
O EM Confirma verificou e concluiu que o conte�do � ENGANOSO.
A gasolina era mais barata no tempo do ladr�o? pic.twitter.com/TGdbKTke84
%u2014 Bruno Engler 22222 (@BrunoEnglerDM) July 29, 2022
Na postagem de 29 de julho, o candidato rebate v�deo postado pelo ex-presidente Lula em suas redes sociais no dia 14 daquele m�s. Nele, pessoas aparecem em diferentes postos de gasolina mostrando pre�os do litro do combust�vel - em alguns casos ultrapassam a casa dos R$ 8 - e exibindo cartazes com os dizeres "No tempo do Lula era R$ 2,60".
Bruno Engler lembra que, em 2010, �ltimo ano do governo Lula, o sal�rio m�nimo era R$ 510 e que atualmente, apesar do litro do combust�vel a R$ 5,69, o m�nimo � R$ 1.212. Na sequ�ncia, ele faz um c�lculo simples: "Se em 2010 voc� pegasse todo o sal�rio m�nimo de R$ 510 e gastasse ele (sic) em gasolina, voc� conseguiria comprar 197 litros do combust�vel", afirma. E faz a mesma rela��o com o sal�rio atual, considerando o pre�o m�dio da gasolina a R$ 5,69 para chegar ao resultado de R$ 214 litros de gasolina. Ele conclui que a gasolina hoje est� mais barata.
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Compara��o de pre�o da gasolina � 'simplista', dizem especialistas
O EM Confirma estudou duas maneiras diferentes para analisar a tese do candidato. Refizemos a mesma conta simples, mas com os dados corretos, disponibilizados pela Ag�ncia Nacional do Petr�leo (ANP), que tem a s�rie hist�rica do pre�o m�dio da gasolina no Brasil. No ano de 2010, a R$ 2,566, o sal�rio m�nimo de R$ 510 permitia comprar 198 litros. Em 2022, com o pre�o m�dio at� o m�s de julho a R$ 6,86 e o m�nimo a R$ 1.212, � poss�vel comprar 176 litros.
A segunda maneira leva em conta uma an�lise feita pelo professor de Economia da Universidade Federal de Minas Geras (UFMG), M�rio Rodarte, pesquisador do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Faculdade de Ci�ncias Econ�micas (Cedeplar). Ele considerou uma cesta de gasolina fixa, ou seja, o quanto se comprava de gasolina com o sal�rio m�nimo real, a partir do pre�o m�dio de R$ 6,86, relativo aos sete primeiros meses deste ano, segundo a ANP: 176,7 litros. A partir da�, o professor calculou, anualmente, quanto esses mesmos 176,7 litros custariam frente aos respectivos sal�rios m�nimos reais - aplicando o �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor (INPC), o �ndice da infla��o, sobre o pre�o real do combust�vel.
Acompanhando o fluxo de duas d�cadas, a partir de 2002, �ltimo ano da gest�o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1994-2002), se percebe que, em 2009, o sal�rio m�nimo come�a a ser suficiente para comprar essa cesta e ainda "sobrar troco". Essa tend�ncia do crescimento do poder de compra do sal�rio m�nimo em rela��o � gasolina � interrompida em 2017, seguida de um per�odo de altos e baixos. Este ano, a cesta dispara com o sal�rio m�nimo.
"O valor real do sal�rio m�nimo estava num n�vel mais baixo e foi crescendo gradualmente, mas a pol�tica de valoriza��o ganhou mais consist�ncia no governo Lula, quando foi feito acordo para que houvesse regra de reajuste: varia��o do PIB para captar o ganho real dos dois anos anteriores mais a corre��o da infla��o", relata. "Isso faria com que o sal�rio m�nimo crescesse numa velocidade que n�o geraria mais infla��o e de modo tal que o trabalhador pudesse ter mais poder aquisitivo. Esse acordo prevaleceu para al�m do governo Lula, entrou no governo Dilma e foi interrompido em 2019", lamenta.
Pol�tica de pre�os
Enquanto isso, houve altera��o da pol�tica de pre�os de Petrobras e os reflexos foram sentidos direto na bomba. Dados da ANP mostram que, em 2018, o pre�o m�dio da gasolina no Brasil aumentou R$ 0,64 em rela��o a 2017, o maior da s�rie hist�rica de 2002 a 2021. Mas, o recorde foi batido ano passado, na compara��o com 2020: alta de R$ 1,5.
M�rio Rodarte ressalta que a conta de Bruno Engler n�o pode deixar de lado a pol�tica de valoriza��o do pre�o da gasolina, que passou por mudan�a substancial no governo de Michel Temer (2016-2017). Na ocasi�o, o ent�o presidente da Petrobras, Pedro Parente, estabeleceu a pol�tica de paridade com importados, de modo tal que, havendo aumento do custo de produ��o da gasolina internacional ou havendo desvaloriza��o do real frente ao d�lar a gasolina aumentaria, independente dos custos de produ��o da estatal. "De um lado, houve a interrup��o da pol�tica de valoriza��o do sal�rio m�nimo e, do outro, a eleva��o do pre�o do combust�vel, levando � a queda do poder aquisitivo do sal�rio m�nimo frente a esse bem", destaca.
Na compara��o de duas d�cadas do sal�rio m�nimo nominal vigente e sal�rio m�nimo real, � poss�vel concluir que o brasileiro ganhou poder de compra no per�odo de 18 primeiros anos (entre o fim do governo FHC e dois primeiros anos do governo Bolsonaro). Mas, houve perda nesses dois �ltimos. "A an�lise feita dessa forma � muito rigorosa, portanto d� confiabilidade na compara��o do poder aquisitivo dos sal�rios frente ao combust�vel."
A conta do deputado candidato � reelei��o n�o est� totalmente errada. Ele considerou um valor de pesquisas semanais da ANP e Procons nas cidades. No in�cio de julho, os postos de Jo�o Pessoa (PB) registraram o menor pre�o do combust�vel - R$ 5,69. Logo, com esse valor, compra-se mais combust�vel que em 2010. "Mas, essa pol�tica atual � inconsistente do ponto de vista do n�vel fiscal. Tem uma redu��o de impostos e como ser� essa equaliza��o mais � frente? Por isso, o melhor � fixar a m�dia do primeiro semestre em vez de pegar o �ltimo dado na ponta", explica o economista da UFMG.