(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press e Tulio Santos/EM/D.A Press)
L�deres nas pesquisas de inten��o de voto da corrida ao Pal�cio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) escolheram Belo Horizonte como a primeira capital para seus atos de campanha.
Na Pra�a da Liberdade, onde esteve na quarta-feira passada, Bolsonaro fez ataques discretos ao seu principal advers�rio, pediu o apoio do eleitorado de Minas Gerais e exaltou a import�ncia do estado, segundo maior col�gio eleitoral do pa�s, nas elei��es.
(foto: DOUGLAS MAGNO/AFP)
Ao longo dos 17 minutos de discurso, o presidente da Rep�blica citou o nome de Minas 14 vezes. Apesar das recorrentes men��es, o candidato � reelei��o n�o mencionou o nome do senador Carlos Viana, que concorre ao governo do estado pelo PL.
''Agrade�o a Deus pela minha segunda vida, dada aqui em Minas. nestes 200 anos da Independ�ncia, � imposs�vel n�o falarmos de Minas Gerais. Aqui, � a semente da nossa Independ�ncia; aqui, � a certeza do nosso futuro''
Jair Bolsonaro, presidente da Rep�blica e candidato � reelei��o, durante discurso na Pra�a da Liberdade, em 24 de agosto
Lula, por sua vez, citou em 10 instantes a palavra “Minas” durante o com�cio Pra�a da Esta��o, no �ltimo dia 18. Em outros sete momentos, ele fez men��o a Alexandre Kalil (PSD), que concorre ao Pal�cio Tiradentes em coaliz�o engrossada pela federa��o partid�ria � esquerda, encabe�ada pelo PT.
(foto: TULIO SANTOS/EM/D.A.PRESS)
Al�m de ter citado o nome do presidenci�vel petista em apenas duas ocasi�es, Bolsonaro optou por refor�ar agendas caras a boa parte de seus simpatizantes. Ele ecoou a palavra “liberdade” por sete vezes, aludiu a Deus em oito momentos e fez 27 repeti��es do nome “Brasil” — fora os sin�nimos “pa�s” (usado 11 vezes) e “na��o” (usado uma vez).
Lula, que acusou o advers�rio de “fariseu”, recorreu a Deus seis vezes e, em outro ponto do discurso, citou a “B�blia” sagrada. Embora tenha falado “Brasil” apenas em nove chances, o candidato disse a palavra “pa�s” por 31 vezes. O ex-presidente tamb�m lan�ou m�o da alegoria que coloca o “churrasco” como elemento essencial da rotina do trabalhador.
''Em Minas Gerais, governo bom n�o � aquele governo que fala: eu tenho um dinheirinho em caixa. N�s n�o queremos dinheiro em caixa. N�s queremos dinheiro revertido em sa�de, educa��o, transporte coletivo, infraestrutura''
Luiz In�cio Lula da Silva, candidato do PT � Presid�ncia, durante discurso na Pra�a da Esta��o, em 18 de agosto
Para marcar os ideais das correntes pol�ticas que representam, Lula e Bolsonaro utilizaram, somados, o termo “queremos” por 15 vezes. A fim de refutar pensamentos, a mesma palavra, acompanhada do “n�o”, foi a op��o do chefe do Executivo federal em quatro momentos; o petista seguiu o mesmo caminho por cinco ocasi�es.
“Queremos que os nossos meninos trabalhem e estudem; n�o queremos que a mulher continue sendo tratada como se fosse objeto de cama e mesa neste pa�s. Queremos que a mulher seja sujeita da hist�ria, que possa querer fazer o que ela quiser, do jeito que ela quiser”, afirmou Lula, no Centro de Belo Horizonte, pouco tempo ap�s o in�cio de um discurso que durou 27 minutos.
Seis dias depois, e minutos ap�s liderar uma motociata que partiu da Pampulha em dire��o � Savassi, Bolsonaro pontuou os seus “quereres” a fim de pedir o empenho do p�blico que o assistiu na busca por mais votos. “N�o queremos a volta da corrup��o. N�o queremos a volta daqueles que defendiam, e defendem ainda, a ideologia de g�nero. N�o queremos a libera��o das drogas. N�o queremos a legaliza��o do aborto. Queremos a defesa da fam�lia; queremos o culto aos nossos s�mbolos; queremos a liberdade de religi�o e express�o. Queremos, cada vez mais, dizer que somos um pa�s livre”, pregou.
O lema “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, que embalou a vitoriosa trajet�ria de Bolsonaro no pleito de quatro anos atr�s, encerrou o discurso do presidente na capital mineira. Ele tamb�m afirmou que os espectadores do com�cio e ele foram � Pra�a da Liberdade porque “acreditam” no poder divino. Ele buscou a f�, ainda, para lembrar o golpe de faca que sofreu em setembro de 2018, durante ato pol�tico em Juiz de Fora, na Zona da Mata. “Agrade�o a Deus pela minha segunda vida, dada aqui em Minas Gerais. Tamb�m agrade�o a Ele a miss�o de conduzir o destino desta na��o. Se esta for a vontade d’Ele, continuaremos l� por mais quatro anos”, salientou.
