
Desde 1994, os tucanos vinham vencendo as elei��es paulistas – inclusive no primeiro turno em 2006, 2010 e 2014. Segundo aliados, Rodrigo n�o deve declarar apoio formal a nenhum dos advers�rios no segundo turno.
Com 92,61% das urnas apuradas, Tarc�sio aparecia na frente, com 42,59% dos votos, seguido por Haddad, com 35,46%. Rodrigo tinha 18,40%.
Nesta segunda etapa, Tarc�sio pretende seguir a mesma f�rmula das �ltimas semanas –uma campanha casada com a de seus padrinhos pol�ticos, Jair Bolsonaro (PL) e Luiz In�cio Lula da Silva (PT), que foram ao segundo turno na disputa pela Presid�ncia da Rep�blica.
O apoio do vice na chapa de Lula, Geraldo Alckmin (PSB) —que governou o estado por mais de 12 anos pelo PSDB —, � pe�a-chave para que Haddad conquiste votos. Lula tinha chances de vencer j� no primeiro turno, e essa era a prioridade do PT e de Haddad, j� que o resultado mais favor�vel na disputa nacional poderia impulsion�-lo, ao mesmo tempo em que a sa�da de Bolsonaro do p�reo seria um rev�s para Tarc�sio.
Al�m de n�o atingir esse trunfo, Haddad viu Tarc�sio chegar � sua frente no primeiro turno e deve enfrentar grande dificuldade na segunda etapa –a �ltima pesquisa Datafolha apontou o bolsonarista em trajet�ria ascendente e a apenas cinco pontos percentuais do petista. A direita sempre venceu no estado, considerado conservador e onde o antipetismo impediu que a esquerda tivesse chance de vit�ria.
A pesquisa Datafolha divulgada neste s�bado mostra que, no segundo turno, Haddad marca 46% contra 41% de Tarc�sio. A vantagem vem caindo —em agosto, os �ndices eram 53% a 31%. A rejei��o ao petista cresceu ao longo da campanha e chegou ao pico de 40%, ante 33% do bolsonarista.
Os estrategistas do PT minimizam esse dado, argumentando que o �ndice n�o impede uma vit�ria e tem rela��o com o n�vel de conhecimento dos candidatos pela popula��o.
Haddad, que foi ex-prefeito da capital paulista e ex-ministro da Educa��o de Lula, � bem mais conhecido (93% dos eleitores disseram saber quem ele � no Datafolha do �ltimo dia 29) do que Tarc�sio (67%).
O ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro se esfor�ou para se apresentar como bolsonarista e algu�m que conhece S�o Paulo, j� que nasceu no Rio e mudou seu domic�lio para S�o Jos� dos Campos (SP) s� para a elei��o. Em uma entrevista, n�o soube indicar o col�gio em que vota —viralizou e foi alvo de rivais.
Para projetar uma vit�ria de Haddad no pr�ximo dia 30, o PT se agarra ao fato de que o antibolsonarismo � expressivo em S�o Paulo. O levantamento do Datafolha divulgado na v�spera da vota��o mostrou que Lula tem uma leve dianteira num�rica em rela��o a Bolsonaro no estado (41% a 37%).
Como Rodrigo era um advers�rio considerado mais forte na segunda etapa, uma vez que j� havia at� ultrapassado Haddad numericamente nas proje��es de segundo turno, a campanha do PT centrou ataques no tucano, na tentativa de enfrentar Tarc�sio nas pr�ximas quatro semanas.
Para se diferenciar dos advers�rios, que buscavam reproduzir a polariza��o nacional entre PT e Bolsonaro em S�o Paulo, Rodrigo n�o se vinculou a nenhum presidenci�vel. A independ�ncia guiou seu mote de "proteger o estado da briga pol�tica" e o slogan "nem esquerda nem direita". Por isso, afirmam aliados, a ideia � manter a neutralidade no segundo turno, justamente para n�o comprometer a imagem de terceira via. Os duros ataques trocados entre os tr�s advers�rios tamb�m dificultam qualquer composi��o.
