
Carlos Marcelo e Guilherme Peixoto
Entusiasmado com o desempenho do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas pesquisas internas da campanha � reelei��o, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), diz que a entrada “decisiva” do governador mineiro Romeu Zema (Novo) na ca�a aos votos pode impulsionar a chapa do PL. Nogueira aposta em Zema como poss�vel presidenci�vel em 2026. “Se o presidente Bolsonaro ganhar, Minas vai sair com um fort�ssimo candidato � sucess�o dele, que � Zema. � um potencial candidato em 2026 pela forma decisiva como est� entrando nesta elei��o”, diz, em entrevista exclusiva ao Estado de Minas. Presidente nacional do PP, o chefe da Casa Civil afirma que ter Zema em seu partido “seria um sonho” — afinal, aponta, o governador ficou “muito maior” do que o Novo.
Durante o 1º turno, Nogueira chegou a projetar vit�ria de Bolsonaro em “18 ou 19” das 27 unidades da Federa��o. As urnas, por�m, s� apontaram triunfos em 12 estados, mais o Distrito Federal. “O que previ s� n�o se confirmou por conta da tentativa de se fazer o maior estelionato eleitoral de nossa hist�ria”, justifica, em tom cr�tico a institutos de pesquisa que erraram os percentuais obtidos pelo presidente e por candidatos de seu grupo pol�tico, como Tarc�sio de Freitas (Republicanos), que disputa o governo de S�o Paulo.
O ministro n�o esconde a decep��o pelos resultados eleitorais do Piau�, seu reduto, onde esteve na manh� de ontem com o presidente.. L�, o PT venceu o governo, com Rafael Fonteles, e o Senado, com Wellington Dias. E, embora reconhe�a a “for�a eleitoral” de Lula no Nordeste, Nogueira cr� que o comparecimento �s se��es de vota��o vai diminuir em 30 de outubro — o que faria recuar o percentual obtido pela chapa presidencial petista. “Historicamente, no 2º turno, e voc�s podem comprovar isso em 2014 e 2018, o aumento da absten��o no Nordeste � muito significativo”, assegura.
"N�o tenho d�vida de que, pela paix�o do eleitor de Bolsonaro e com a absten��o, ele ir� ganhar. A possibilidade � muito grande de ganharmos, at� com uma margem que vai surpreender, da mesma forma que surpreendeu Lula n�o ganhar"
Como o senhor avalia as duas primeiras semanas de campanha no 2º turno? O que espera para os pr�ximos dias?
Foi muito bom o in�cio da campanha para o nosso campo pol�tico. Depois da perplexidade do PT por n�o ter ga- nho no 1º turno, criou-se um �nimo muito grande. Muitos eleitores n�o foram votar porque acharam que Lula ganharia no 1º turno. As pesquisas, agora, est�o dizendo que o �ndice de comparecimento desses eleitores vai ser muito grande no 2º turno. � mais um fator que nos ajuda. As pessoas v�o avaliar o que querem para o futuro. Se querem um governo que est� bem avaliado, com �ndices econ�micos fant�sticos. Enfrentamos problemas como Brumadinho, pandemia, guerra e crise h�drica. Imagina o que vai ser do pa�s se n�o enfrentarmos esses problemas nos pr�ximos anos? O que seria do pa�s se tiv�ssemos pego os R$ 750 bilh�es que gastamos para cuidar das pessoas, vacinar e cuidar dos empregos, e entregue isso para Tarc�sio (de Freitas, ex-ministro) cuidar da Infraestrutura?
O senhor disse que o 1º turno seria um plebiscito sobre as gest�es de Lula e Bolsonaro. � correto dizer que o 1º turno, ent�o, foi um plebiscito que apontou aprova��o maior � gest�o de Lula?
O 1º turno foi um plebiscito: ‘sim’ ou ‘n�o’ a Lula. Gra�as a Deus, a popula��o disse ‘n�o’, porque estava tudo pronto para ele ganhar no 1º turno.
