"Apesar da receita fabulosa, ele n�o fez nada por Minas. N�o existe uma pol�tica p�blica, um programa ou uma obra. Ele est�, simplesmente, pagando a folha no quinto dia �til. � um governo que n�o tem nada a mostrar aos mineiros. Justamente por n�o ter nada a mostrar, se remete a tr�s anos e meio atr�s, como se o que estivesse em julgamento fosse meu mandato", disse.
O petista se defendeu das cr�ticas e relacionou os problemas financeiros do estado aos herdados por ele. "A crise fiscal de Minas � antiga e veio se acumulando nos governos que me antecederam, especialmente nos tr�s governos do PSDB, e continua. A origem da crise � a previd�ncia p�blica", assegurou.
Pimentel falou ainda a respeito da postura do PT ante Zema e afirmou que o partido n�o conseguiu verbalizar, � opini�o p�blica, uma orienta��o de oposi��o clara ao modelo do partido Novo. "Zema conseguiu fazer um governo, praticamente, sem sofrer cr�ticas contundentes por parte do mundo pol�tico e da imprensa. Ele navegou em um c�u de brigadeiro", protestou.
Como o senhor recebeu as recorrentes cita��es de Zema a seu nome durante o debate da TV Globo?
Ele j� tem feito isso e est� utilizando essa t�tica que acredito ser uma recomenda��o que recebeu de marqueteiros ou algo assim. Mas acho que ontem (anteontem) ele exagerou. Ficou meio rid�culo, no fim das contas. Os pr�prios candidatos que estavam no debate se queixaram disso. Um deles (Marcus Pestana, do PSDB) chegou a sugerir de, quem sabe, Kalil dar meu telefone a ele. O debate era sobre o governo do estado, o governo dele, que � governador h� tr�s anos e meio. Meu governo, que ele insiste em puxar o assunto, terminou tr�s anos e meio atr�s. Ele escolhe o caminho de comentar e criticar meu governo, justamente, como m�todo de fugir do debate sobre o governo dele, que est� em julgamento.
Qual sua opini�o sobre o governo Zema?
� um governo med�ocre, para dizer o m�nimo. Ruim para Minas Gerais. � um governo que tem condi��es financeiras muito melhores do que as que tive. Governei o estado em situa��o financeira muito ruim. E, tamb�m, em uma situa��o pol�tica delicad�ssima - a maior crise da Rep�blica at� este momento foi naquele per�odo, com o impeachment de Dilma e a famigerada Opera��o Lava-Jato, que levou � absurdamente injusta pris�o de Lula, em um processo fraudulento movido por (Sergio) Moro.
Zema n�o tem nada desses problemas. Ele est� governando o estado com sobras de caixa. Em 2016, 2017 e 2018, o estado arrecadou R$ 264 bilh�es. Em 2019, 2020 e 2021, arrecadou R$ 303 bilh�es. � uma diferen�a de quase R$ 40 bilh�es. Somado ao que ele deixou de pagar da d�vida com a Uni�o - cerca de R$ 20 bilh�es -, ele tem R$ 64 bilh�es a mais em caixa. Isso explica porque regularizou as contas e colocou os sal�rios em dia.
Apesar da fabulosa receita, ele n�o fez nada por Minas. N�o existe uma pol�tica p�blica, um programa ou uma obra. Ele est�, simplesmente, pagando a folha no quinto dia �til. � um governo que n�o tem nada a mostrar aos mineiros. Justamente por n�o ter nada a mostrar, se remete a tr�s anos e meio atr�s, como se o que estivesse em julgamento fosse meu mandato.
O senhor considera justo ser responsabilizado por ele pela crise fiscal que se abateu sobre Minas Gerais?
N�o. A crise fiscal de Minas � antiga e veio se acumulando nos governos que me antecederam, especialmente nos tr�s governos do PSDB, e continua. A origem da crise � a previd�ncia p�blica. Temos, em Minas, uma folha de pagamento muito pesada dos aposentados. Na minha �poca, no que Minas arrecadava versus no que gastava, sem a previd�ncia, o estado era superavit�rio em cerca de R$ 8 bilh�es. Mas h� a folha de aposentados: pag�vamos cerca de R$ 22 bilh�es ao ano e arrecad�vamos, de fonte previdenci�ria, com os sal�rios da ativa e (contribui��o) patronal, pouco mais de R$ 5 bilh�es. Ficava faltando.
Voc� colocava os R$ 8 bilh�es de super�vit na folha, mas faltavam R$ 8 bilh�es ou R$ 9 bilh�es todo ano. E isso era crescente, porque, anualmente, aumentava a quantidade de aposentados. Esse desequil�brio n�o est� resolvido. Isso envolve grande negocia��o com a Uni�o e a cria��o de um fundo previdenci�rio capitalizado pelo estado pela Uni�o. � uma discuss�o longa e complexa, que n�o foi feita. N�o tive tempo para fazer isso. Foi um governo muito tumultuado. O PSDB teve 16 anos no governo e poderia ter resolvido a quest�o.
