e Belo Horizonte pelo tombamento da �rea. Essa mineradora foi aprovada por crit�rios t�cnicos, rigorosos, muito mais do que no passado, porque foi depois da Lei Mar de Lama Nunca Mais. A r�gua subiu muito e atende ao que a legisla��o especifica. Imagine voc� comprar um lote para fazer sua casa e o poder p�blico falar 'voc� n�o pode fazer a casa aqui, porque eu n�o quero'. H� certa semelhan�a a isso. Minas Gerais hoje � o estado no Brasil que est� caminhando para uma economia sustent�vel. Somos o primeiro estado a assinar o Race to zero, de emiss�o zero em 2050. Somos o estado que mais investe e mais tem energia fotovoltaica na sua matriz energ�tica. �, disparado, o primeiro produtor do Brasil, atra�mos investimento da Bravo Motors, que vai produzir carro el�trico aqui. Temos enorme preocupa��o para que nosso caf�, grande pauta de exporta��o, e a siderurgia sejam de produ��o sustent�vel. O mundo n�o vai comprar, amanh�, nem a�o nem caf� se eles s�o produzidos atrav�s da devasta��o ambiental.
O senhor citou crit�rios t�cnicos e a legisla��o. Mas h� outras coisas envolvidas no caso, como pareceres que apontam amea�as ao Pico Belo Horizonte. Apenas a lei basta? N�o h� outras quest�es no debate, como o simbolismo do pico?
Sou favor�vel � preserva��o e ao direito do cidad�o. Se voc� compra um terreno para construir a sua casa de boa-f� e atende a todos os quesitos legais e, amanh� a prefeitura n�o deixa construir a casa, como voc� iria ver uma situa��o dessa? Iria se sentir um cidad�o perseguido, um cidad�o prejudicado. Houve an�lise t�cnica. A Secretaria do Meio Ambiente analisou, atendeu. O Copam, que tem membros da sociedade civil de diversos entes, analisou. Foi aprovado. Houve reclama��es em que a Justi�a n�o deu proced�ncia a quem questionou. Se, amanh�, houver uma decis�o que fale que esse empreendimento vai afetar a Serra do Curral, vou ser o primeiro a acatar. Tem de ficar muito claro. Estou aqui para fazer o certo. H� muita pol�mica e cabe uma an�lise t�cnica disso. N�o sou engenheiro ambiental; para mim, � muito dif�cil entrar em detalhes t�cnicos. Confio na minha equipe, que est� h� d�cadas na Secretaria do Meio Ambiente e, vale lembrar, j� falou ‘n�o’ para muitos empreendimentos. Se a Justi�a definir – est� tendo muitas a��es judiciais –, vou ser o primeiro a obedecer. N�o sou nem favor�vel nem contr�rio; quero fazer o certo.
A vota��o do Copam sobre a Serra do Curral terminou durante a madrugada. Isso n�o passa uma impress�o ruim? N�o dava para suspender e retomar durante o dia?
A vota��o demorou porque tinha muita gente querendo opinar. Tem um cronograma a ser cumprido. Se houver 100 pessoas querendo se manifestar, a vota��o vai ser longa. O interesse era concluir.
H� um pedido de tombamento da Serra do Curral. Isso n�o tem peso no debate?
Sou favor�vel ao tombamento. O governo est� conversando com os munic�pios de Belo Horizonte, Nova Lima e Sabar� para que a serra seja tombada. Que fique claro: ela ser� preservada. Se, amanh�, houver qualquer quest�o � serra, temos que deixar claro: � algo que passou pelo setor t�cnico. As coisas foram analisadas.
Em futuro tombamento estadual, a �rea-alvo da permiss�o dada � Tamisa entraria como �rea de preserva��o?
N�o tenho detalhes aqui. N�o saberia dizer.
E o que o senhor defende nesse caso?
Defendo a preserva��o daquele monumento que � a Serra do Curral, e a equipe t�cnica me assegurou que ela est� sendo preservada. Pronto.
H� questionamentos de ambientalistas, professores e outros segmentos. V�rios atos em defesa da Serra do Curral t�m sido feitos. O senhor n�o leva em conta essa voz dissonante do secretariado t�cnico do senhor? N�o seria o caso de ouvir o que essas pessoas est�o dizendo em rela��o aos riscos?
Advogo a preserva��o. Os t�cnicos me asseguraram que a serra est� preservada e que essa mineradora est� fora da �rea de impacto. Se estivesse (dentro), n�o teria sido aprovado. Ent�o, fica 'um diz n�o me diz'. H� muita gente que gosta de holofote e pol�mica. Sempre vou pelo lado da decis�o t�cnica. Respeito muito todos que t�m preocupa��o – eu sou preocupado. Quando me falaram que foi aprovado, fui me inteirar e me deixaram claro que est� seguindo crit�rios t�cnicos. Agora: sempre vai haver diverg�ncias. � como na medicina: se voc� for fazer um tratamento de sa�de e procurar tr�s m�dicos, �s vezes cada um vai sugerir algo diferente. Essas diverg�ncias s�o comuns. O Copam � a c�mara t�cnica onde isso foi exaustivamente discutido, at� de madrugada, para todos se manifestarem. Ent�o, houve uma discuss�o exaustiva. Acabou-se votando a favor. Por qu�? Depois de tanta discuss�o, muito provavelmente, porque o projeto tinha embasamento.