Mas Lula foi o primeiro colocado.
Ele foi, mas todo mundo achava que ele iria ganhar no 1º turno, menos n�s, que t�nhamos informa��es. Tentou-se montar um cen�rio para enganar a popula��o e ele ganhar no 1º turno. A popula��o optou por ele n�o ganhar no 1º turno. Voc�s est�o vendo os institutos que acertaram (o resultado) da elei��o no 1º turno colocando um empate t�cnico. N�o tenho d�vida de que, pela paix�o do eleitor de Bolsonaro e com a absten��o, ele ir� ganhar. A possibilidade � muito grande de ganharmos, at� com uma margem que vai surpreender, da mesma forma que surpreendeu Lula n�o ganhar.
Na �ltima quinta-feira, o senhor publicou tu�te afirmando que Bolsonaro est� � frente de Lula em Minas. O que o faz ter tanta empolga��o e certeza a respeito disso, uma vez que o petista venceu no 1º turno?
No 1º turno, criou-se uma narrativa, principalmente a grande imprensa e alguns dos principais institutos do pa�s, para tentar que a elei��o fosse resolvida no 1º turno e induzir o eleitor que gosta de votar em quem vai ganhar, a resolver a elei��o no 1º turno. O que se viu foi que esses institutos, no meu ponto de vista, tentaram criar o maior estelionato eleitoral da nossa hist�ria. Gra�as a Deus, n�o tiveram sucesso. Sa�mos da elei��o com uma perspectiva muito positiva de vit�ria do presidente.
Existia uma expectativa muito grande sobre os dois maiores estados, S�o Paulo e Minas Gerais, e um grande fator positivo dessa campanha para Bolsonaro foi o engajamento e a entrada, de forma decisiva, do governador Romeu Zema em Minas. � o estado que tem a maior sintonia com o pa�s como um todo. Alguns estat�sticos dizem que n�o � preciso fazer pesquisa no Brasil; basta fazer em Minas. Os �ndices do pa�s foram id�nticos aos de Minas. Os n�meros que recebemos nesta semana nos surpreenderam positivamente na migra��o (de votos), levando a uma vit�ria do presidente Bolsonaro em Minas de forma muito significativa.
"Podem ter certeza: se o presidente Bolsonaro ganhar, Minas vai sair com um fort�ssimo candidato � sucess�o dele, que � Zema. � um potencial candidato em 2026 pela forma decisiva como est� entrando nesta elei��o"
Em setembro, o senhor ironizou o Datafolha e escreveu: “Viramos Minas”. As urnas mostraram que o ex-presidente Lula terminou � frente do presidente Bolsonaro por 563 mil votos. O que aconteceu entre o m�s passado e o resultado das urnas e o que o faz crer que o desfecho do 2º turno ser� outro?
No 1º turno, o estado que teve a maior volatilidade foi Minas. Chegamos a virar em Minas e a dist�ncia aumentou, mas a vit�ria de Lula terminou de forma bem mais estreita do que se imaginava e do que deram os institutos. Nossa expectativa � que a entrada decisiva do governador Zema consolide a vit�ria do presidente em Minas.
O senhor � do Piau�, estado que deu a Lula uma de suas mais expressivas vit�rias. A que atribui o triunfo do PT por l� e, tamb�m, em todo o Nordeste? Como reverter?
A for�a eleitoral de Lula no Nordeste � hist�rica. A migra��o dos percentuais por conta da absten��o no Nordeste vai ser significativa na decis�o eleitoral deste ano, porque se voc� levar em conta apenas a elei��o de 2018, a vit�ria de Lula (do PT, na verdade) cai de 6 milh�es para 2 milh�es (de margem). A absten��o no Nordeste no 2º turno � muito significativa.
A campanha de Bolsonaro, ent�o, trabalha com elevada absten��o no Nordeste nos cen�rios em que projeta a re- elei��o?
