
Passado o primeiro turno das elei��es, Luiz In�cio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) j� come�aram a costurar os primeiros acordos com novos aliados na disputa pela Presid�ncia.
Enquanto Bolsonaro conseguiu o apoio dos governadores dos dois maiores col�gios eleitorais do pa�s, Lula deve ter o apoio dos terceiro e quarto colocados e que receberam juntos 8,5 milh�es de votos.
A diferen�a entre Lula e Bolsonaro foi de 6 milh�es. O petista recebeu 48,43% dos votos v�lidos, e Bolsonaro, 43,20%. Para ganhar, eles precisam de 50% mais um.
A disputa foi mais apertada do que indicavam as pesquisas, o que torna os apoios fechados agora importantes e bem-vindos, mas isso n�o deve ser o fiel da balan�a para a vit�ria de Lula ou de Bolsonaro, dizem cientistas pol�ticos ouvidos pela BBC News Brasil.
Quem apoiou Lula e Bolsonaro?
Lula conseguiu o apoio do PDT. O diret�rio nacional do partido tomou a decis�o por unanimidade.O seu candidato � Presid�ncia, Ciro Gomes, que ficou em quarto, com 3,04%, falou que vai seguir o seu partido. Mas ele se mostrou bastante contrariado e n�o citou Lula ao anunciar o apoio.
"� a �ltima sa�da. Lamento que a democracia brasileira tenha afunilado a tal ponto que reste para o brasileiro duas op��es, a meu ver, insatisfat�rias", disse.
"Ao contr�rio da campanha violenta da qual fui v�tima, nunca me ausentei ou me ausentarei da luta pelo Brasil. Sempre me posicionei e me posicionarei na defesa do pa�s contra projetos de poder que levaram o pa�s a essa situa��o grave e amea�adora."
A senadora Simone Tebet (MDB) tamb�m j� sinalizou que deve apoiar o ex-presidente. "Eu j� tenho um lado, n�o esperem de mim omiss�o", anunciou Tebet ap�s o primeiro turno, em que ficou em terceiro lugar, com 4,16% dos votos.
Ela deu 48 horas para que os partidos da sua coliga��o se manifestassem antes de apresentar sua decis�o.
O Cidadania era um deles e disse que apoia Lula. O PSDB, terceiro partido da federa��o formada pelas tr�s legendas, ficou neutro e liberou seus diret�rios para apoiar quem acharem melhor.
O governador de S�o Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), declarou seu "apoio incondicional" a Bolsonaro.

Garcia foi advers�rio de Fernando Haddad (PT) na elei��o e ficou em terceiro, atr�s do petista e de Tarc�sio de Freitas (Republicanos), o candidato apoiado pelo presidente.
S�o Paulo � o maior col�gio eleitoral do pa�s, e Bolsonaro ganhou ali de Lula por 47,71% a 40,89%. O presidente tamb�m j� tem um apoio importante no terceiro maior col�gio, o Rio de Janeiro.
O governador Cl�udio Castro, que � do seu partido (PL) e foi reeleito no primeiro turno com 58,67% dos votos, refor�ou que est� com Bolsonaro. O presidente venceu no Rio no primeiro turno com 51,09% contra 40,68% de Lula.
O ex-juiz Sergio Moro (Uni�o Brasil), eleito senador pelo Paran� com 1,9 milh�o de votos, tamb�m declarou apoio ao presidente.
Moro foi ministro da Justi�a e Seguran�a P�blica e saiu do governo acusando Bolsonaro de tentar interferir na Pol�cia Federal. O presidente nega.
Bolsonaro disse agora que as desaven�as entre os dois est�o "superadas". "O passado � o passado, n�o temos contas a ajustar", afirmou o presidente para jornalistas.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), reeleito no primeiro turno com 56,2% dos votos, foi um dos primeiros a declarar que est� com Bolsonaro.
Minas � um Estado-chave para a elei��o presidencial, porque � o segundo maior col�gio eleitoral. Nenhum presidente eleito desde a redemocratiza��o venceu sem ganhar em Minas.
Neste primeiro turno, a vota��o ali espelhou quase exatamente o resultado nacional.
O Partido Social Crist�o, comandado pelo Pastor Everaldo, anunciou seu apoio formal ao presidente.
"Bolsonaro � o candidato que defende as bandeiras conservadoras do PSC: defesa da fam�lia e da vida desde a concep��o, da seguran�a, das mulheres e da liberdade econ�mica", disse.
Apoio d� voto?

