
De acordo com Dal Piva, a fam�lia atua em bloco: filhos e pai seriam uma coisa s�. "T�o importante quanto as provas reunidas para denunciar Fl�vio Bolsonaro pela pr�tica ilegal da rachadinha e a lavagem de dinheiro foi constatar como diversos detalhes mostravam um aspecto de que Bolsonaro falava com frequ�ncia: seu gabinete e os dos tr�s filhos eram uma coisa s�", escreve Dal Piva.
Leia: Amigo de Bolsonaro confirma rachadinha em gabinetes da fam�lia
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No cap�tulo final do livro, "O cl� contra-ataca", ela faz considera��es sobre as manobras empregadas pelo presidente para interferir nas investiga��es do caso, iniciadas pelo Minist�rio P�blico do Rio de Janeiro, que foram anuladas pela incompet�ncia de foro da primeira inst�ncia, mas que poder�o a vir a ser novamente denunciadas pelo Minist�rio P�blico, sustenta a autora.
Revelado ao final de 2018, o esc�ndalo da "rachadinha" � o fio de um novelo que Juliana Dal Piva puxa para alcan�ar os anos 1990, in�cio da carreira pol�tica de Jair Bolsonaro, ex-capit�o do ex�rcito, desde os 33 anos na reserva remunerada, quando elegeu-se para a C�mara Municipal do Rio de Janeiro pela primeira vez.
Em trabalho de investiga��o e pesquisa, sustentada em dezenas de entrevistas e ampla documenta��o, Dal Piva reconstr�i o sistema organizado de desvio de verbas p�blica, apontando ind�cios de que remonta �s primeiras disputas eleitorais de Jair Bolsonaro, com o envolvimento dos filhos, ex-mulheres, parentes, amigos e milicianos.
Depois de 811 dias de investiga��o - dois anos e dois meses -, os procuradores de Justi�a do Rio de Janeiro denunciaram Fl�vio Bolsonaro em 4 de novembro de 2020. "Fl�vio Bolsonaro foi apontado como l�der de uma quadrilha que exigia cerca de 90% dos sal�rios de seus funcion�rios de gabinete", afirma Juliana Dal Piva.
Dinheiro pagava despesas pessoais da fam�lia Bolsonaro
A den�ncia em face do senador Fl�vio Bolsonaro, Fabr�cio Jos� Carlos de Queiroz e outros 15 investigados, foi pela pr�tica dos crimes de organiza��o criminosa, peculato, lavagem de dinheiro e apropria��o ind�bita, ocorridos entre os anos de 2007 e 2018, quando o senador fora deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
"Por uma mesada, essas pessoas sacavam e entregavam praticamente todo o sal�rio a Fabr�cio Queiroz, subtenente da reserva da PM- RJ, ex-assessora de Fl�vio e amigo de longa data de Jair. Com dinheiro vivo, o primog�nito do presidente pagava despesas pessoais, comprava im�veis e injetava esses recursos no caixa de uma loja de chocolates de sua propriedade em um shopping da Zona Oeste do Rio, para fazer lavagem de dinheiro", afirma Dal Piva.
"Por uma mesada, essas pessoas sacavam e entregavam praticamente todo o sal�rio a Fabr�cio Queiroz, subtenente da reserva da PM- RJ, ex-assessora de Fl�vio e amigo de longa data de Jair. Com dinheiro vivo, o primog�nito do presidente pagava despesas pessoais, comprava im�veis e injetava esses recursos no caixa de uma loja de chocolates de sua propriedade em um shopping da Zona Oeste do Rio, para fazer lavagem de dinheiro", afirma Dal Piva.
As provas reunidas na den�ncia que segundo Dal Piva tra�am o caminho do dinheiro desviado dos assessores empregados no gabinete da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro de Fl�vio Bolsonaro at� o pr�prio parlamentar foram anuladas. Tal foi poss�vel a reboque da anula��o das quebras de sigilo banc�rio no �mbito do Superior Tribunal de Justi�a (STJ), depois de vitoriosa a tese de Fl�vio Bolsonaro junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) de que deva ser mantido o foro privilegiado de um parlamentar eleito senador.
Reconhecido o foro especial de Fl�vio Bolsonaro, o inqu�rito foi retirado do juiz da primeira inst�ncia, Fl�vio Itabaiana. "Com as decis�es do STF e do STJ, a investiga��o voltou � estaca zero. N�o chegou a ser totalmente anulada, mas ficou com o rev�s de exigir que se produzisse de novo todas as provas financeiras que mostraram o caminho do dinheiro dos assessores at� Fl�vio", escreve Dal Piva.
A jornalista assinala que, embora pouco prov�vel que ocorra antes do resultado das elei��es de 2022, a Procuradoria Geral de Justi�a (PGJ) do Rio de Janeiro poder� determinar novos atos para a apura��o do caso, ap�s o arquivamento pelo �rg�o Especial do Tribunal de Justi�a do Rio de Janeiro da primeira den�ncia, o que ocorreu em 16 de maio de 2022. "A PGJ fluminense ficou com o caminho livre para retomar as investiga��es e um eventual novo pedido de quebra de sigilo de Fl�vio, Queiroz (Fabr�cio Queiroz, acusado de ser o operador do esquema) e dos demais envolvidos", afirma ela.
Essa possibilidade, explicaria de acordo com a autora, as manifesta��es de preocupa��o de Jair Bolsonaro do que pode lhe acontecer se n�o for reeleito. "Tanto que tenta se cercar de todas as maneiras, proibindo acesso at� a informa��es b�sicas da transpar�ncia como a de quem o visita no Planalto ou na Alvorada. Dados que eram p�blicos em governos anteriores agora possuem cem anos de sigilo", avalia Dal Piva. A autora de "O neg�cio de Jair" conclui: "Jair Bolsonaro e seus filhos temem que as pessoas conhe�am quem eles realmente s�o, sua vida e seus empreendimentos secretos. Mas a hist�ria proibida da fam�lia Bolsonaro n�o ser� apagada", garante a autora.

Autora: Juliana Dal Piva
Editora: Zahar
P�ginas: 328
Pre�o: R$ 84,90
E-book: R$ 39,90