N�o � uma coisa que dependa do quadro pol�tico ou de esfor�os de um lado ou de outro. Historicamente, no 2º turno, e voc�s podem comprovar isso em 2014 e 2018, o aumento da absten��o no Nordeste � muito significativo.
O senhor apostava em uma vit�ria do presidente em 18 ou 19 estados. As urnas mostraram que foram 12 vit�rias, mais o Distrito Federal. Onde os resultados n�o corresponderam � sua previs�o? E como ser� no 2º turno?
Temos tudo para ganhar a elei��o, no 2º turno, nos estados que previ. N�o contava com essa manipula��o dos institutos de pesquisa, aliados � grande imprensa. N�o esperava que, depois de tanto tempo, se repetisse o que ocorreu em 1989, no famoso debate entre Lula e Collor. Aquilo se tornou muito pequeno diante do que aconteceu no pa�s. Tentar manipular, dizer que um candidato vai ganhar por 15 ou 20 pontos no 1º turno… institutos que t�m hist�ria fizeram isso.
Defendo que eles, ap�s a elei��o, prestem contas ao Congresso Nacional, atrav�s de uma CPI, do que realmente aconteceu. O que previ s� n�o se confirmou por conta da tentativa de se fazer o maior estelionato eleitoral de nossa hist�ria.
"Nunca tivemos uma elei��o com extremismo t�o grande. Me preocupa que, no dia seguinte � elei��o, qualquer um estar� com 40% a 50% de rejei��o. A grande diferen�a � que Bolsonaro tem uma base para administrar o pa�s sem fazer concess�es, ao contr�rio de Lula"
O senhor defende a instala��o da CPI das Pesquisas Eleitorais, mas de uma forma ‘despolitizada e isenta’. � poss�vel ter uma Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito despolitizada?
L�gico. Depois da elei��o. Temos de saber uma explica��o. Um instituto de credibilidade, n�o quero citar nomes, mas os dois principais do pa�s colocarem que um candidato vai ganhar com 15 milh�es ou 20 milh�es de votos (a mais), e a diferen�a ficou em 6 milh�es? Algu�m tem de explicar. Qual foi o resultado que esses institutos acertaram no pa�s? Grande parte do eleitorado vota com os institutos de pesquisa. � uma manipula��o criminosa da vontade popular.
O senhor disse que trabalha com proje��es, inclusive sobre Minas. Qual a diferen�a entre os institutos que trabalham para a campanha e os que divulgam seus levantamentos na imprensa? Sua proje��o sobre os ‘18 ou 19 estados’ que Bolsonaro venceria no 1º turno n�o est� ligada aos dados repassados pelas pesquisas internas?
O trabalho dos partidos e dos candidatos � feito a partir de trackings, que n�o s�o registrados. O que voc� utiliza do tracking, basicamente, n�o � nem o n�mero, sobre ganhar ou perder, mas saber se h� crescimento ou queda. A�, voc� orienta a campanha sobre determinado programa ser negativo ou positivo. �quela �poca (setembro), os trackings davam crescimento muito consistente, principalmente em Minas. Agora, com esse cen�rio de crescimento de Bolsonaro no pa�s, acho muito dif�cil que ele n�o ganhe esta elei��o. E n�o vai ser por um ou dois pontos. Acredito que o presidente vai ter, no m�nimo, 8 pontos (de vantagem) e que fique, no m�nimo, entre 54% a 46% (para Bolsonaro). N�o sai dessa margem de erro, lhes garanto. Depois voc�s me cobrem.
O que o senhor espera de Bolsonaro nos debates com Lula na TV? Hoje, eles ter�o o primeiro confronto direto no segundo turno.
