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Estado de Minas

7 de setembro: ap�s trauma, seguran�a do STF ter� barreira de concreto e sistema antidrone

Supremo quer evitar que caminh�es e manifestantes cheguem perto da Corte, como ocorreu em 2021, durante manifesta��es da milit�ncia favor�vel ao presidente Jair Bolsonaro.


06/09/2022 15:43 - atualizado 06/09/2022 16:56


Seguranças na fachada do STF
(foto: EPA)

Convocados pelo pr�prio presidente da Rep�blica, apoiadores de Jair Bolsonaro voltar�o a realizar atos em sua defesa no feriado de 7 de setembro em diferentes cidades do pa�s, com destaque para Bras�lia e Rio de Janeiro.


Na capital federal, o presidente vai acompanhar de manh� a tradicional parada militar em celebra��o da independ�ncia, que neste ano completa 200 anos.

� tarde, ele participar� de ato na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, em iniciativa in�dita que tamb�m contar� com apresenta��o das For�as Armadas.


Novamente, uma das principais bandeiras dessas mobiliza��es � a cr�tica ao Supremo Tribunal Federal (STF), devido a decis�es de ministros da Corte que contrariam o governo e atingem seus apoiadores, como a liminar que Edson Fachin deu na segunda-feira (5/9) restringindo o n�mero de armas e muni��es que podem ser obtidas por CACs (ca�adores, atiradores e colecionadores), sob a justificativa de conter o risco de viol�ncia pol�tica na campanha eleitoral.


� o caso tamb�m das investiga��es contra o presidente e seus aliados realizadas sob a jurisdi��o do ministro Alexandre de Moraes, que em agosto determinou uma opera��o da Pol�cia Federal contra oito empres�rios bolsonaristas suspeitos de apoiar a realiza��o de atos antidemocr�ticos, o que eles negam.


Em 2021, primeira vez que Bolsonaro convocou atos em seu apoio no 7 de setembro, a Corte foi surpreendida pela invas�o da Esplanada dos Minist�rios na noite anterior, por caminh�es e manifestantes a p�, o que gerou fortes temores de que a sede do
Tribunal poderia ser depredada ou invadida.


Naquela ocasi�o, o presidente do STF, ministro Luiz Fux, chegou a telefonar para o chefe do Comando Militar do Planalto, Rui Yutaka Matsuda, para saber se o Ex�rcito estaria preparado para proteger a Corte em caso de necessidade.


Na liga��o, informou que pediria ao presidente Bolsonaro a instaura��o de miss�o de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), para as For�as Armadas refor�arem a seguran�a, caso houvesse novas tentativas de furar bloqueios da Pol�cia Militar (PM).


A medida acabou n�o sendo necess�ria, gra�as a um refor�o de seguran�a pela pr�pria PM. Mas, diante do trauma do �ltimo ano, a Secretaria de Seguran�a P�blica do Distrito Federal e o STF articularam um esquema mais forte de preven��o e defesa da sede do Supremo.


Protesto de 7 de setembro de 2021
Ap�s 2021, Supremo quer evitar caminh�es e manifestantes perto da Corte (foto: Reuters)

Alguns caminhoneiros tentaram acessar a Esplanada dos Minist�rios j� na noite de segunda-feira, fazendo buzina�o. Por isso, as for�as de Seguran�a do DF anteciparam o bloqueio da via, que estava planejado originalmente apenas para as 17h de ter�a-feira.


"O acesso � Esplanada dos Minist�rios foi bloqueado preventivamente, no in�cio da noite dessa segunda-feira (5), conforme possibilidade prevista no planejamento inicial. As vias ser�o liberadas para o tr�nsito de ve�culos ap�s finaliza��o do desfile, atos previstos e, principalmente, mediante avalia��o t�cnica de cen�rio, de forma que seja garantida a seguran�a na regi�o", disse a Secretaria de Seguran�a, em nota � reportagem.


"Um grupo, com cerca de 15 caminhoneiros, que se dirigia � regi�o foi orientado, na altura da Rodovi�ria do Plano Piloto, da impossibilidade de acessar e permanecer no local, por quest�es de seguran�a. O grupo seguiu, de forma pac�fica, sentido Eix�o Sul", acrescentou o �rg�o.


