
O homem de 50 anos que foi preso pela equipe da Pol�cia Federal que atua na seguran�a do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), sob acusa��o de xingar o petista de “ladr�o”, nega veementemente que tenha feito qualquer ofensa e garante que n�o chegou a ver o candidato � Presid�ncia da Rep�blica.
O caso aconteceu na quinta-feira (15/9), em Montes Claros, no Norte de Minas, onde Lula fez um com�cio.
Na elei��o de 2018, Montes Claros (414,3 mil habitantes) ganhou destaque na midia nacional pelo fato de ser a terra natal de Ad�lio Bispo, que esfaqueou o ent�o candidato a presidente Jair Bolsonaro (ent�o, filiado no PSL e hoje no PL) em um ato de campanha em Juiz de Fora (Zona da Mata). Na atual campanha eleitoral, a cidade-polo do Norte de Minas, voltou a ter notoriedade na imprensa e postagens nas redes sociais em todo o pa�s por causa do epis�dio envolvendo o petista.
O homem preso depois de ser acusado de ofender o candidato do PT, localizado pelo Estado de Minas, � o analista de telecomunica��es M.F., tamb�m bacharel em direito e em economia. Ele concordou em falar com a reportagem desde que n�o fosse revelado o seu nome. “N�o gosto dessas coisas de aparecer”, afirmou.
Ele declarou ser eleitor do presidente e candidato � reelei��o Jair Bolsonaro (PL) e tem um adesivo da campanha em seu carro. “Mas n�o sou militante”, sustenta.
O fato causou pol�mica. De acordo com reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, criminalistas consideraram como “excessiva” a pris�o do homem supostamente por ter dirigido palavras contra o candidato do Partido dos Trabalhadores.
Reportagem do portal UOL/Folha, baseada em informa��o atribu�da � Segunda Delegacia de Policia Civil de Montes Claros, relata que Lula seguia em comboio por volta das 17h30 de quinta-feira em uma avenida da cidade, “quando um homem que estava em um ve�culo e passava ao lado do carro do candidato gritou: "Lula ladr�o, Lula safado, Lula sem vergonha".

Ao Estado de Minas, o especialista em telecomunica��es afirmou que houve excesso por parte do delegado da PF respons�vel pela seguran�a do candidato do PT, contra o qual pretende entrar com uma a��o por abuso de autoridade, o que est� sendo avaliado por seus advogados.
“Fiquei impressionado com o que aconteceu. O delegado (da quipe da PF na seguran�a de Lula) simplesmente foi pra cima de mim. Ele agiu com certa viol�ncia e me constrangeu muito”, declarou.
O homem relatou que, na tarde de quinta-feira, seguia de carro pela Avenida Deputado Esteve Rodrigues (mais conhecida como Sanit�ria), na altura da Vila Bras�lia, quando se deparou com um congestionamento, provocado pelo comboio da comitiva do ex-presidente Lula, que passava pelo local.
O morador disse que, em fun��o do congestionamento, o seu carro, carregando “uma bandeirinha do Brasil” e com o adesivo de Bolsonaro, ficou parado, momento em que um outro carro, que seria da comitiva do petista, parou ao lado seu veiculo.
Ele Informou que pessoas que ficaram paradas no local, de fato gritaram palavras contra o candidato do PT e ouviu a express�o “Lula ladr�o, seu lugar � na pris�o”. Nesse momento, descreve, abriu o vidro do carro “para ver o que estava acontecendo”, mas que ele pr�prio n�o fez nenhuma manifesta��o, garante.
“Eu abri a minha janela (o vidro do carro). E olhei para o lado. N�o vi o (ex) presidente Lula. So vi os carros que estavam parados do meu lado. Fui surpreendido por um delegado da Pol�cia Federal, que estava com um tanto de homens l� da seguran�a (de Lula), que cercou meu carro e foi gritando que eu estava cometendo um crime e mandando eu estacionar. Eu ainda recusei e falei: 'eu n�o estou fazendo nada n�o. Deixa eu ir embora'”, descreve. “Mas eles mandaram eu parar o carro", emendou.
O homem afirma que os policiais federais da seguran�a de Lula estavam armados. “Mas eles n�o apontaram armas pra mim, n�o. Mandaram eu descer e colocar as m�os no cap� do carro. Fizeram aquela verifica��o toda para ver se eu estava armado. Tiraram os meus �culos e meu bon� na maior brutalidade”, lembra.
Segundo ele, os respons�veis pela abordagem perguntaram se ele era filiado a algum partido. “Eu falei: n�o tem nada a ver. Estou indo embora pra casa. Eu n�o iria passar perto dessa comitiva. Ela que passou perto de mim.”
“N�o pude falar mais nada n�o, que eles estavam me xingando, me pressionando. A�, deixei quieto para resolver depois", informou M.F., acrescentando, que, logo em seguida, foi levado no banco traseiro de um carro da Pol�cia Militar (PM) para a delegacia de Policia Civil, onde permaneceu por cerca de 5 horas.
“Nunca pisei em uma delegacia na minha vida. Nunca tive problema com a pol�cia”, pontuou.
Ele afirmou que foi “muito tem bem tratado pela Pol�cia Militar” e que “o �nico que se excedeu foi o delegado da Pol�cia Federal”. Tamb�m comentou: “Tenho a impress�o de que o pessoal da Pol�cia (Federal) quis aparecer para a comitiva do pessoal que estava nos carros (da comitiva de Lula)”.
Homem diz que n�o viu Lula
O homem preso sob a acusa��o de ter xingado o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva sustenta que nem sequer viu o petista, que concorre novamente ao Pal�cio do Planalto e lidera as pesquisas da corrida eleitoral.
“Nem vi o candidato Lula. Nem sei se ele estava no carro do meu lado”, assegurou, dizendo tamb�m que “nunca” em sua vida usou o termo “sem vergonha”. "Acho que o pessoal me confundiu”, completou.
O analista em telecomunica��es e bacharel salientou que, de fato, o caso “teve uma repercuss�o muito grande". “Mas, n�o tenho interesse em tirar proveito da situa��o. Nem filmei, nem nada. O que quero � justi�a e garantir nossa liberdade de poder transitar – de ir e vir – normalmente”, concluiu.
O QUE DIZ A POL�CIA FEDERAL
Procurado pela reportagem, o delegado Gilvan Cle�filas Garcia de Paula, chefe da Delegacia da Pol�cia Federal em Montes Claros, argumentou que o caso n�o chegou a ser encaminhado para a unidade. “ Essa ocorr�ncia n�o foi trazida para a PF. A ocorr�ncia ficou a cargo da PM e Pol�cia Civil”, assegurou Garcia de Paula.
Em nota enviada � reportagem, a PF informou que, "na data de 19/9, na cidade de Montes Claros, policiais federais respons�veis pela seguran�a do candidato � Presid�ncia da Rep�blica Luiz In�cio Lula da Silva acionaram a Pol�cia Militar de Minas Gerais para realizar o atendimento de ocorr�ncia envolvendo um homem suspeito de proferir palavras ofensivas ao candidato. Ato cont�nuo, a PMMG tomou as provid�ncias que considerou cab�veis e encaminhou o caso para a PCMG".
O QUE DIZ A POL�CIA CIVIL
Tamb�m procurada, a Policia Civil, por meio de sua assessoria em Montes Claros, informou que “foi lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorr�ncia e o suspeito assinou o Termo de compromisso para comparecer em audi�ncia”.