Estamos diante de uma decis�o sobre o que queremos para o pa�s. Um caminho consistente, previs�vel, buscando uma recupera��o e um protagonismo econ�mico no mundo que est� nos dando uma chance hist�rica nos pr�ximos anos, ou a imprevisibilidade, o medo de termos, no pa�s, um alinhamento completo com o insucesso que est� acontecendo nos demais pa�ses da Am�rica Latina. O eleitor tem de utilizar esse debate para tomar conhecimento da diferen�a de projeto futuro para o pa�s. Est� muito claro: h� um projeto vi�vel, consistente e de sucesso. A pol�tica econ�mica do Brasil � exemplo e refer�ncia para o mundo. N�o h� nenhum sucesso econ�mico, pelo menos nos �ltimos dois anos, como o que acontece no pa�s. Se mudarmos isso para uma imprevisibilidade… a (cerca de) 15 dias da elei��o, n�o sabemos nem quem � o ministro da Economia do candidato que ganhou o 1º turno. � uma chance muito grande de insucesso. Espero que o eleitor utilize esse debate para fazer uma escolha previs�vel e consistente.
Em quais estados o senhor acha que Bolsonaro ter� desempenho mais expressivo do que no 1º turno?
Lula cometeu, gra�as ao bom Deus, dois erros muito graves. Primeiro: ele desistiu da campanha de governador em S�o Paulo. Hoje, a campanha para governador l� � completamente nacionalizada. Isso acaba ajudando muito a subida do presidente em S�o Paulo, porque acho muito dif�cil o eleitor votar em Haddad e em Bolsonaro — ou em Tarc�sio e em Lula. Pode at� ocorrer, mas isso n�o � o natural.
Em Minas, (houve) essa entrada decisiva do governador. N�o � uma alian�a partid�ria, mas pela prosperidade. As pesquisas qualitativas que temos de Minas nos indicam que o eleitor mineiro tem recebido muito bem a forma como seu governador entrou nesta campanha. Podem ter certeza: se o presidente Bolsonaro ganhar, Minas vai sair com um fort�ssimo candidato � sucess�o dele, que � Zema. � um potencial candidato em 2026 pela forma decisiva como est� entrando nesta elei��o.
No 1º turno, Zema defendeu o voto em Felipe d’Avila, do Novo, mas horas ap�s vencer a elei��o local, j� sinalizava apoio a Bolsonaro. Como essa uni�o ocorreu?
Estive com Zema no 1º turno. �quela �poca, tentei o apoio do governador (a Bolsonaro), mas ele deixou bem claro que, por conta da lealdade ao seu partido (iria apoiar d’Avila) — e ele reconhecia que seu candidato n�o teria possibilidade ao 2º turno. Mas ele sempre colocou que o grande advers�rio dele e do pa�s era o PT. Seu trabalho, apesar de n�o votar no presidente, (apesar da) diverg�ncia na vis�o de pa�s (em rela��o ao PT), iria acabar beneficiando o presidente. Isso, realmente, ocorreu. A forma, sem nenhum tipo de vincula��o ou de conchavo, em que ele anunciou, t�o rapidamente (o apoio), e a forma como ele entrou t�m sido muito importantes e decisivas para a vit�ria do presidente.
Zema seria bem-vindo ao PP, j� que o Novo n�o conseguiu romper a cl�usula de barreira?
Seria um sonho. Vamos aguardar. N�o tenho d�vidas de que o sucesso eleitoral de Zema e o sucesso de seu primeiro mandato o credenciam muito a ser candidato � sucess�o de Bolsonaro caso repita esse sucesso – e o natural � que amplie isso, por ser mais experiente na vida p�blica. Os dois nomes que v�o sair muito fortes desta elei��o em caso de vit�ria do presidente v�o ser ele (Zema) e Tarc�sio, porque o governador de S�o Paulo se torna sempre potencial candidato. Mas, a�, Tarc�sio tem de fazer um grande governo, coisa que Zema j� fez. Acho muito dif�cil fugir disso para a elei��o de 2026.
"Os institutos de pesquisa, no meu ponto de vista, tentaram criar o maior estelionato eleitoral da nossa hist�ria. Gra�as a Deus, n�o tiveram sucesso"
O senhor cr� que Zema ficou maior do que o Novo?
