Em viagem a Londres para o funeral da rainha brit�nica Elizabeth 2ª, o presidente Jair Bolsonaro fez discurso em tom de campanha e mencionou vit�ria em primeiro turno, embora apare�a atr�s do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) nas pesquisas de inten��o de voto.
"N�o tem como a gente n�o ganhar no primeiro turno", disse na manh� deste domingo (18/09) o presidente, em sacada da resid�ncia oficial do embaixador brasileiro em Mayfair, Londres.
O presidente iniciou a fala dizendo que se trata de um momento de pesar e falando em "profundo respeito pela fam�lia da rainha e pelo povo do Reino Unido". Disse que esse era o "objetivo principal", mas falou nos cerca de quatro minutos restantes sobre contexto pol�tico no Brasil e sobre sua plataforma de campanha (contr�ria � descriminaliza��o do aborto e do consumo de drogas, por exemplo).

Bolsonaro chegou acompanhado do pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vit�ria em Cristo, e do padre Paulo Ant�nio de Ara�jo. A comitiva presidencial inclui ainda o filho do presidente e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e Fabio Wajngarten, ex-secret�rio de comunica��o do governo Bolsonaro e membro da campanha de Bolsonaro � reelei��o.
Questionados sobre Bolsonaro falar em campanha eleitoral em meio �s cerim�nias f�nebres da rainha, Wajngarten argumentou que o presidente iniciou sua fala hoje falando do funeral. Malafaia, por outro lado, disse que n�o d� para "fingir que n�o est� tendo um processo eleitoral no Brasil".
O discurso de Bolsonaro foi acompanhado por um grupo de 100 a 200 pessoas, segundo a pol�cia londrina.
Ap�s a fala dele, parte dos apoiadores do presidente hostilizaram jornalistas brasileiros que estavam no local, entre eles a equipe da BBC News Brasil.

Houve xingamentos, gritos e acusa��es de parcialidade. N�o houve registro de viol�ncia f�sica contra os jornalistas.
Em seguida, policiais londrinos passaram a escoltar os jornalistas nas proximidades da embaixada brasileira em Londres.
Quase duas horas depois, um grupo de manifestantes fez um protesto contra Bolsonaro. Os cartazes em ingl�s traziam dizeres como "Parem Bolsonaro pelo futuro do planeta" e "Bolsonaro � uma amea�a ao planeta e � humanidade".
Os ativistas come�aram a ser hostilizados pelos apoiadores do presidente, e por isso a pol�cia londrina precisou separ�-los para evitar uma escalada na viol�ncia.

Agenda de Bolsonaro em Londres
Bolsonaro chegou � capital inglesa na manh� deste domingo e deve deixar a cidade na segunda-feira (19/09), em dire��o a Nova York, onde participar� da Assembleia Geral da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU).
Em Londres, est� previsto que Bolsonaro fa�a uma visita � c�mara ardente em Westminster, onde o corpo da rainha est� sendo velado, por volta das 10h (hor�rio de Bras�lia). Pouco depois, o presidente brasileiro deve assinar o livro de condol�ncias.

Por volta das 13h (hor�rio de Bras�lia), Bolsonaro deve comparecer � recep��o real acompanhado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e possivelmente de um tradutor.
O Itamaraty n�o soube informar se Bolsonaro ter� em seguida algum compromisso com aliados ou seus apoiadores em Londres.
No dia seguinte, segunda-feira (19/09), Bolsonaro participar� da cerim�nia f�nebre da rainha (ex�quias) por volta das 7h (hor�rio de Bras�lia). Haver� logo em seguida uma recep��o para os convidados estrangeiros promovida pelo governo brit�nico.
Horas depois, Bolsonaro deve seguir para os EUA. Ainda n�o h� informa��es sobre o hor�rio exato do voo do presidente, mas ele deve ocorrer por volta das 13h (hor�rio de Bras�lia).
Funeral da rainha: quem foi convidado e quem n�o foi
Os convites para o funeral da rainha foram enviados poucos dias depois da morte dela, e espera-se que compare�am quase 500 chefes de Estado e dignit�rios estrangeiros ao funeral na Abadia de Westminster, que tem capacidade para cerca de 2,2 mil pessoas..
Al�m de Bolsonaro, diversos l�deres mundiais j� chegaram a Londres para as cerim�nias em torno do funeral da rainha. Entre eles, Joe Biden (presidente americano), Justin Trudeau (primeiro-ministro canadense) e Jacinda Ardern (primeira-ministra neozelandesa).

A lista de convidados ao funeral da rainha gerou pol�mica no Reino Unido. Houve cr�ticas ao convite feito ao pr�ncipe herdeiro da Ar�bia Saudita, Mohammed bin Salman, por causa das acusa��es de envolvimento dele com o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi em 2018, dentro de um consulado saudita na Turquia. Salman nega qualquer envolvimento com o assassinato.
Outro que gerou controv�rsia no Reino Unido foi o convite feito ao presidente chin�s, Xi Jinping, por causa de acusa��es de crimes contra a humanidade que teriam sido cometidos contra uigures, uma etnia majoritariamente mu�ulmana com mais de 11 milh�es de pessoas no noroeste da China. O governo chin�s nega qualquer irregularidade.
Xi, no entanto, n�o deve comparecer ao evento. Segundo a BBC apurou, a delega��o chinesa (caso compare�a ao evento) teria sido barrada de visitar a c�mara ardente, onde o corpo da rainha est� sendo velado.
H� ainda aqueles que n�o foram convidados, entre eles os mandat�rios de Belarus, S�ria, Venezuela, Afeganist�o e R�ssia.
As rela��es diplom�ticas entre o Reino Unido e a R�ssia entraram em colapso desde a invas�o da Ucr�nia pela R�ssia no in�cio de 2022, e um porta-voz de Putin disse na semana passada que ele "n�o estava cogitando" comparecer ao funeral.
Houve, por fim, convites ao Ir�, � Coreia do Norte e � Nicar�gua, mas apenas para os embaixadores, e n�o para os chefes de Estado.
- Este texto foi publicado originalmente em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62946305
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