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Estado de Minas ELEI��ES 2022

Reuni�o com embaixadores deixou Bolsonaro ainda mais isolado

A indigna��o de analistas e diplomatas em rela��o ao encontro no Alvorada foi generalizada


21/07/2022 09:23 - atualizado 21/07/2022 15:04

Jair Bolsonaro
A indigna��o de analistas e diplomatas em rela��o ao encontro no Alvorada foi generalizada (foto: Clauber Cleber Caetano/PR)
Ao atacar o sistema eleitoral e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), na reuni�o com embaixadores na �ltima segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro (PL) deu um tiro no p�, no encontro in�dito e inusitado, de acordo com especialistas.
 
Segundo eles, o chefe do Executivo fez o contr�rio do recomendado pela diplomacia tradicional ao partir para a lavagem de roupa suja junto a representantes de pouco mais de 70 pa�ses. E, mesmo assim, n�o conseguiu o apoio esperado do corpo diplom�tico para desacreditar as urnas eletr�nicas ou dar suporte a eventuais protestos como os da invas�o do Capit�lio, nos Estados Unidos, em janeiro de 2021.

No entender de analistas, Bolsonaro - que est� atr�s do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) nas pesquisas de inten��o de voto - deu sinais de preocupa��o com uma poss�vel derrota, mas n�o encontrou respaldo entre importantes parceiros comerciais, que evitaram apoiar publicamente as declara��es do presidente e ainda refor�aram a confian�a no sistema democr�tico brasileiro, pelo qual Bolsonaro e seus filhos foram eleitos a diversos mandatos.

A delega��o da Uni�o Europeia evitou comentar o assunto. J� a embaixada dos Estados Unidos no Brasil emitiu uma nota, no dia seguinte ao encontro, refor�ando a confian�a nas urnas eletr�nicas e destacando que o sistema � um modelo para o mundo. Ontem, o governo norte-americano reiterou a confian�a no sistema eleitoral brasileiro e destacou que deve acompanhar as elei��es de outubro "com grande interesse".

"Na nossa vis�o, as elei��es no Brasil v�m sendo conduzidas pelo sistema eleitoral brasileiro, capacitado e j� testado, e pelas institui��es democr�ticas com sucesso por muitos anos, ent�o, trata-se de um modelo para na��es n�o apenas para este hemisf�rio", disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, em Washington, ap�s ser questionado por jornalistas sobre a pol�mica reuni�o de Bolsonaro com embaixadores.
 
"Como um parceiro democr�tico do Brasil, vamos acompanhar as elei��es gerais de outubro com grande interesse, e a nossa expectativa � que o processo seja conduzido de forma livre, justa e confi�vel, com todas as institui��es agindo conforme seu papel constitucional."



"Humilhante"


A indigna��o de analistas e diplomatas em rela��o ao encontro no Alvorada foi generalizada. "A reuni�o de Bolsonaro com os embaixadores n�o tem precedentes nos anais da diplomacia mundial. Nunca ouvi falar de nada parecido em termos de absurdo. � uma iniciativa t�o chocante e humilhante para o pa�s que nem o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que foi capaz das maiores barbaridades, chegou a pensar nisso", destacou o diplomata e ex-ministro da Fazenda e do Meio Ambiente Rubens Ricupero.

Para ele, a reuni�o n�o ter� nenhuma efic�cia em termos internacionais, pois Bolsonaro n�o apresentou provas das acusa��es. "A �nica medida sobre elei��es que produz efic�cia internacional � o atestado de observadores qualificados de que um determinado pleito ocorreu de modo correto", acrescentou.


Ricupero lembrou que entidades como a Organiza��o dos Estados Americanos (OEA) e a Organiza��o de Coopera��o e Seguran�a Europeia (OCSE) t�m vasta experi�ncia t�cnica de fiscaliza��o de elei��es, da mesma forma que entidades privadas, como a Funda��o Carter. "O correto � convidar organiza��es como essas para enviar miss�es de observa��o e fornecer a essas miss�es todos os meios de acesso para cumprir a miss�o", orientou.

Na avalia��o do ex-embaixador do Brasil na It�lia, Bolsonaro n�o ser� levado a s�rio por nenhum pa�s respons�vel e influente pelo que fez na reuni�o. "O resultado mais prov�vel � que os pa�ses estrangeiros ver�o na iniciativa do encontro um sinal perigoso da prepara��o de um golpe no Brasil. Em vez de ter efeito positivo, vai dar tempo para que os pa�ses estrangeiros se preparem para condenar o golpe", frisou.

Na opini�o de Ricupero, o encontro "contribuir� para que a imagem do Brasil, j� extremamente degradada, des�a ainda a abismos inimagin�veis antes". "O presidente, ao investir contra as elei��es, se converte no principal denegridor da imagem do pr�prio pa�s que governa."

Preocupa��o


O cientista pol�tico e diretor para as Am�ricas do Eurasia Group, Christopher Garman, ressaltou que a reputa��o do Brasil l� fora j� estava ruim e, com essa reuni�o, Bolsonaro n�o ajudou a melhorar a imagem do pa�s. Pelo contr�rio. "V�rios governos t�m uma preocupa��o sobre os ru�dos de uma contesta��o do resultado das elei��es. Evidentemente, os embaixadores n�o sa�ram do encontro apaziguados e, sim, com mais incerteza e pouco convencidos dos argumentos do presidente, que tem uma reputa��o ruim, especialmente na gest�o ambiental", alertou.

De acordo com Garman, no entanto, a repercuss�o acabou sendo maior internamente do que no exterior. "O presidente jogou suspeita sobre a confiabilidade das institui��es dom�sticas, e isso cai muito mal. � um sinal s�rio de que haver� riscos de manifesta��es e greves, mas n�o vejo amea�a � democracia", acrescentou ele, citando o comunicado da embaixada dos Estados Unidos. Para ele, Washington deixou claro que n�o comprou o argumento das cr�ticas ao sistema eleitoral.

O diplomata e vice-presidente do Conselho Curador do Centro Brasileiro de Rela��es Internacionais (Cebri), Jos� Alfredo Gra�a Lima, ressaltou que a atitude de Bolsonaro era esperada, uma vez que ele est� atr�s nas pesquisas. "� mais uma tentativa de tentar virar o jogo que, aparentemente, est� dado pelas pesquisas, mas eu pr�prio tenho reservas em rela��o �s pesquisas", afirmou.


Ele tamb�m n�o v� riscos de um Capit�lio tupiniquim se Bolsonaro perder nas urnas. "O que foi feito no Pal�cio do Alvorada n�o tem nada a ver com pol�tica externa e n�o est� no manual de diplomacia. N�o se discute com representantes estrangeiros a vis�o pessoal do presidente sobre o sistema eleitoral do pa�s. N�o tem o menor cabimento", resumiu.

Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington e presidente do Instituto de Rela��es Internacionais e Com�rcio Exterior (Irice), reconheceu que a iniciativa de Bolsonaro "� um fato inusitado" e demonstrou certa preocupa��o com os poss�veis desdobramentos. "N�o acho que o ato final seja igual ao acontecido no Capit�lio por falta de apoio da sociedade aqui no Brasil e das For�as Armadas, como institui��o", enfatizou.


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