Muito maior. O Novo � um partido muito respeitado em Bras�lia. S�o quadros excelentes, que mant�m identidade e fidelidade ao que pregam nas urnas, mas � um partido muito pequenininho. Acredito que � muito dif�cil um presidente ser eleito pelo Novo isolado. Agora, dentro de um arco de alian�as… Basicamente, em uma campanha eleitoral, voc� precisa de tempo de TV e de apoio nos estados. Isso pode vir a ser viabilizado.
O senhor chegou a anunciar f�rias para se dedicar � elei��o no Piau� e, depois, recuou. E escreveu, em 27 de agosto, que o seu estado “caminhava a passos firmes rumo � mudan�a”. Por que essa caminhada mudou de dire��o e seus candidatos ao governo e ao Senado perderam?
Muito pela for�a de Lula, tenho de reconhecer. Mas, de qualquer forma, Lula teve vota��o expressiva no Piau� e seus candidatos quase perderam. O candidato ao governo (Rafael Fonteles, do PT) teve diferen�a de apenas seis pontos; o candidato ao Senado (Wellington Dias), grande l�der do PT l�, por muito pouco n�o perdeu. Ganhou por 3,7% e passou 70% da apura��o atr�s. Foi um resultado eleitoral muito significativo para as oposi��es l�, apesar de n�o ter tido �xito. �, talvez, um dos estados do Nordeste onde houve mais disputa. Estamos trabalhando fortemente para, no 2º turno, diminuir a diferen�a de Lula para Bolsonaro nas cidades. N�o vou dizer que Bolsonaro vai ganhar no Piau�, mas estamos trabalhando muito para diminuir a diferen�a.
Os resultados no Piau� foram uma decep��o pessoal para o senhor?
Foram. N�o vou negar. A gente fica triste.
O senhor falou em enfrentar problemas como a guerra e a pandemia. Isso passa por propor solu��es, mas a campanha no 2º turno tem sido pautada por uma esp�cie de ‘guerra santa’. N�o h� preju�zo ao debate?
Se voc�s olharem como a campanha do 2º turno se iniciou, v�o ver que o PT veio para o desespero. Iniciaram o 2º turno chamando o presidente de ‘canibal’. Fiquei estarrecido. Imaginei esse desespero na �ltima semana, mas, no primeiro dia do programa eleitoral, come�ar chamando um candidato de ‘canibal’? N�o gostaria de um debate dessa forma. Gostaria de um debate de propostas e ideias, mas o PT tem fugido disso. N�o sabemos nem quem vai ser o ministro da Economia do Lula. Isso nos traz preocupa��o. Ser� que Dilma vai voltar a ser ministra das Minas e Energia? (Guido) Mantega ou (Aloizio) Mercadante na Fazenda? A campanha de Lula n�o � honesta. Ele foi a um com�cio em Minas: cad� Dilma e (Fernando) Pimentel? Ele (est�) escondendo as pessoas. Existe um receio muito grande da popula��o sobre quem ele vai apresentar. Voc� sabe quem s�o os ministros de Bolsonaro. A campanha do presidente, o que ele quer para o futuro, � muito transparente; a de Lula n�o tem a menor transpar�ncia econ�mica, de previsibilidade para o pa�s. O debate acabou descambando dessa forma por op��o do PT.
O senhor escreveu no Twitter, em 21 de setembro: “A elei��o � ‘uma guerra, por outros meios, pac�ficos. Faz parte dela a guerra da desinforma��o’”. A desinforma��o � um mecanismo eficiente?
Tem sido. � uma pena. Voc� n�o tem controle. A campanha, por si, n�o (usa a desinforma��o), os meios tradicionais. Mas voc� n�o tem controle dos militantes e das pessoas envolvidas. Nunca tivemos uma elei��o com extremismo t�o grande. Me preocupa que, no dia seguinte � elei��o, qualquer um estar� com 40% a 50% de rejei��o. A grande diferen�a � que Bolsonaro tem uma base para administrar o pa�s sem fazer concess�es, ao contr�rio de Lula. Previa a esquerda elegendo entre 130 e 150 deputados; eles elegeram 129. Fui at� um pouco otimista para eles. Imagina o que � come�ar um governo com 50% de reprova��o, como Lula iria come�ar. Gra�as a Deus, n�o vai acontecer, mas o que ele teria de fazer com o pa�s para atrair uma base? Voltar�amos � �poca dos minist�rios entregues de ‘porteira fechada’, das estatais entregues a pol�ticos e voltando a dar preju�zos e esc�ndalos. Espero que a popula��o n�o deixe isso ocorrer.
