
"Agora n�s estamos diante de um quadro que � democracia ou barb�rie. Estou partindo do princ�pio de que tudo isso que est� acontecendo � a nossa capacidade de reelaborar, repensar o passado, para construir um novo futuro", disse a candidata � C�mara dos Deputados durante coletiva de imprensa no escrit�rio pol�tico da campanha de Lula, em S�o Paulo.
Em 2010, se candidatou � Presid�ncia da Rep�blica e angariou um n�mero expressivo de votos: 19.636.359, ficando em terceiro lugar, com uma porcentagem de 19,33% em todo o pa�s. No entanto, sua ex-colega de governo, Dilma Rousseff (PT), saiu vitoriosa com 55.752.529 de votos. Jos� Serra (PSDB) ficou em segundo lugar, com 43.711.388 votos.
Em sua segunda tentativa, Marina foi ainda mais expressiva. A ex-ministra se candidatou pelo PSB, novamente, em 2014, ano em que rompeu, de fato, com o PT. A campanha de Dilma Rousseff, que disputava a reelei��o, observando o crescimento de Marina nas pesquisas de inten��o de votos, partiu para o ataque, propagando que a pol�tica teria um relacionamento pr�ximo com grandes banqueiros, passando a mensagem de que Marina tiraria dos pobres para fortalecer, ainda mais, os ricos.
Mesmo com a ofensiva do PT, a ex-presidenci�vel ainda conquistou 22.176.619 votos. N�o foi o bastante, por�m, para ultrapassar A�cio Neves (PSDB), que, no segundo lugar do primeiro turno, ficou com 34.897.211 votos. Dilma levou a reelei��o, no segundo turno, com 54.501.118 votos. Marina apoiou A�cio na segunda fase das elei��es de 2014.
Mesmo com a ofensiva do PT, a ex-presidenci�vel ainda conquistou 22.176.619 votos. N�o foi o bastante, por�m, para ultrapassar A�cio Neves (PSDB), que, no segundo lugar do primeiro turno, ficou com 34.897.211 votos. Dilma levou a reelei��o, no segundo turno, com 54.501.118 votos. Marina apoiou A�cio na segunda fase das elei��es de 2014.
“De fato, Marina teve uma vota��o expressiva, mas o contexto de 2010, por exemplo, era dif�cil. T�nhamos Dilma surfando numa aprova��o de Lula superior a 80% e t�nhamos o PSDB, de Jos� Serra, governador de S�o Paulo com avalia��o positiva acima dos 50%. 2014 talvez tenha sido o mais pr�ximo de Marina ter protagonizado a disputa presidencial. Para ela e qualquer outro que tente ser presidente, tem que largar entre os dois candidatos preferidos, no m�ximo, o terceiro se tiver muito pr�ximo do segundo, se n�o, � dif�cil ir para um eventual segundo turno ou at� mesmo ganhar elei��es”, avalia o professor do Departamento de Ci�ncias Sociais da Universidade Federal de Alagoas, Denisson Silva.
Em 2018, j� no Rede, Marina se candidatou novamente, por�m, conseguiu apenas 1.069.578 votos. Ainda segundo Denisson, o mau desempenho da candidata se deveu � fragmenta��o das elei��es daquele ano. No entanto, ele analisou pontos positivos da campanha da ex-ministra.
"A elei��o de 2018 foi muito fragmentada. Com isso, os eleitores tiveram muitos polos de atra��o, ou como dir�amos na met�fora econ�mica, t�nhamos muitos produtos � disposi��o do consumidor (eleitor). Ent�o, a elei��o no primeiro turno seguiu o seu prop�sito, as pessoas votaram naqueles candidatos mais pr�ximos de suas convic��es”, disse.
“Outro ponto importante a ser considerado, � a m�quina partid�ria. Isso significa, em �ltima inst�ncia, estrutura para campanha. Pois, parte do financiamento � distribu�do pela proporcionalidade de parlamentares na C�mara dos Deputados. Mas ainda assim Marina saiu de alguma forma vitoriosa, pois, com bem menos recursos (pr�prios, privados ou estatais) teve praticamente a mesma vota��o Henrique Meirelles com toda estrutura do MDB e ainda o vultoso patrim�nio pr�prio empregado na campanha”, completou.
Neste meio tempo, Marina n�o poupou cr�ticas ao PT. A ex-ministra afirmou que, durante a campanha de 2014, Dilma tinha praticado fake news contra ela. Em outras ocasi�es, ela ainda afirmou que o partido n�o reconhece seus erros. E no impeachment da ex-presidente petista, Marina ainda se colocou positiva ao impedimento.
Todo esse hist�rico de cr�ticas ao Partido dos Trabalhadores, por�m, pode se tornar um “ponto-chave” para a estrat�gia petista este ano, ap�s o apoio declarado de Marina a Lula. A ex-ministra passa credibilidade e imparcialidade para quem ainda est� indeciso no voto. Al�m disso, Marina aproxima Lula do eleitorado evang�lico, o qual ainda � defasado.
“Para Lula (a aproxima��o) � boa, pois refor�a o discurso de frente ampla. E para os ambientalistas � importante pautar uma das candidaturas que t�m chance de vit�ria. No cen�rio em que os dois sejam eleitos (Lula na Presid�ncia e Marina na C�mara dos Deputados), � ainda melhor para os defensores das pautas ambientais, pois, de um lado vai ter uma parlamentar comprometida com a causa e um governo que deve ter algum grau de comprometimento tamb�m. Ela ainda anda em diversos c�rculos e � bem quista � evang�lica, facilitando a ponte e uma aproxima��o maior de Lula com esse eleitorado”, afirmou o cientista.
Transfer�ncia de votos
A aproxima��o entre Lula e Marina se torna ainda mais importante para a campanha de Lula. Uma das estrat�gias do petista � insistir no voto �til, para tirar Jair Bolsonaro (PL) da Presid�ncia. Com a expressividade de votos que a ex-ministra teve nos pleitos de 2010 e 2014, a possibilidade de a transfer�ncia de voto virar o dito voto �til pode acontecer, avalia o professor.
“A transfer�ncia de voto n�o � algo autom�tico. Mas, sem sombra de d�vidas, ter apoio da magnitude de Marina importa para qualquer candidato. Ou como diria na linguagem das redes sociais, Marina � uma 'influencer'. N�o � � toa que foi costurada essa alian�a. Al�m de simbolicamente representar essa frente ampla que Lula est� construindo”, afirma Denisson.
A Rede Sustentabilidade, al�m de ter declarado apoio a Lula, faz parte da coliga��o "Brasil da Esperan�a", que tem a Federa��o Brasil da Esperan�a com PT/ PCdoB/ PV/PSB e, junto,o Solidariedade/PROS e a Federa��o PSOL/REDE/Avante/Agir. No entanto, Marina s� declarou apoio ao PT nesta semana. Apesar disso, n�o era esperado, por outro lado, que a ex-ministra apoiasse Bolsonaro.
“O governo Bolsonaro n�o tomou nenhuma medida efetiva para combater os males clim�ticos, entre eles, a destrui��o da Amaz�nia, Cerrado e Pantanal. Ent�o, era de alguma forma esperado que Marina, uma pol�tica que dedicou a vida � pauta ambiental, fosse para um projeto de governo que tivesse condi��es, ou ao menos prometesse reverter ou parar com o processo de destrui��o ambiental em marcha”, conclui o professor.