� um come�o melhor para o presidente, avalia o cientista pol�tico Cl�udio Couto. "Acho que Bolsonaro sai um pouco na frente porque conseguiu apoios mais significativos", diz o professor da Funda��o Get�lio Vargas (FGV).
Isso � relevante porque pode influenciar a percep��o do eleitorado sobre as candidaturas. "O mais importante � essa percep��o do conjunto de apoios. O eleitor vai ver quem est� conseguindo atrair mais, e isso conta", afirma o cientista pol�tico Rafael Cortez, da consultoria Tend�ncias.
Mas os analistas avaliam que os apoios anunciados at� agora n�o devem trazer os votos que Bolsonaro precisa para virar o jogo, porque muitos dos eleitores dos seus "novos aliados" provavelmente j� votaram nele no primeiro turno.
"Tem um valor mais simb�lico do que pr�tico. Al�m disso, Rodrigo Garcia, por exemplo, se tivesse uma grande capacidade de influ�ncia n�o teria ficado em terceiro lugar", diz Cortez.
O apoio de Zema tem mais peso, avalia Couto. "Mas n�o s�o nomes que inflamam paix�es, n�o estamos diante de lideran�as carism�ticas", afirma.
"O Zema � um gestor bem avaliado, e isso ajudou ele a se reeleger facilmente, ent�o, � claro que � bom ter o apoio, porque pode deixar os eleitores que votaram em Lula mais pensativos, mas n�o acredito que vai virar tudo de cabe�a para baixo."

A cientista pol�tica Maria do Socorro Sousa Braga ressalta que "Minas � quase um Brasil" e isso limita quantos votos Bolsonaro pode conquistar no Estado.
"Claro que vai conseguir um pouco, mas � um col�gio eleitoral imenso, e as regi�es do Norte de Minas votam em Lula, ele venceu muito forte ali."
Do lado de Lula, o apoio resignado de Ciro tamb�m n�o ajuda muito, diz Couto.
"Porque n�o � o Carlos Lupi (presidente do PDT) que vai conseguir trazer votos para Lula. Pode ajudar um pouco se houver articula��es das lideran�as locais, mas o eleitorado n�o tem uma identifica��o com o partido."
O apoio de Tebet, se confirmado, tamb�m n�o deve ser suficiente para garantir a vit�ria petista, segundo Braga.
"Entre os novatos, a Tebet � quem sai com maior capital pol�tico, mas ainda n�o tem capacidade de fazer uma grande transfer�ncia, leva tempo para um pol�tico conquistar isso, ainda mais entre campos antag�nicos como ela e o PT."
Mas a cientista pol�tica avalia que isso pode ter um efeito dentro de um partido bastante dividido como o MDB e fazer a legenda pender para o lado de Lula.
"O partido j� tem v�rios segmentos que apoiam Lula, e isso deve se ampliar com o apoio da Tebet", diz Braga. O MDB � o partido que est� � frente do maior n�mero de prefeituras no pa�s.
Os analistas dizem que, tanto de um lado quanto do outro, as transfer�ncias de votos n�o s�o autom�ticas e que vai depender muito mais das campanhas conseguirem mudar a percep��o sobre os candidatos para conseguir os votos que faltam para vencer.
Bolsonaro vai precisar reduzir a sua rejei��o, e Lula tem que desfazer as desconfian�as sobre como ele deve governar nas �reas econ�mica e de costumes.
Mas, em uma elei��o disputada, os votos conquistados com as novas alian�as podem ter um impacto maior do que antes. "� o pouco que pode significar muito", diz Couto.
- Este texto foi publicado originalmente em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63140205
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