Est�o sendo usados blocos de concreto antes da entrada da Esplanada, na altura da Biblioteca Nacional, a quase tr�s quil�metros de dist�ncia do Supremo, para refor�ar as barreiras de seguran�a.


Em 2021, os bloqueios da pol�cia contavam com efetivo pequeno e foram facilmente furados pelos manifestantes. Alguns caminh�es ficaram estacionados na Esplanada e s� deixaram o local no dia 9 de setembro, ap�s o pr�prio presidente solicitar a desmobiliza��o de caminhoneiros que bloqueavam rodovias pelo pa�s em seu apoio.


"Ano passado foram muitos caminh�es e havia o medo de isso acontecer de novo. A ideia � impedir que cheguem perto da Corte dessa vez", disse � BBC News Brasil um servidor do STF envolvido nos preparativos.


No Supremo, a avalia��o � que Bolsonaro tem suavizado seu discurso de cr�ticas ao Poder Judici�rio e � Justi�a eleitoral na tentativa de atrair o apoio de eleitores mais moderados, j� que hoje aparece atr�s do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) nas pesquisas de inten��o de voto.


No entanto, a reportagem apurou que a �rea de intelig�ncia da Corte mant�m preocupa��o com o radicalismo dos apoiadores do presidente.

O monitoramento dos grupos mobilizados para os atos de 7 de setembro indica que permanece um discurso agressivo contra o STF, com defesa do fechamento do Tribunal.


Al�m disso, gera preocupa��o a alta taxa de ocupa��o dos hot�is da capital, que est� em 80%, indicando que o p�blico no 7 de setembro deve ser significativo.

Esse ano, al�m dos caminh�es, est� prevista a chegada � Bras�lia de tratores do agroneg�cio, setor em que Bolsonaro tem forte apoio.

Alguns participar�o do desfile de celebra��o da Independ�ncia, segundo confirmou o secret�rio de comunica��o social da Presid�ncia da Rep�blica, Andr� Costa, durante exibi��o do programa Voz do Brasil, na EBC, canal estatal.


O presidente do STF, Luiz Fux, passar� o feriado em Bras�lia, monitorando os acontecimentos. At� a publica��o dessa reportagem, ele n�o havia decidido ainda se participar� do desfile de celebra��o da Independ�ncia.

Seguindo o protocolo tradicional, ele foi convidado a participar, assim como os presidentes da C�mara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Efetivo maior e sistema antidrone


Manifestação de 7 de setembro de 2021
Manifestantes pr�-Bolsonaro durante ato de 7 de setembro de 2021 (foto: Reuters)

O efetivo que ser� usado na prote��o da sede do STF neste 7 de setembro tamb�m foi ampliado em 70% na compara��o com o ano passado - o n�mero total n�o foi divulgado como estrat�gia de seguran�a.


Al�m da Pol�cia Judicial do pr�prio STF, houve refor�o de policiais que atuam em outros edif�cios do Poder Judici�rio, como o Superior Tribunal de Justi�a e o Tribunal Superior do Trabalho. Haver� tamb�m efetivo da Tropa de Choque da Pol�cia Militar do DF.


Esse efetivo ter� desde armamentos n�o letais, como taser, spray de pimenta e g�s lacrimog�neo, at� armas de fogo.


Outra novidade � um sistema antidrone que ser� usado de forma experimental pelo STF. O espa�o a�reo da Pra�a dos Tr�s Poderes, onde ficam o Pal�cio do Planalto, o STF e o Congresso, j� � fechado para uso de drones que n�o sejam autorizados por alguma dessas tr�s institui��es.


O sistema que ser� usado no 7 de setembro pela Corte permite identificar se h� algum drone n�o autorizado na �rea e hackear seu controle para for�ar seu pouso.

Em junho, um drone de pulveriza��o despejou uma subst�ncia malcheirosa no p�blico que assistia a um evento do PT em Belo Horizonte, com a presen�a de Lula.


