
Desde que chegou ao poder, Bolsonaro vem subindo o tom das declara��es feitas no Sete de Setembro, culminando no ano passado em um feriado marcado por manifesta��es antidemocr�ticas e em tom de ataque �s institui��es, em especial o Supremo Tribunal Federal (STF).
Neste ano, a proximidade das elei��es acrescenta mais um ingrediente ao clima tenso da data hist�rica. Bolsonaro deve participar de ato em Bras�lia durante a manh� de quarta-feira (07/09) e, de tarde, no Rio de Janeiro.
Ainda em 2018, durante a campanha eleitoral, o Sete de Setembro j� era uma data destacada no calend�rio bolsonarista. Concorrendo � presid�ncia pelo PSL, Bolsonaro era esperado em ato militar no Pal�cio Duque de Caxias, no Rio de Janeiro-RJ. A rela��o com as For�as Armadas foi tema central na candidatura do militar da reserva, que tinha como companheiro de chapa o General Hamilton Mour�o.
A presen�a nos atos do Dia da Independ�ncia do Brasil, no entanto, foi impedida na v�spera. Em 6 de setembro, Bolsonaro sofreu um atentado em Juiz de Fora, Zona da Mata mineira. O ataque com faca alterou a programa��o de campanha e impediu a participa��o do ent�o candidato ao compromisso na capital fluminense.
2019
No primeiro Sete de Setembro como presidente da Rep�blica, Bolsonaro participou de atos oficiais em Bras�lia. Pela manh�, em pronunciamento veiculado na TV Brasil, ele convocou os brasileiros �s ruas e prosseguiu em tom patri�tico com cr�ticas a opositores pol�ticos e ao presidente franc�s, Emmanuel Macron.
“A todos os brasileiros, n�s pedimos, conscientize-se cada vez mais de quem � esse pa�s, essa maravilha chamada Brasil. Um pa�s �mpar no mundo, que tem tudo para dar certo e precisamos, sim, de cada um de voc�s, para reconstru�-lo. E a liberdade est� em primeiro lugar. (...) O Brasil � nosso, � verde e amarelo”, disse em cr�tica velada � Macron, que havia sugerido a discuss�o sobre a internacionaliza��o da Amaz�nia em agosto daquele ano.
Ap�s o discurso na TV estatal, Bolsonaro desfilou no Rolls-Royce presidencial pela Esplanada dos Minist�rios. De p� em carro aberto, o presidente foi acompanhado por um dos filhos, o vereador pelo Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro.
O desfile terminou com Bolsonaro subindo no palanque das autoridades, onde era aguardado pela primeira-dama Michelle. Al�m da esposa, figuravam no local os ent�o ministros Sergio Moro (Justi�a e Seguran�a P�blica), Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Marcos Pontes (Ci�ncia e Tecnologia), Augusto Heleno (Seguran�a Institucional), Ricardo Salles (Meio Ambiente), Abraham Weintraub (Educa��o) e Tereza Cristina (Agricultura). � �poca o vice-presidente, Hamilton Mour�o, e o ent�o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, tamb�m estavam no palanque e dividiam o espa�o com o empres�rio Luciano Hang, o apresentador Silvio Santos e o bispo evang�lico Edir Macedo.
No Di�rio Oficial da Uni�o foi publicado que o desfile do Sete de Setembro em 2019 custou R$ 971,5 mil aos cofres p�blicos, valor 19% superior ao de 2018. No dia seguinte ao desfile, Bolsonaro foi submetido a uma cirurgia para corrigir complica��es decorrentes da facada que sofreu durante a campanha eleitoral.
2020
A pandemia da COVID-19 for�ou a suspens�o dos desfiles oficiais de Sete de Setembro em 2020. Bolsonaro, ainda assim, desfilou em carro aberto em Bras�lia. Acompanhado da primeira-dama, o presidente tirou fotos e falou com apoiadores em estrutura para cerca de 800 pessoas, preparada pelo Planalto. As For�as Armadas decidiram n�o participar do desfile ap�s orienta��o do Minist�rio da Defesa, que citava o coronav�rus como justificativa.
