
Luiz In�cio Lula da Silva (PT) intensifica, por meio de seus apoiadores, a press�o sobre os eleitores dos candidatos da chamada terceira via, para que "virem o voto" e ajudem a eleger o ex-presidente j� em 2 de outubro.
Faltando 11 dias para o primeiro turno, a campanha do ex-presidente O alvo principal � o eleitorado de Ciro Gomes (PDT), que, agora, tenta reter seus pr�prios eleitores. Mas o voto �til tamb�m mira os simpatizantes de Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (Uni�o Brasil), que pontuam nas pesquisas de inten��o de voto.
No v�deo, cantores e atores conhecidos do grande p�blico se revezam em um clipe cujo refr�o � "Vira, vira voto", em que todos fazem o gesto da "arminha" - marca da campanha de Jair Bolsonaro (PL) em 2018 - virar o "L" de Lula.
Um dos destaques � o compositor Caetano Veloso, simpatizante assumido de Ciro Gomes, que decidiu votar em Lula para evitar que a disputa avance ao segundo turno. Tamb�m participam Maria Beth�nia, Daniela Mercury, Margareth Menezes, Mart'n�lia, os ex-Tit�s Nando Reis e Arnaldo Antunes, Chico Buarque, al�m de atores e atrizes como Denise Fraga, Drica Moraes, Caco Ciocler, Deborah Evelyn e Ci�a Guimar�es.
No mesmo dia, foi divulgado um manifesto, escrito em espanhol, em que dezenas de l�deres e pol�ticos da Am�rica Latina pedem, sem rodeios, que Ciro desista da candidatura.
Na intitulada Carta aberta a Ciro Gomes: o que precisa ser feito para deter Bolsonaro, os signat�rios dizem ser "incompreens�vel" a insist�ncia de Ciro em manter sua candidatura. "Apesar da sua boa vontade", diz o texto, "infelizmente, voc� (Ciro) n�o est� em condi��es de fazer o bem, nenhum bem e, sim, fazer um grande mal ao Brasil e seu povo". "N�o poder� fazer o bem, apesar de suas inten��es, porque suas chances de ganhar (a elei��o) s�o iguais a zero", enfatiza.
Assinam o pedido para que Ciro retire a candidatura nomes como o do argentino e ganhador do Pr�mio Nobel da Paz Adolfo P�rez Esquivel, do ex-presidente do Equador Rafael Correa, da senadora colombiana Piedad C�rdoba, do deputado venezuelano Juan Eduardo Romero e do ex-ministro boliviano Juan Ram�n Taborga.
'Fascismo de esquerda'
Ciro reagiu ao videoclipe dos artistas ao considerar que o PT est� "aniquilando alternativas". Disse, em sabatina promovida pelo jornal O Estado de S. Paulo, que Caetano Veloso e Tico Santa Cruz, dois dos mais conhecidos "ciristas" que declararam apoio a Lula, "s�o boas pessoas, mas que est�o com a vida ganha".
A cr�tica mais pesada foi endere�ada ao PT, que o presidenci�vel acusa de estimular "fascismo de esquerda". "H� um fascismo de esquerda liderado pelo PT, eles est�o querendo simplificar de uma forma absolutamente dram�tica o debate, querendo nada mais, nada menos, do que aniquilar alternativas. Isso � uma trag�dia para um pa�s que nem o Brasil", declarou. Ir�nico, ainda frisou que � a favor do voto �til "contra a corrup��o".
Com o avan�o da campanha para decidir o pleito no primeiro turno, reter eleitores passa a ser mais uma preocupa��o para o pedetista. Na pesquisa da Genial Quaest, divulgada nesta semana, 51% dos entrevistados que declararam voto em Ciro admitiram mudar de op��o "caso algo aconte�a", enquanto 47% disseram que a escolha � "definitiva". Perguntados se mudariam o voto para Lula vencer no primeiro turno, 33% dos ciristas responderam que sim.
A press�o para que Ciro abra m�o da disputa em favor do petista cresce, tamb�m, dentro do pr�prio partido dele. Alas ligadas ao brizolismo j� romperam com a candidatura oficial. Na ter�a-feira, no Rio de Janeiro, pedetistas hist�ricos, como o ex-deputado Vivaldo Barbosa - que liderou a bancada do PDT na Assembleia Nacional Constituinte e foi secret�rio de Justi�a no governo de Leonel Brizola no estado do Rio - e o deputado federal Paulo Ramos, lan�aram o movimento informal "BrizoLula".
O grupo prometeu encaminhar ao presidente da legenda, Carlos Luppi, pedido para que a Executiva Nacional seja convocada com o objetivo de definir o aval a Lula ainda no primeiro turno.
Outra voz do brizolismo hist�rico, da ex-deputada e comunicadora Cidinha Campos, tamb�m assumiu a campanha do voto �til no programa que apresenta na R�dio Tupi, do Rio. "Os candidatos s�o Bolsonaro e Lula. Eu prezo muito meu partido, estou no PDT h� mais de 40 anos. N�o posso deixar que aconte�a alguma coisa que coloque de volta este homem (Bolsonaro) no lugar. Portanto, eu vou declarar agora meu voto para presidente: eu vou votar no Lula", afirmou, no ar.
'�nica sa�da'
Presidenci�vel Simone Tebet tamb�m reagiu. A parlamentar, que disputa com Ciro o terceiro lugar na corrida sucess�ria, disse que ela � a �nica que tem condi��es de derrotar o petista em um eventual segundo turno.
"Aqueles que n�o querem a reelei��o do presidente da Rep�blica t�m de votar em mim. Sou a �nica que tem possibilidade de derrotar o ex-presidente Lula. Ent�o, se � o voto �til, eu sou o voto �til. Eu represento a �nica sa�da que o Brasil tem de n�o voltar com f�rmulas antigas", afirmou, durante agenda de campanha em S�o Paulo.
Tebet considera a estrat�gia de voto �til um "desrespeito" com a democracia, mas reconheceu que o candidato do PT tem "o direito de tentar" virar votos dos advers�rios.
"Vejo como um desrespeito do ex-presidente Lula com a democracia e com o povo brasileiro. Porque n�o � s� pregar o voto �til. Ele tem o direito de tentar, mas ele prega o voto �til e n�o se apresenta ao Brasil", seguiu. "Quem � esse Lula que est� chegando? Qual � o projeto para educa��o? Para o desenvolvimento? Como vai tratar a iniciativa privada nessas parcerias t�o necess�rias?", questionou.
Na pesquisa Genial Quaest, divulgada nesta semana, mais da metade dos eleitores que declararam votar em Tebet (56%) admitiram a possibilidade de mudar de posi��o "caso algo aconte�a". E 24% responderam que mudariam o voto para Lula ser eleito em primeiro turno, percentual menor do que o registrado entre os eleitores de Ciro Gomes (33%).
Na pesquisa, Tebet ocupa o quarto lugar na corrida sucess�ria, com 5% das inten��es de voto, empatada tecnicamente com o pedetista, que tem 6%.