
S�O PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Tema abordado desde a largada da campanha presidencial deste ano, a quest�o dos valores tem grande peso para os brasileiros na hora de decidir seu voto.
Para 56% dos eleitores, religi�o e pol�tica t�m de estar de m�os dadas em prol do pa�s, e 60% consideram que � mais importante um candidato defender valores familiares do que ter boas propostas para a economia.
Por outro lado, 74% dizem que seu voto em outubro tem como objetivo aumentar a prosperidade pessoal. Foi o que aferiu o Datafolha em nova pesquisa, realizada de ter�a (30) a quinta-feira (1º).
J� 36% das pessoas n�o concordam com a ideia de que a economia est� � frente dos valores, 19% dessas totalmente e 17%, em parte.
O discurso da defesa da fam�lia � central para Jair Bolsonaro (PL), que est� atr�s de Luiz In�cio Lula da Silva (PT) na disputa do primeiro turno: ele tem 32%, ante 45% do antecessor.
Desde o in�cio da campanha, ambos t�m lidado com a tem�tica: o petista busca alcan�ar conservadores que lhe s�o refrat�rios e viu o rival "possu�do" pelo diabo, e o presidente acirrou o discurso de que o pleito � uma luta entre "bem e mal" –na qual o PT � o mal, claro, associado at� ao dem�nio em fala de aliados e de sua mulher, Michelle.
No debate presidencial promovido pela Folha de S.Paulo, UOL e TVs Cultura e Bandeirantes, o presidente voltou a falar que � o principal nome contr�rio a pontos sens�veis nesse campo, como o aborto. Lula vinha sendo mais amb�guo na pr�-campanha, para dialogar com as fatias esquerdistas que comp�em sua base.
Assim, o eleitor bolsonarista � mais identificado com a afirma��o sobre a suposta dicotomia entre valores e economia: 71% concordam com ela. Mas 59% dos de Lula tamb�m o s�o, �ndice que cai com Simone Tebet (MDB, quarto lugar na disputa, com 5%) para 53% e com Ciro Gomes (PDT, terceiro, com 9%) para 41%.
O corte religioso � homog�neo, diferentemente da impress�o do mundo pol�tico de que os evang�licos em que Bolsonaro t�m mais apoio s�o mais conservadores nesse sentido. Entre eles, que somam 26% da amostra da pesquisa, 67% concordam com a ideia.
J� os majorit�rios (54% da amostra) mas menos organizados politicamente cat�licos empatam no limite da margem de erro de dois pontos, com 63% de concord�ncia.
Mais um ind�cio do conservadorismo brasileiro � vis�vel quando o entrevistado � questionado se concorda com a ideia de que valores religiosos e pol�tica devem andar de m�os dadas em favor da prosperidade do pa�s.
S�o majorit�rios 56% que pensam assim, 41% deles totalmente e 16%, em parte. Tal pensamento � mais disseminado entre pessoas de baixa instru��o, que completaram o ensino fundamental (62%), n�mero que cai a 26% entre quem tem diploma universit�rio.
Os eleitores de Bolsonaro e de Lula tendem a concordar da mesma forma (51% entre os do petista e 52%, entre os do presidente) com essa leitura, na base do sucesso dos pol�ticos conservadores no Brasil: basta ver a frequ�ncia com que as palavras Deus e fam�lia surgem nas candidaturas vendidas no hor�rio pol�tico.
Ao mesmo tempo, e isso n�o � contradit�rio com a promo��o da prosperidade no discurso das igrejas evang�licas pentecostais e neopentecostais, o voto em outubro � visto como instrumento de melhoria pessoal.
Para 74%, a elei��o servir� para aumentar a prosperidade. O n�mero vai a 82% entre quem vota em Lula, 75% entre bolsonaristas, 62% nos que apoiam Ciro e 57%, Tebet. J� a ideia de que o voto � um protesto chega a 44% dos eleitores, enquanto a maioria (53%) discorda disso.
Foram ouvidos 5.734 eleitores em 285 munic�pios. Com margem de erro de dois pontos (para mais ou para menos) e um �ndice de confian�a de 95%, a pesquisa, contratada pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo, est� registrada sob o n�mero BR-00433/2022 no Tribunal Superior Eleitoral.