
Em um v�deo publicado pelo Uol, que � o momento no qual a vigilante presta o depoimento para a Pol�cia Civil do Paran�, mostra que a mulher chegou a pensar que Jorge tentou intimid�-la durante as duas vezes que esteve no clube. Isso porque, segundo ela, ele quase a atropelou no momento em que voltou ao local do crime, antes de disparar contra Arruda.
Daniele fazia uma ronda no local quando viu o carro de Jorge deixar a ch�cara, momentos ap�s o primeiro encontro ele e Marcelo. A vigilante disse que o policial saiu “cantando pneu” e disse ter ouvido ele falar o nome do presidente para a mulher dele. “Ele estava com o vidro aberto, porque vi que ele estava com a mulher e uma crian�a. A mulher dele parecia assustada, mas achei normal, talvez ela n�o tinha gostado do lugar”, disse � pol�cia.
Cerca de 20 minutos depois, ela viu o carro voltar ao local, em alta velocidade. Daniele, que fazia a ronda de moto, viu no retrovisor que o ve�culo n�o iria desviar dela. “Falei ‘de novo?’, achei estranho, pensei que ele queria me intimidar, porque da primeira vez ele saiu do local cantando pneu. Mas pensei que era coisa da minha cabe�a. Mas dessa segunda vez ele veio pra cima. Eu joguei a moto para o lado. Ou eu jogava a moto ou ele passava por cima”, relatou. O epis�dio ocorreu na estrada que levava at� o clube.
Assustada, ela informou ao colega com quem dividia o turno que “um cara tentou me matar” e os dois foram procurar o homem. Foi o momento em que ela ouviu o grito ‘Aqui � Bolsonaro’ e os disparos. Quando ela e o parceiro de trabalho chegaram ao local, o tiroteio j� havia come�ado “a cerca de um minuto”. Era por volta das 23h54. “Procurei achar apoio, ligar para pol�cia", disse.
Daniele confirmou, tamb�m, que ela era a autora de um �udio que viralizou em grupos no qual ela afirmava “um cara no carro quase me atropelou gritando Bolsonaro”. Ela disse que enviou a mensagem para o patr�o, antes dos disparos.
Depoimento n�o foi citado na conclus�o do inqu�rito; defesa critica posicionamento da pol�cia
O depoimento de Daniele n�o � citado na conclus�o do relat�rio final da investiga��o. Na sexta-feira (15/7), a Pol�cia Civil do Paran� anunciou a conclus�o do inqu�rito do caso com o indiciamento de Jorge Guaranho por homic�dio qualificado por motivo torpe e por causar perigo a outras pessoas. A delegada do caso, Camila Cecconello, afirmou que o epis�dio n�o se tratava de crime de �dio por motiva��o pol�tica, e sim o resultado de uma discuss�o que virou pessoal.
No entanto, a pol�cia admite que Jorge foi at� o local e causou a primeira discuss�o por motiva��o pol�tica, mas disse que n�o h� provas suficientes para constatar crime de �dio. Na conclus�o do caso n�o h� men��o do v�deo do depoimento de Daniele, que confirma a men��o ao presidente Bolsonaro minutos antes dos disparos.
"N�o h� provas de que ele voltou para cometer crime pol�tico. � dif�cil falar que ele matou pelo fato de a v�tima ser petista. Ele voltou porque se mostrou ofendido pelo acirramento da discuss�o", declarou Cecconello.
O relat�rio de conclus�o foi duramente criticado pelos advogados de defesa da fam�lia de Marcelo Arruda. "O relat�rio apresentado � recheado de contradi��es e imprecis�es que demonstram a deficiente forma��o do mesmo", declararam os advogados Daniel Godoy Junior, Paulo Henrique Zuchoski, Andrea Pacheco Godoy e Ian Martins Vargas, que atuam na defesa da fam�lia de Marcelo Arruda.
"Como o autor do fato vai � festa de Marcelo — evidenciado o conte�do pol�tico do evento — sen�o para impedi-lo ou frustr�-lo? Faria o mesmo se fosse um anivers�rio sem conte�do pol�tico decorativo?", indagaram.
Din�mica do crime, de acordo com a pol�cia
Para esclarecer a sequ�ncia dos fatos que culminaram na morte de Arruda, a delegada destacou o depoimento da esposa do assassino, que estava no carro, com a filha no colo, quando ele entrou pela primeira vez no estacionamento da associa��o em que a festa ocorria. Ela n�o testemunhou o assassinato. Segundo a investiga��o, Guaranho estava em um churrasco com amigos quando soube da ocorr�ncia de uma festa com tem�tica petista no sal�o da associa��o da qual � diretor. Um dos amigos mostrou a ele, na tela de um celular, imagens do circuito interno do sal�o.
Guaranho decidiu ir at� l� com a inten��o de provocar as pessoas que participavam da comemora��o. No estacionamento da associa��o, segundo testemunhas, ele come�ou a gritar "Bolsonaro", "Mito", "Lula ladr�o" e aumentou o som do carro, que tocava um jingle de apoio ao presidente. Arruda saiu do sal�o, come�ou a discutir com Guaranho e jogou um punhado de terra contra o ve�culo do agente penitenci�rio. "Fica muito claro que houve uma provoca��o e uma discuss�o em raz�o de pol�tica", conclui a delegada.
Guaranho foi para casa, deixou a esposa e a filha l� e voltou sozinho ao local da festa. Ao chegar, saiu do carro j� com arma em punho e seguiu na dire��o do sal�o, atirando para dentro. A mulher de Arruda ainda tentou impedir que o agressor continuasse disparando tiros. J� baleado, o guarda municipal reage, atira 10 vezes e acerta quatro disparos no agente penitenci�rio. Segundo a delegada, Guaranho atirou quatro vezes e acertou dois tiros em Arruda. Ca�do, o bolsonarista levou chutes na cabe�a por frequentadores da festa, que ser�o alvo de investiga��o.