Zema simplesmente ignora isso. Est� com dinheiro em caixa, pois n�o paga a d�vida com a Uni�o e tem excesso de arrecada��o, mas essa verba n�o serve para resolver o problema previdenci�rio ou para fazer obras e pol�ticas p�blicas importantes.
Quando esteve em Ipatinga, na semana passada, Lula disse que a �nica coisa que v� Zema fazer � criticar o PT. Ele, inclusive, pediu que a dire��o do partido em Minas respondesse aos ataques. O que � poss�vel fazer?
O que o presidente quis dizer naquele momento era que caberia ter tido uma resposta ao longo dos tr�s anos de governo Zema, por parte do PT, �s cr�ticas que ele tem feito reiteradamente, desde que assumiu o governo. Infelizmente, vamos reconhecer, n�o houve oposi��o a Zema na Assembleia Legislativa, de maneira geral, na cena p�blica.
N�o obstante o fato de que perdi a elei��o, o PT elegeu a maior bancada de deputados da Assembleia. E, por algum motivo que n�o sei explicar, porque n�o sou deputado, n�o foi feita oposi��o. Ao n�o fazer oposi��o, o partido, ent�o, ficou desabrigado em rela��o a essas cr�ticas. Eu, como ex-governador, n�o tinha como retrucar, porque n�o tinha mandato e voz p�blica para isso - vou ter agora, se for eleito deputado federal.
O que Lula estava querendo dizer � que o PT deveria ter feito a defesa do nosso mandato. N�o fez. Agora, na campanha, certamente esse tema vai voltar. E � hora, sim, n�o s� do PT, mas da campanha de nossa coliga��o, enfrentar as cr�ticas e rebat�-las � altura.
Que fato ilustra sua opini�o sobre o PT n�o ter feito oposi��o concreta a Zema na Assembleia?
O partido, como um todo, claramente era de oposi��o a Zema, mas isso n�o foi verbalizado de maneira eficiente � opini�o p�blica. Ent�o, Zema conseguiu fazer um governo, praticamente, sem sofrer cr�ticas contundentes por parte do mundo pol�tico e da imprensa. Ele navegou em um c�u de brigadeiro. � isso que d� a ele a aprova��o que as pesquisas mostram que, aparentemente, o governo tem. Foi um governo que n�o teve oposi��o.
O senhor, recentemente, ganhou a chance de utilizar, como direito de resposta, 1 minuto do tempo de TV de Zema. O que pretende veicular?
Ganhei tr�s direitos de resposta sobre mentiras que ele falou no programa eleitoral sobre meu mandato e sobre mim. Esse, a que voc� (rep�rter) se refere, diz respeito ao Pal�cio das Mangabeiras. Ele veiculou no programa dele (uma pe�a) como se utilizar a resid�ncia oficial fosse um crime, me qualificando como 'rei' e 'fara�'. A resid�ncia oficial foi utilizada por todos os 17 governadores desde Juscelino Kubitschek. Ela est� l� para isso. N�o � uma mordomia, um pal�cio, mas um local de trabalho preparado para isso. O governador atua 24 horas por dia, 365 dias ao ano.
Zema quis pintar isso como uma coisa quase criminosa. A Justi�a determinou que ele me desse um minuto do tempo dele, que deve ir ao ar amanh� (hoje). Vou explicar que n�o h� nada de errado (em usar o Pal�cio das Mangabeiras) e que n�o tinha 30 empregados. Os funcion�rios que l� est�o s�o p�blicos e trabalham em um complexo de governo - n�o prestando servi�os dom�sticos. Fico surpreso em ver o que ele fez agora com a resid�ncia oficial das Mangabeiras: cedeu, sem licita��o, para um grupo de empres�rios, uma entidade privada, que utiliza o espa�o cobrando ingresso para entrar. � um bem p�blico. Uma entidade privada cobrar ingresso em patrim�nio p�blico, at� onde entendo, � uma infra��o grave.
Como o senhor avalia a postura de Zema no debate?
N�o sei explicar por que ele adotou esse caminho (de criticar Pimentel). � um caminho que me beneficia, porque ele est� me tornando protagonista de uma elei��o em que n�o sou candidato a governador - mas a deputado federal. Ele traz meu nome ao programa eleitoral das candidaturas majorit�rias eleitorais e ao debate. Me torna protagonista e me d� evid�ncia em um momento em que n�o era necess�rio. Para mim, n�o � ruim.
Ele est� ingressando em um territ�rio perigoso. A cr�tica recorrente ao PT pode ser que n�o d� muito certo em um estado onde Lula, principal lideran�a do partido, tem quase 50% de prefer�ncia popular nas pesquisas. O governador est� se indispondo publicamente com metade da popula��o mineira, que aprova e est� disposta a votar em Lula - e, obviamente, aprova nosso partido.