Bolsonaro em BH: morador em situa��o de rua questiona sobre Aux�lio Brasil
Vivendo no entorno de espa�os nobres de BH, pessoas que trabalham com reciclagem 'agradeceram' pelas garrafas pet e outros materiais deixados em manifesta��es
Tatuador Rafael Lucas Costa Martins ao lado de Bruna Ketlen (foto: Denys Lacerda/EM/D.A. PRESS)
A cidade � do povo e, quanto mais movimenta��o nas ruas e pra�as, melhor. Este � o discurso de muitos moradores em situa��o de rua de Belo Horizonte sobre a presen�a de centenas de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), nesta quarta-feira (24/8), na Pra�a da Liberdade, na Regi�o Centro-Sul da capital.
Vivendo no entorno de espa�o mais nobre de BH, homens e mulheres que trabalham com reciclagem "agradeceram" pelas garrafas pet, papel�o, pl�stico e outros materiais deixados em manifesta��es.
"Quanto mais gente vier, melhor, pois, a�, gera muito material reciclado, e isso � bom para a gente ganhar um dinheiro", disse Coroa, que preferiu dizer o apelido em vez do nome e vive na rua Sergipe quase esquina com a Avenida Brasil, atr�s do Centro Cultural Banco do Brasil.
Sobre Bolsonaro, que discursava, Coroa brincou: "Depois vou l� levar uma ideia com ele".
Ao lado de Coroa, o tatuador Rafael Lucas Costa Martins, de 21 anos, disse que as pessoas que moram no local fazem um "servi�o importante", que � "manter o espa�o sempre limpo".
Ele afirmou ainda que ningu�m da prefeitura incomodou os moradores da rua, por se tratar da visita do presidente da Rep�blica. H� quatro anos no local, Bruna Ketlen declarou que "n�o curte" Bolsonaro, mas que est� "de boa" com a visita � pra�a.
Catador Evaldo Xavier afirma que vive h� 22 anos nas ruas de BH (foto: Denys Lacerda/EM/D.A. PRESS)
Dignidade
Do outro lado da Pra�a da Liberdade, perto da rua da Bahia com avenida Get�lio Vargas, o catador Evaldo Xavier contou que vive h� 22 anos nas ruas de BH. Usando uma sand�lia novinha em folha, explicou que comprou o cal�ado com o dinheiro do aux�lio. "Ser� que ano que vem vai ter aux�lio de novo? O povo precisa � de "trabalho e dignidade, n�o de promessas", comentou.
No cen�rio, o contraste era evidente. Um mar de bandeiras do Brasil e camisas e bon�s com o rosto de Bolsonaro tomando conta da Pra�a da Liberdade, enquanto, do outro, um universo em preto e branco que, entra elei��o, sai elei��o, ningu�m consegue resolver.
Censo
De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte, os dados sobre popula��o em situa��o de rua na capital s�o extra�dos do Cadastro �nico para Programas Sociais, que � um sistema de gest�o do Governo Federal e atualizado pelas prefeituras.
"Se considerarmos um recorte temporal de 12 meses de pessoas que se inscreveram e/ou atualizaram seus cadastros nesse per�odo, chegamos a um n�mero m�dio de 4,6 mil pessoas em situa��o de rua. Considerando cadastros realizados/atualizados nos �ltimos 24 meses, s�o cerca de 5,8 mil", informou.
Ainda conforme a PBH, "considerando todo o per�odo (independente de atualiza��o), j� passaram pelo cadastro de Belo Horizonte quase 9 mil pessoas em situa��o de rua". Esse dado considera cadastros desatualizados ou feitos a qualquer tempo. "No entanto, considerando que a popula��o em situa��o de rua tem como caracter�stica a migra��o entre cidades e outros fen�menos, � necess�rio observar os recortes temporais, para que se tenha um dado mais pr�ximo da realidade".
Em 2022, a PBH far� um censo desse grupo populacional.