
Do lado de Bolsonaro, a estrat�gia envolve ainda ida a igrejas, encontro com empres�rios e publica��es di�rias em redes sociais do atual governador Romeu Zema (Novo), convertido em principal cabo eleitoral do presidente no estado.
Desde que a alian�a entre os dois foi firmada, Zema tem feito publica��es com cr�ticas ao PT e � gest�o do ex-governador Fernando Pimentel (PT), em uma tentativa de atrel�-las a Lula.
O governador tamb�m tem refor�ado a ofensiva junto a prefeitos, aos quais tem direcionado parte de seus discursos e chamado a eventos com o presidente.Enquanto isso, Bolsonaro passou a intensificar visitas ao estado: j� foram quatro em um intervalo de apenas duas semanas, todas ao lado de Zema.
Entraram na lista eventos com empres�rios, evang�licos e grupos de prefeitos, al�m de visitas a cidades como Juiz de Fora, onde Bolsonaro j� havia iniciado a campanha neste ano, e Montes Claros, no norte de Minas --ocais onde Lula e Zema tiveram maiores vota��es no primeiro turno.
Novos eventos com a presen�a da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, tamb�m est�o marcados para o final de semana. J� o presidente � aguardado novamente em Minas na pr�xima semana, com agenda em Te�filo Otoni.
Segundo interlocutores do governador, a estrat�gia atual da campanha � tentar colar na avalia��o positiva de Zema, reeleito no primeiro turno, e buscar reverter votos tidos como "Luzema" nesta primeira rodada.
Para isso, o presidente conta ainda com a presen�a no palanque de aliados que foram campe�es de votos no estado, como Nikolas Ferreira (PL) e Cleitinho (PSC), eleitos para C�mara e Senado, respectivamente.
A tarefa, por�m, n�o � simples. Como mostrou a Folha de S.Paulo, Lula e Zema foram os mais votados para os cargos aos quais concorriam no primeiro turno em 436 dos 853 munic�pios mineiros (51% do total). Bolsonaro e Zema, por sua vez, foram os mais votados em 223 cidades (ou 26%).
Nesta quarta (19), Zema participou pela primeira vez de evento de campanha sem a presen�a do presidente, em encontro com lideran�as religiosas na igreja batista Getsemani, em Belo Horizonte. Na ocasi�o, refor�ou as cr�ticas ao PT, em ret�rica semelhante � da sua pr�pria campanha de reelei��o ao governo do estado.
Em contrapartida � ofensiva "Bolsozema", aliados de Lula no estado apostam em agendas em cidades n�o visitadas no primeiro turno e na presen�a na campanha de novos aliados, como Simone Tebet (MDB), que ficou em terceiro lugar na disputa ao Planalto.
Ap�s com�cio em Belo Horizonte no dia 9 deste m�s, Lula volta a Minas com Tebet nesta sexta (21) em visita a Te�filo Otoni, no Vale do Mucuri, e Juiz de Fora, onde Bolsonaro esteve nesta mesma semana. J� no s�bado (22), Lula deve participar de caminhadas em Ribeir�o das Neves, na regi�o metropolitana.
Agendas "solo" na pr�xima semana de Geraldo Alckmin (PSB, vice de Lula), Tebet e outros aliados, como Guilherme Boulos (PSOL), deputado federal mais votado em S�o Paulo, tamb�m s�o tidas como apostas.
Em outra frente, o grupo quer refor�ar junto a prefeitos e em discursos a compara��o sobre obras feitas no estado nas gest�es de Lula e Bolsonaro, em tentativa de se contrapor ao discurso de Zema, cujas falas t�m sido exploradas em propagandas e v�deos de campanha de Bolsonaro.
"O governador tem uma estrat�gia muito dissimulada, porque ele tenta o tempo todo comparar o governo dele de Minas com o governo que o antecedeu. O que temos orgulho de poder fazer � comparar o que foi o governo Bolsonaro nesses tr�s anos e meio e o governo Lula no tempo em que ele governou", diz o senador Alexandre Silveira (PSD), que tem atuado na articula��o pol�tica da campanha de Lula no estado.