Se Lula vencer, o PP pode fazer parte da base dele no Congresso, como ocorreu durante parte dos governos petistas?
Se depender de mim, n�o. N�o me vejo aliado ao PT por todo o mal que j� fez ao pa�s e ao meu estado, principalmente. Sou o presidente (do PP), mas tenho influ�ncia muito grande, n�o vou negar. Vou lutar de todas as formas para que isso n�o ocorra. Mas n�o vai ser preciso: Bolsonaro ser� reeleito.
O senhor concorda com o l�der do governo na C�mara, deputado Ricardo Barros, que defendeu ‘enquadrar’ o STF? Se sim, como seria esse enquadramento na vis�o do senhor?
N�o acho que seja necess�rio ‘enquadrar’. Cada Poder tem de respeitar os outros e voltar �s suas atribui��es. Sempre cumpro e respeito as decis�es judiciais. Acho muito ruim que os ministros e o Judici�rio no pa�s passaram a falar muito fora dos autos. Isso cria um problema. Existe uma usurpa��o de algumas decis�es do Congresso por parte do Judici�rio. Espero que, depois das elei��es, o pa�s seja pacificado e cada Poder respeite as atribui��es para que a gente possa ter um Brasil muito mais equilibrado.
O senhor � favor�vel � amplia��o do n�mero de ministros do STF?
N�o vejo necessidade. N�o vejo muito motivo para isso. S� para voc� mudar a forma de as pessoas l� pensarem? N�o acho que isso seja prioridade para o pa�s.
H� chance de Bolsonaro ou de sua base tentarem encampar essa pauta?
Dou-lhe minha palavra de que o presidente nunca tocou nesse assunto. Nenhum assunto � proibido. De uns tempos pra c�, tivemos um equil�brio muito grande na pol�tica do pa�s, pois, antigamente, s� a vis�o da esquerda era permitida. Voc� podia discutir aborto e legaliza��o das drogas, mas n�o podia discutir fam�lia, religi�o ou legaliza��o das armas. Sou plenamente favor�vel a qualquer tipo de discuss�o, sobre qualquer assunto, desde que se respeitem as opini�es contr�rias e se priorize o que � realmente importante � popula��o.
Nesta entrevista, o senhor usou a express�o ‘gra�as ao bom Deus’. Ele foi tema da campanha na semana passada, com idas de Bolsonaro a uma igreja evang�lica em BH e � Bas�lica de Aparecida. L�, houve registros de hostilidades de apoiadores do presidente a profissionais da imprensa. O senhor � temente a Deus? Como avalia o epis�dio na bas�lica?
Sou devoto de Nossa Senhora do Perp�tuo Socorro, cat�lico (afrouxa a gravata e mostra um pingente com a imagem da santa). Existe muita politiza��o nisso. A CNBB, historicamente, sempre teve um vi�s de politizar para a esquerda. Temos de respeitar o direito das pessoas. Questionar o direito de um presidente da Rep�blica de ir � bas�lica mais importante do pa�s no dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil… Deveria ser enaltecido, incentivado, e n�o criticado. Lula e os candidatos tamb�m deveriam ter ido. Eu estava aqui, em Bras�lia, trabalhando, e n�o pude ir. Usei o dia, feriado, para trabalhar na campanha do presidente. N�o vejo problema nenhum em ter a religi�o nessas discuss�es, porque ela tem defesas e teses, que devem ser avaliadas, mas sempre respeitando o direito ao contradit�rio.
