EM Confirma: investimento por aluno no Brasil n�o � maior que a m�dia

O candidato a deputado federal Nikolas Ferreira (PL) publicou v�deo em sua conta no Twitter v�deo intitulado "Paulo Freire? Nunca mais", criticando o modelo de educa��o brasileira e afirmando que o "Brasil investe os maiores valores que a m�dia internacional e mesmo assim n�o obt�m resultados significativos". 

O EM Confirma checou e concluiu que N�O � POR A�.  

A afirma��o do candidato faz parte de um dos temas mais abordados quando o assunto � fake news em educa��o, conforme mostrou o EM em mat�ria dedicada ao tema. "Se olhado o valor total, o do Brasil � maior. Mas, o investimento por aluno � muito abaixo que o de outros pa�ses, como os que integram a Organiza��o para a Coopera��o e Desenvolvimento Econ�mico (OCDE). Eles j� avan�aram na inclus�o e garantia de aprendizagem, o Brasil tem uma d�vida hist�rica que precisa ser saldada", afirmou na ocasi�o a presidente do Conselho de Administra��o do Cenpec, Anna Helena Altenfelder. O Cenpec � uma organiza��o da sociedade civil sem fins lucrativos que promove equidade e qualidade na educa��o b�sica p�blica. 

O candidato, vereador de BH, desfila ainda uma s�rie de propostas, entre elas, a regulamenta��o do ensino domiciliar. A quest�o est� longe de consenso e exigir� debate no Congresso Nacional. Isso porque temas como militariza��o das escolas e homeschooling n�o possuem ades�o da popula��o brasileira, segundo pesquisa Educa��o, valores e direitos, do Cenpec e A��o educativa. O levantamento sinaliza que tais pontos encampados por agendas conservadoras n�o t�m ades�o da popula��o, sendo observados pontos progressistas nas falas dos entrevistados. E revela que nove em cada 10 pessoas concordam que as crian�as devem ter o direito de frequentar a escola mesmo que seus pais n�o queiram. 

Outra promessa de Nikolas � erradicar o sistema de cotas raciais e de cotas para transexuais, al�m e atuar pela manuten��o das cotas sociais. Mais uma vez, N�O � POR A�. N�o ser� simples e o debate dos legisladores deve envolver institui��es de ensino e organiza��es da sociedade civil. As cotas nas institui��es federais de ensino n�o s�o para negros em sua base, mas para estudantes de escolas p�blicas. 

A Lei 12.711, de 29 de agosto de 2012, reserva 50% das vagas nas universidades federais a estudantes que tenham cursado integralmente o ensino m�dio em escolas p�blicas. No caso das escolas federais de n�vel m�dio, metade das vagas � destinada a alunos que tenham feito todo o ensino fundamental em col�gios das redes municipais ou estaduais. Do total de vagas reservadas, metade vai para estudantes oriundos de fam�lias com renda igual ou inferior a 1,5 sal�rio-m�nimo per capita. O restante � distribu�do entre autodeclarados pretos, pardos e ind�genas e por pessoas com defici�ncia, em propor��o ao total dessa popula��o na unidade da Federa��o onde est� instalada a institui��o, segundo o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). 

Cotas para travestis, transexuais e transg�neros n�o est�o na lei e t�m sido adotadas pontualmente na gradua��o e na p�s-gradua��o de estabelecimentos de ensino superior federais ou estaduais, por iniciativa das pr�prias institui��es, seguindo delibera��o de seus Conselhos Universit�rios.  

Por �ltimo, o candidato crava que "Ningu�m mais aguenta Paulo Freire no nosso pa�s". A afirma��o � FALSA. 

Educador, pedagogo e fil�s�fo, Paulo Freire foi declarado "patrono da educa��o brasileira" pela Lei 12.612, de 13 de abril de 2012. Nascido em Recife (PE), � um dos brasileiros mais conhecidos e reconhecidos no mundo, gra�as a seu m�todo inovador de alfabetiza��o, que o tornou uma inspira��o para gera��es de professores, sobretudo na Am�rica Latina e na �frica. Em seu "m�todo" de "educa��o libertadora", ele identifica a alfabetiza��o com um processo de conscientiza��o. A convite do governo Jo�o Goulart (1961-1964), Freire coordenou o Programa Nacional de Alfabetiza��o, com a inten��o de atingir 5 milh�es de adultos. 

"Como o 'M�todo Paulo Freire' n�o trata apenas de alfabetizar, mas tamb�m de politizar, os alfabetizandos eram levados a perceber as injusti�as que os oprimiam e a necessidade de buscar mudan�as, atrav�s de organiza��es pr�prias - o que fez com que passassem a ser identificados como amea�a. Assim, o Programa foi extinto pelo governo militar em abril de 1964, menos de 3 meses ap�s ter sido oficializado", explica texto do Instituto Paulo Freire. Depois de preso, ele se exilou no Chile, tendo passado ainda por Estados Unidos e Su��a. Voltou ao Brasil em 1980.