Segundo a Secretaria de Seguran�a P�blica do DF, o p�blico que acompanhar� o desfile passar� por revistas nos bloqueios de acesso e n�o poder� ingressar na Esplanada com armas em geral, sejam verdadeiras ou imita��es como brinquedos, artefatos explosivos, subst�ncias inflam�veis, sprays e aeross�is, garrafas de vidro e latas, drogas il�citas, e mastros confeccionados com qualquer tipo de material para sustentar, ou n�o, bandeiras e cartazes.

Ato in�dito no Rio de Janeiro

A celebra��o do feriado da Independ�ncia do Brasil com uma parada militar em Bras�lia � uma tradi��o que foi interrompida em 2020 e 2021 por causa da pandemia de covid-19.


A expectativa � que, ap�s o desfile deste ano, Bolsonaro discurse para seus apoiadores na Esplanada dos Minist�rios.


Depois, ele segue para o Rio de Janeiro, onde ocorre um ato in�dito para celebrar o 7 de setembro, na praia de Copacabana, com participa��o das For�as Armadas.


Em nota enviada � BBC News Brasil, o Minist�rio da Defesa disse que haver� uma parada naval com desfile de navios militares na orla da cidade, um show da Esquadrilha da Fuma�a, salto de paraquedistas, apresenta��o de bandas militares e execu��o de salva de tiros.


Um dos roteiros previstos da parada naval � que ela comece na Ba�a de Guanabara e passe pela Praia de Copacabana. O in�cio da parada, no entanto, est� marcado para as 09h30, e n�o est� claro se ela vai se estender at� coincidir com o ato pr�-Bolsonaro.


A princ�pio, o desfile de ve�culos blindados que estava previsto para ser realizado no Centro do Rio n�o dever� acontecer e tamb�m n�o dever� ser transferido para Copacabana. A BBC News Brasil perguntou sobre os custos da mobiliza��o militar no Rio de Janeiro em raz�o do 7 de setembro, mas a pasta n�o respondeu.


Preocupado com o uso eleitoral das For�as Armadas, o Minist�rio P�blico Federal, por meio da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidad�o (PRDC-RJ), enviou of�cios ao Comando Militar do Leste, ao Comando do 1º Distrito Naval e ao Terceiro Comando A�reo Regional em que questiona "as medidas que pretendem adotar ou j� adotaram para garantir que as celebra��es oficiais de 7 de setembro n�o se confundam com manifesta��es pol�tico-partid�rias".


O of�cio questiona tamb�m "as medidas que os comandos pretendem adotar ou j� adotaram para prevenir que os seus subordinados se engajem eventualmente em manifesta��o do g�nero durante tais celebra��es".

Por que Copacabana?

Segundo cientistas pol�ticos e pessoas pr�ximas ao comando da campanha do presidente ouvidos pela BBC News Brasil, a famosa praia da zona sul carioca foi escolhida por tr�s fatores: expectativa de apoio popular, j� que se trata de um bairro com perfil de morador mais idoso e conservador; imagens a�reas impactantes nacional e internacionalmente; e a disponibilidade do efetivo das For�as Armadas que j� atua no Rio de Janeiro.


"Em Copacabana, at� pela geografia, com ruas mais estreitas, � mais f�cil voc� dar a impress�o de que uma manifesta��o est� lotada. Em Bras�lia, cheia de espa�os amplos, � muito mais dif�cil", afirma a cientista pol�tica Viviane Gon�alves, professora do Departamento de Ci�ncia Pol�tica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Para a doutora em Ci�ncia Pol�tica pela PUC de S�o Paulo Deysi Cioccari, as imagens de ruas lotadas em Copacabana ser�o usadas para fortalecer a narrativa da campanha de Bolsonaro.


"N�o se trata tanto de quantos votos ele vai conseguir ganhar, mas de refor�ar essa narrativa (de apoio popular), especialmente nas redes sociais, onde Bolsonaro se mostra mais eficiente do que seu advers�rio", afirmou a especialista.


- Este texto foi publicado originalmente em
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62814431

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