Durante a manh�, Bolsonaro desfilou no Rolls-Royce presidencial cercado por crian�as, a maioria delas sem m�scara, assim como o chefe do Executivo. O evento prosseguiu com o hasteamento da bandeira, a execu��o do hino nacional e uma breve apresenta��o da Esquadrilha da Fuma�a. � �poca, o Brasil somava mais de 127 mil mortes por COVID-19.
� noite, Bolsonaro fez um pronunciamento em rede nacional de r�dio e televis�o. Na fala em comemora��o pelos 198 anos da Independ�ncia do Brasil, o presidente usou tom patri�tico ao recordar a data hist�rica em 1822 e exaltou o Golpe Militar de 1964.
"Nos anos 60, quando a sombra do comunismo nos amea�ou, milh�es de brasileiros, identificados com os anseios nacionais de preserva��o das institui��es democr�ticas, foram �s ruas contra um pa�s tomado pela radicaliza��o ideol�gica, greves, desordem social e corrup��o generalizada", disse.
Nos pouco mais de tr�s minutos de pronunciamento, Bolsonaro ainda afirmou que, ao proclamar a Independ�ncia, "o Brasil dizia ao mundo que nunca mais aceitaria ser submisso” e fez men��o � participa��o do ex�rcito brasileiro na II Guerra Mundial: "a For�a Expedicion�ria Brasileira foi � Europa para ajudar o mundo a derrotar o nazismo e o fascismo", afirmou.
2021
O Sete de Setembro de 2021 foi marcado por manifesta��es de apoiadores do presidente em diversas cidades do Brasil. Em clima de tens�o institucional, a data foi comemorada em meio � CPI da COVID no Congresso, que investigava a gest�o da pandemia pelo governo federal. A rela��o entre o Executivo e o STF tamb�m sofreu desgastes ap�s discursos agressivos de Bolsonaro, que teve como alvo preferencial o ministro Alexandre de Moraes.
Em discurso para apoiadores na Avenida Paulista, em S�o Paulo-SP, Bolsonaro defendeu o voto impresso e fez cr�ticas diretas a Alexandre de Moraes, a quem chamou de “Canalha”.
"N�s devemos sim, porque eu falo em nome de voc�s. Determinar que todos os presos pol�ticos sejam postos em liberdade. Digo a voc�s que qualquer decis�o do ministro Alexandre de Moraes esse presidente n�o mais cumprir�. N�o se pode permitir que um homem apenas turve a nossa liberdade. Dizer a esse ministro que ele tem tempo ainda para se redimir, tem tempo ainda para arquivar seus inqu�ritos. Sai Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha, deixa de oprimir o povo brasileiro, deixa de censurar", discursou aos apoiadores.
Bolsonaro tamb�m criticou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas sem citar o nome do ent�o presidente, o ministro Lu�s Roberto Barroso, alvo de ataques anteriores.
"N�o podemos admitir um sistema eleitoral que n�o oferece qualquer seguran�a. N�o � uma pessoa do Tribunal Superior Eleitoral que vai nos dizer que esse processo � seguro e confi�vel [...] N�o podemos admitir um ministro do Tribunal Superior Eleitoral tamb�m usando a sua caneta para desmonetizar p�ginas que criticam esse sistema de vota��o", disse.
O teor das declara��es do presidente e o car�ter antidemocr�tico das manifesta��es de seus apoiadores pelo pa�s motivou respostas de l�deres de v�rias institui��es como ministros do STF, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD) e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Dois dias ap�s os atos de Sete de Setembro, Bolsonaro recuou e publicou a “Declara��o � Na��o”, carta em que adota tom conciliat�rio e reconhece que as palavras utilizadas em discurso foram ditas no “calor do momento”. O documento foi redigido com apoio do ex-presidente Michel Temer, que tamb�m mediou uma liga��o telef�nica entre Bolsonaro e o ministro Alexandre de Moraes, que conduzia o inqu�rito das fake news na corte.
Veja, na galeria abaixo, a celebra��es ano a ano com Bolsonaro:
