
Bras�lia - A minuta do plano de governo que a chapa de Luiz In�cio Lula da Silva (PT-SP) e Geraldo Alckmin (PSDB-SP) vai lan�ar oficialmente na pr�xima ter�a-feira, em S�o Paulo, j� est� nas m�os dos dois pr�-candidatos. Aprovado por unanimidade, nesta semana, pelos sete partidos que formam a coliga��o, o documento � fruto de um raro consenso entre partidos de esquerda, que flexibilizaram pontos de vista, sem abdicar de bandeiras hist�ricas. E refor�a o papel moderador do PSB nos debates internos.
Temas mais pol�micos ficaram de fora, como a legaliza��o do aborto, e outros, considerados inexequ�veis, como a proposta de desmatamento zero na Amaz�nia, foram abrandados. A quest�o ambiental, por�m, foi a que mais recebeu contribui��es. Para quem participou da elabora��o do plano – que servir� de base ao programa oficial a ser registrado pela chapa na Justi�a Eleitoral – o resultado reflete a disposi��o dos partidos aliados de superar diverg�ncias pol�tico-ideol�gicas em nome do objetivo comum. “Se Bolsonaro tem algum m�rito - o �nico - � o de ter juntado as oposi��es para venc�-lo em outubro”, diz Alexandre Navarro, vice-presidente da Funda��o Jo�o Mangabeira, ligada ao PSB, e um dos representantes de Geraldo Alckmin nos debates internos de elabora��o do plano.
O PT, desta vez, n�o deu a palavra final. Ao contr�rio, a legenda iniciou os trabalhos. A Funda��o Perseu Abramo (ligada ao partido) elaborou o texto-base das discuss�es. A partir da�, foram apresentadas 124 emendas, e a maioria foi acatada em parte ou integralmente. Ao PSB, o segundo partido mais importante da base, coube o papel de zelar para que o conte�do do documento mirasse mais o centro do espectro pol�tico e menos os interesses das alas mais � esquerda da alian�a. “O PT � mais visceral, o PSB, mais pragm�tico, mas n�s nem nos preocupamos muito com isso. Quer�amos e buscamos o resultado, sem preponder�ncia de nenhum partido”, explicou Navarro.
A opini�o � compartilhada pela deputada federal Maria do Ros�rio (RS), representante do PT no grupo. “A presen�a do PSB, a candidatura do Alckmin a vice-presidente, agrega o di�logo com esses segmentos. Est� sendo muito importante. Eu, que sempre fui da ala mais � esquerda do PT, defendi o nome dele, que a gente aceitasse essa alian�a”, afirma.
O debate sobre a nova legisla��o trabalhista foi emblem�tico. O texto original proposto pelo PT defendia a “revoga��o da reforma trabalhista feita no governo Temer e a constru��o de uma nova legisla��o trabalhista”. Essa era tamb�m uma bandeira eleitoral do PSol. Solidariedade e PSB, por�m, defendiam o aprimoramento da legisla��o, principalmente em rela��o �s regras de prote��o aos novos modelos de trabalho advindos da revolu��o da tecnologia digital, como a regulamenta��o dos contratos intermitentes e do trabalho em home office.
A sa�da foi buscar ajuda das centrais sindicais (em especial, CUT e For�a), que elaboraram a proposta intermedi�ria de “revis�o”, aceita por todos, inclusive pelo pr�-candidato Lula. Na ter�a-feira, em entrevista � r�dio Vitoriosa, de Uberl�ndia, ele declarou que � necess�ria “uma revis�o na reforma trabalhista e da Previd�ncia”. O programa ter� v�rias contribui��es do PSB, principalmente nas �reas de economia criativa e sustentabilidade, ci�ncia e tecnologia, inova��o e acessibilidade. A pedido de Alckmin, incluir� est�mulos � competitividade no setor p�blico e na iniciativa privada. Ele tamb�m emplacou a proposta de fazer dos restaurantes populares uma pol�tica p�blica de �mbito nacional.