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Estado de Minas ELEI��ES 2022

Ma�ons admitem for�a do bolsonarismo e se dizem alvo de preconceito

Oposi��o usa na campanha de Lula visita de Bolsonaro a uma reuni�o de ma�ons; ele entrou na defensiva sobre o tema indigesto para sua principal base religiosa


07/10/2022 09:13 - atualizado 07/10/2022 12:11

Bolsonaro em sessão da Maçonaria, vídeo viralizou nos últimos dias
Bolsonaro em sess�o da Ma�onaria, v�deo viralizou nos �ltimos dias (foto: Reprodu��o/Youtube)
Enquanto Jair Bolsonaro (PL) acusava a esquerda de fazer "estardalha�o" com imagens suas numa loja ma��nica, grupos ma�ons compartilhavam outro v�deo, que fazia um escarc�u sobre a possibilidade de Luiz In�cio Lula da Silva (PT) voltar ao poder.

Gravado pelo locutor F�bio Dub, um entusiasta do presidente, o material diz que, se optarem pelo PT, professores n�o podem reclamar de levar tapas e chutes de alunos, tampouco valem queixas do agricultor que tiver sua propriedade invadida pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), ou do comerciante que for assaltado.

A pe�a termina lembrando, em tom de desprezo, artistas que endossam o petista: "Caetano Veloso, Daniela Mercury e Anitta --isso, Anitta".

Opositores t�m usado a visita a uma reuni�o de ma�ons, em 2017, contra o presidente, que entrou na defensiva sobre o tema, um tanto indigesto para sua principal base religiosa. Evang�licos, em geral, veem a ma�onaria como uma seita incompat�vel com a f� crist�, posi��o compartilhada pelo Vaticano.

Bolsonaro virou "Ma�onaro" nas redes sociais, e sua tropa de choque correu para reduzir danos. O pastor Silas Malafaia divulgou v�deo minimizando a confraterniza��o do presidente com ma�ons, e a deputada Carla Zambelli (PL) rogou: "Coloquem a mim na fogueira". Ela se casou numa loja ma��nica em 2020, com Michelle Bolsonaro entre os convidados, o que virou muni��o contra o mandat�rio.

Tamb�m foi recuperada pelas redes uma nota recente, publicada pela revista Veja, sobre a participa��o de Bolsonaro no 2º Encontro de Lideran�as Empresariais Ma��nicas. O evento aconteceu no dia 15 de setembro, na Associa��o Comercial de S�o Paulo, mas o presidente acabou n�o indo.

"Segundo informa��es que recebemos, foi por conta do falecimento da rainha [Elizabeth], a� a agenda dele acabou sendo ajustada", diz o presidente em exerc�cio da entidade, Jo�o Bico.

Bolsonaro n�o foi convidado por ser candidato, e sim por ser a autoridade m�xima do pa�s, ele afirma. Lula tamb�m o seria, se presidente fosse.

Bico � membro da Sagrada Fam�lia, loja sob guarda da pot�ncia ma��nica Grande Oriente de S�o Paulo. N�o acha "justo nem �tico" dizer em quem vota, dada sua posi��o hier�rquica, mas sinaliza que em ao menos um ponto concorda com Bolsonaro: a pol�tica do "fique em casa", que se estendeu por meses durante a pior pandemia em gera��es, desemparou a classe empresarial.

"Milhares de neg�cios foram fechados porque fomos obrigados a ficar presos. Acho que isso foi, de certa forma, uma certa arbitrariedade que prejudicou", diz.

A Folha de S.Paulo conversou com cinco ma�ons para esta reportagem. Fora Bico, que n�o se posicionou abertamente, dois s�o bolsonaristas e os outros dois n�o gostam nem do atual presidente nem do ex.

Um ma�om que n�o quis ter o nome divulgado diz que uma grande maioria � Bolsonaro. Afirmou ter votado em Ciro Gomes (PDT), mas que n�o sabe quem ser� seu candidato no segundo turno.

Ele e outros tr�s concordam que, a despeito das prefer�ncias pessoais, a ma�onaria pode at� ser um ambiente plural, mas a inclina��o ao bolsonarismo no segundo turno � patente.

O deputado Coronel Tadeu (PL-SP) est� num dos grupos de WhatsApp onde circularam o v�deo anti-PT. A rep�rter, por ser mulher, jamais poderia fazer parte dele. A ma�onaria tradicional s� acata membros homens.

"Em geral, s�o pessoas que n�o aceitam comportamentos de esquerda, como ideologia de g�nero, drogas e aborto", afirma o bolsonarista Tadeu, n�o reeleito para a C�mara. "At� tem petistas, mas eles s�o minoria."

N�o se trata de um filtro ideol�gico a priori, mas consequ�ncia do perfil mais habitual das lojas ma��nicas, segundo o parlamentar. O ma�om m�dio � branco e de classes mais altas. "Onde o PT tem mais voto? Nas classes de baixa renda."

� preciso ter algum poder aquisitivo, diz, para ser um deles. Tadeu paga R$ 200 de mensalidade para pertencer � sua ordem. D� um exemplo de gasto: vi�vas recebem, ap�s uma vaquinha de irm�os ma�ons do falecido, uma esp�cie de seguro de vida, que pode chegar a R$ 100 mil.

Outro ma�om, que prefere o anonimato, ratifica a ideia de que esquerda e ma�onaria n�o s�o o melhor match. S�o os liberais e os conservadores que mais procuram as lojas, diz.

Ao menos dois aliados de Lula nesta elei��o fizeram o mesmo que Bolsonaro: discursar num encontro ma��nico sobre projetos pol�ticos. Um deles � Geraldo Alckmin (PSB), na �poca governador pelo PSDB, hoje vice do petista com quem j� disputou a Presid�ncia. Outro � M�rcio Fran�a (PSB), tamb�m ex-governador, rec�m-derrotado na elei��o para o Senado.

Ele lembra de outros irm�os pol�ticos: Michel Temer (MDB) e Hamilton Mour�o (Republicanos).

Algumas jovens lideran�as vieram da Ordem DeMolay, uma esp�cie de pr�-escola da ma�onaria, para jovens de 12 a 21 anos. O ex-prefeito Bruno Covas (PSDB), morto em 2021, passou por l�.

Na segunda (3), um grupo de WhatsApp do DeMolay-SP recebeu a mensagem de que estar� "muito bem representado pelos irm�os Seniores Baleia Rossi, na C�mara, e Matheus Coimbra, na Assembleia Legislativa de S�o Paulo". Tenente Coimbra � do PL de Bolsonaro, e Rossi preside o MDB nacional.

Pol�ticos da "esquerda radical", como esse ma�om define o PT, ele nunca viu discursar na ma�onaria. J� a "esquerda moderada", como enquadra Alckmin, Fran�a e o deputado A�cio Neves (PSDB-MG), tiveram a palavra em encontros passados.

Ma�ons pasmaram por terem virado arma contra Bolsonaro. Um dos que conversou com a reportagem disse que a ma�onaria � alvo de preconceito e que, como aconteceu com os comunistas, ganhou fama infundada de pactuar com o dem�nio, comer criancinhas.

Jo�o Bico, o empres�rio que n�o p�de recepcionar Bolsonaro em setembro por conta do funeral da rainha da Inglaterra, aposta que os pol�ticos n�o v�o deixar de procurar as lojas ma��nicas.

"A ma�onaria � uma entidade muito importante e participou de v�rios momentos importantes do pa�s. Nunca pode estar fora do contexto de discuss�o para o Brasil, seja o presidente que for."


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