Uma parcela do PT, no entanto, afirma n�o ser imposs�vel atrair tucanos –o pr�prio Lula conseguiu apoio de parte das figuras hist�ricas da sigla. Nos bastidores, a campanha de Tarc�sio diz que n�o haver� uma postura proativa na busca pelo PSDB, mas ressalta que todo apoio � bem-vindo.
Rodrigo amarga uma dura derrota para o PSDB mesmo com a m�quina estatal a seu favor e o apoio de mais de 500 prefeitos –irrigados com verba e entregas do governo. Teve ainda a maior coliga��o e o dobro do tempo de TV, al�m da alian�a com a Uni�o Brasil, que det�m o maior volume de recursos para o pleito.
Por outro lado, o governador tinha o antecessor, Jo�o Doria (PSDB), de quem foi vice-governador, como �ncora. A tentativa de Doria, cuja rejei��o � alta, de se lan�ar ao Planalto gerou uma crise no partido, que acabou por enterrar sua candidatura. Assim, Rodrigo buscou esconder o aliado na campanha.
Haddad tamb�m montou uma coliga��o numerosa (PT, PSB, PV, Rede, PC do B e PSOL), numa in�dita uni�o da esquerda. M�rcio Fran�a (PSB) e Guilherme Boulos (PSOL) desistiram de concorrer ao governo estadual para apoi�-lo. O petista teve a seu dispor R$ 25,8 milh�es e declarou despesa de R$ 18,9 milh�es, segundo dados de s�bado. A maior parte (R$ 24,7 milh�es) � de verba p�blica doada por PT e PSB.
Tarc�sio arrecadou menos (R$ 16,3 milh�es), R$ 10 milh�es dos quais oriundos de partidos, e o restante de doa��es de pessoas f�sicas. Rodrigo, por sua vez, teve R$ 25,2 milh�es de receitas e R$ 23,8 milh�es de gastos –R$ 23,1 milh�es em recursos p�blicos bancados sobretudo por PSDB e Uni�o Brasil.
O bolsonarista, do Republicanos, formou coliga��o com PSD, PL, PTB, PSC e PMN. Aliados pol�micos, como Eduardo Cunha (PTB), Fernando Collor (PTB) e o prefeito de Embu das Artes, Ney Santos (Republicanos), suspeito de liga��o com a fac��o criminosa PCC, tornaram-se muni��o para os rivais.
A campanha de Tarc�sio foi marcada pela necessidade de afirmar o candidato como bolsonarista e de contornar o fato de ele n�o ser paulista. Ele foi lan�ado ao governo de S�o Paulo por Bolsonaro, n�o sem antes ter cogitado se candidatar ao Senado por Goi�s ou pelo Mato Grosso. Tarc�sio tamb�m foi alvo de fogo amigo. Aliados do presidente se incomodavam com o fato de o ex-ministro n�o embarcar na guerra contra as urnas e o Judici�rio, embora defenda o governo federal em termos de economia e resultados.
Por outro lado, o ex-ministro chegou a questionar a obrigatoriedade de vacina��o para servidores e o uso das c�meras acopladas aos uniformes da Pol�cia Militar do estado, medida que reduziu a letalidade policial.
J� Haddad passou boa parte da campanha se esquivando de cr�ticas � sua gest�o na Prefeitura de S�o Paulo. A administra��o do petista foi considerada ruim ou p�ssima por 48%, e apenas 14% a avaliaram como �tima ou boa, de acordo com pesquisa Datafolha, o pior �ndice desde Celso Pitta.
Seguindo a indica��o da campanha nacional do PT de centrar o discurso na infla��o e na fome, Haddad apostou em promessas populares, como o aumento do sal�rio m�nimo paulista, a retirada do ICMS da carne e da cesta b�sica e a cria��o de um Bilhete �nico metropolitano.
O "Beab� da Pol�tica"