Mas como o senhor avalia o epis�dio de hostilidade do lado de fora da bas�lica?
S�o coisas, �s vezes, incontrol�veis. N�o vou negar. Existe um sentimento de revolta muito grande do eleitorado de Bolsonaro com essa tentativa de estelionato eleitoral que aconteceu no 1º turno. Foi muito grave. Agora: nunca pode descambar para a viol�ncia e (tentativas) de cercear o trabalho da imprensa. Isso, temos de reprovar. Mas n�o vou negar que existe um sentimento de frustra��o e revolta com o papel de grande parte da imprensa no 1º turno.
Em 2017, o senhor disse que Bolsonaro tinha um ‘car�ter fascista’. O que o levou a mudar de posi��o?
Realmente, disse isso. Conhecia o deputado Bolsonaro e n�o concordava com parte de sua atua��o. O presidente Bolsonaro me surpreendeu positivamente, fiz um mea-culpa e passei a apoi�-lo veementemente. Tenho honra e orgulho de estar (com ele).
Quais s�o as atividades do ministro da Casa Civil de um presidente candidato � re- elei��o durante o per�odo de campanha?
O presidente fica muito fora de Bras�lia, fazendo a campanha. � um direito. Fico coordenando os ministros, porque o pa�s n�o pode parar. N�o podemos perder pela aus�ncia do presidente. Tenho contato direto com ele v�rias vezes durante o dia para pegar as orienta��es e repassar as informa��es, para que as decis�es em Bras�lia n�o tenham nenhum tipo de atraso por causa da quest�o eleitoral.
Como o senhor enxerga a pr�xima elei��o para a presid�ncia do Senado? H� chances de o eleito vir da base governista?
A elei��o na C�mara � uma elei��o encaminhada. Se Bolsonaro ganhar, vai ser praticamente uma aclama��o. Existe a d�vida se Lula ganhar, porque temos um presidente j� bem consolidado, que � Arthur Lira (PP-AL), com for�a no governo e na oposi��o. A elei��o no Senado est� dependendo da elei��o presidencial. Se Bolsonaro ganhar, vai influir para ter algu�m com vi�s de apoio �s reformas. Ele saiu muito mais fortalecido desta elei��o em sua base, elegeu praticamente todos os senadores, at� no Nordeste. Na C�mara, vamos para 370 deputados de apoio ao presidente; no Senado, j� conquistamos a maioria. No Senado, a elei��o � bem mais imprevis�vel do que na C�mara.
‘Tic-tac’ � uma express�o que o senhor usa muito nas redes. Qual � a pr�xima bomba-rel�gio a explodir? H� risco de essa ‘bomba’ estourar em seu colo?
Tic-tac � uma express�o que n�o utilizava h� alguns dias e a maioria dos que me seguem nas redes estava cobrando muito. Com o cen�rio, agora, de virada em Minas Gerais e em S�o Paulo – e depois me cobrem: vamos ganhar bem em Minas –, est� muito pr�ximo de estourarmos de alegria com a vit�ria de nosso presidente.
Podemos, ent�o, cobrar do senhor que Bolsonaro vai conseguir a vit�ria em Minas e, assim, garantir a reelei��o?
N�o tenha d�vida. Hoje, o crescimento de Bolsonaro � extremamente consolidado. E nos surpreendeu – e vai surpreender todos.
Como o governo federal tem atuado na busca para dar forma ao acordo de Mariana?
Estamos muito otimistas de, em poucos dias, anunciarmos o maior acordo do mundo no setor de recupera��o do meio ambiente. J� quer�amos ter feito isso h� um m�s, antes da sa�da do presidente (Luiz) Fux (do STF), que se dedicou muito a esse acordo. Em poucos dias, poderemos anunciar que Minas ter� crescimento na infraestrutura e recupera��o de seus �ndices econ�micos, porque o volume de investimentos que vai receber esse estado nunca ocorreu no pa�s fruto de um acordo como esse. Vai ser o maior acordo do mundo.