Antes, Lula havia dito que Bolsonaro comete “heresia” por “citar o nome de Deus em v�o”. Ele, por�m, sustentou a necessidade de respeito �s sagradas escrituras da f� crist�. “A gente tem que olhar a Constitui��o e ela tem que ser cumprida. A gente tem que olhar a Declara��o Universal dos Direitos Humanos, e ela tem que ser cumprida. A gente tem que olhar a “B�blia”, e ela tem que ser cumprida. Todos n�s somos irm�os, somos filhos de Deus, e temos direito a viver com muita dignidade e muito respeito”, frisou.
Bolsonaro utilizou a alcunha “Lula da Silva”, recorrente na imprensa internacional, para se referir ao advers�rio. A men��o veio quando o presidente explicava por que escreveu o nome da Nicar�gua em uma das m�os antes da entrevista que concedeu ao “Jornal Nacional”, da TV Globo. “(�) um pa�s onde n�o se tem mais liberdade, onde se fecham emissoras de r�dios cat�licas e prendem padres. Esse � o pa�s que Lula da Silva defende l� fora”, acusou.
Cores da bandeira e comunismo
O capit�o reformado tamb�m utilizou as cores da bandeira brasileira e do regime comunista para associar o PT a pa�ses vizinhos que caminham � esquerda. “Tenham a certeza que, na Am�rica do Sul, por mais que tentem pintar outros pa�ses de vermelho, o Brasil continuar� verde e amarelo.”
Paralelamente, Lula, quando passou por Belo Horizonte, disse n�o querer verbalizar o nome do candidato do PL ao Planalto. Ent�o, lan�ou m�o de tr�s express�es para cit�-lo: “cidad�o”, “pessoa” e “ele”. “Estamos enfrentando uma pessoa desequilibrada mentalmente, enfrentamos uma pessoa desestruturada do ponto de vista psicol�gico. Enfrentamos uma pessoa que acha que a pol�cia tem que matar, e n�o prender; uma pessoa que acha que tem que vender armas, e n�o vender livros; uma pessoa que acha que tem que estimular o �dio, e n�o o amor”, disparou.
Partindo do mesmo conceito de “independ�ncia”, Lula e Bolsonaro optaram por dar conota��es distintas � mesma palavra. O presidente da Rep�blica pediu a seus simpatizantes que participem das manifesta��es de 7 de setembro. Segundo ele, as comemora��es dos 200 anos do ato que desvinculou o Brasil de Portugal v�o celebrar, tamb�m, o que chamou de “eternidade de liberdade”. “Nestes 200 anos da Independ�ncia, � imposs�vel n�o falarmos de Minas Gerais. Aqui � a semente da nossa Independ�ncia; aqui � a certeza do nosso futuro”, declarou.
Do outro lado, Lula lembrou de Tiradentes, m�rtir da Inconfid�ncia Mineira. “Se, em 1792, esquartejaram, cortaram a carne, salgaram e penduraram em um poste para que nunca mais ningu�m se lembrasse de independ�ncia, quero que os esquartejadores estejam de volta para fazer uma nova independ�ncia neste pa�s. Uma independ�ncia que garanta a dignidade, o respeito e a harmonia do nosso povo.”.
O papel dos aliados mineiros
Logo que recebeu o microfone das m�os dos organizadores do com�cio na Pra�a da Esta��o, em Belo Horizonte, no �ltimo dia 18, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) assegurou que desembarcou na cidade “por causa” do ex-prefeito Alexandre Kalil, candidato do PSD ao governo de Minas Gerais. Depois, mencionou tamb�m o senador Alexandre Silveira (PSD), que tenta a reelei��o com o aval do PT. Em cr�tica indireta ao governador Romeu Zema (Novo), o presidenci�vel petista pediu empenho da milit�ncia do partido na campanha de Kalil.
“Em Minas Gerais, governo bom n�o � aquele governo que fala: ‘Ah, eu tenho um dinheirinho em caixa’. N�s n�o queremos dinheiro em caixa. N�s queremos dinheiro revertido em sa�de, educa��o, transporte coletivo, infraestrutura. Foi isso que Kalil fez em Belo Horizonte. Em apenas seis anos, fez mais do que muita gente fez em 30 anos”, afirmou.
Durante a passagem pela regi�o metropolitana, o presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve lado a lado do senador Carlos Viana, candidato do seu partido ao governo de Minas, durante as atividades em Betim. Na capital, por�m, o senador que concorre ao governo n�o participou dos compromissos por ter de gravar programas para o hor�rio eleitoral.
Do alto do caminh�o de som estacionado em frente ao Pal�cio da Liberdade, o presidente n�o citou Viana, mas fez r�pida sauda��o a Cleitinho Azevedo, deputado estadual do PSC, que tenta chegar ao Senado por meio de palanque oferecido por bolsonaristas. O mineiro a receber o mais marcante afago do candidato � reelei��o foi outro: “O general (Walter) Braga Netto � filho da terra, homem daqui, qualificado e preparado para me substituir nos momentos de aus�ncia do poder”.
A FOR�A DOS DISCURSOS
Principais palavras e nomes mais citados por Bolsonaro e Lula em BH