A busca das campanhas por ganhar terreno em Minas Gerais n�o ocorre por acaso. Desde 1989, o estado mant�m a tradi��o de refletir os resultados nacionais da corrida presidencial, o que o faz ser considerado uma esp�cie de term�metro das elei��es.
A m�xima de que "quem ganha em Minas ganha no pa�s" foi refor�ada no primeiro turno, momento em que as vota��es de Lula e Bolsonaro no estado foram quase id�nticas �s do Brasil como um todo em termos proporcionais. Lula obteve 48,43% das prefer�ncias dos eleitores brasileiros, contra 43,20% de Bolsonaro. Entre os mineiros, esses �ndices foram de 48,29% e 43,60%, respectivamente.
Al�m de refletir o cen�rio nacional, Minas tamb�m � vista hoje como um dos estados com maiores chances de "virada" pela campanha de Bolsonaro, da� a escolha por focar agendas na regi�o ao lado de Zema.
Para o cientista pol�tico Carlos Ranulfo, professor aposentado da UFMG, a estrat�gia de Bolsonaro de intensificar agendas no estado se justifica diante da dificuldade de crescimento em outras regi�es.
"Para o Bolsonaro, � a melhor estrat�gia. No Nordeste, ele vai perder o tempo dele. Em S�o Paulo, ele est� na frente e Lula joga no m�ximo para empatar. Onde ele poderia alterar o equil�brio de for�as � Minas, que � de fato um estado-chave", disse.
Ele questiona, por�m, o poder de transfer�ncia de votos de Zema. "O caso do Zema n�o � apenas convencer o eleitor que est� indeciso, � mudar o voto de algu�m que votou no Lula para Bolsonaro. Isso � muito mais dif�cil", afirmou.
"O que ele est� fazendo � usando a m�quina, que � o que ele tem, e tentando pressionar prefeitos para fazer campanha para o Bolsonaro. N�o � poss�vel dizer de antem�o [se isso pode funcionar]. O perfil do Zema n�o � de uma lideran�a com essa capacidade [de transfer�ncia de votos]. Usar a m�quina �s vezes d� certo, mas estamos em uma elei��o com voto extremamente cristalizado."
CR�TICAS
Atualmente, a participa��o do atual governador na campanha de Bolsonaro tem sido o principal foco de cr�ticas de aliados de Lula. O grupo qualifica a postura de Zema como "oportunismo", por ele n�o ter declarado apoio a Bolsonaro no primeiro turno, e diz ver uma tentativa de press�o e constragimento a prefeitos.
"A pr�tica dele � question�vel. Ele trabalha com inverdades e faz press�o sobre prefeitos mineiros para que se posicionem a favor de Bolsonaro", afirma o deputado estadual e presidente do PT em Minas, Cristiano Silveira. "� um m�todo de chantagem, no sentido de que os prefeitos poder�o ter dificuldade com o governo do estado se n�o o fizerem."
Em evento com a Associa��o Mineira de Munic�pios na �ltima sexta (14), Zema, ao lado de Bolsonaro, pediu a prefeitos que atuassem "�nica e exclusivamente" pela reelei��o do presidente, em um "trabalho de formiguinha". O encontro gerou estranhamento em alguns gestores municipais ligados ao PT.
O prefeito de Coronel Fabriciano e presidente da associa��o, Marcos Vinicius (sem partido), por�m, nega que o evento tenha sido organizado pela entidade, atribui a organiza��o � campanha do PL e diz que a associa��o est� aberta a convites da campanha de Lula.
"Somos uma institui��o democr�tica. Se fizerem o convite, vou disparar que existe o convite e levar a pauta", disse ele, que afirma que participaria tamb�m do encontro. "Mas acredito que n�o querem minha presen�a n�o", diz ele, que j� declarou apoio a Bolsonaro.
A extens�o da ades�o dos prefeitos � campanha de Bolsonaro, por�m, ainda � alvo de d�vidas. Nesta ter�a (18), a imagem de Zema e Bolsonaro entrando em um audit�rio esvaziado para encontro com prefeitos da regi�o de Montes Claros, no norte de Minas, gerou repercuss�o nas redes sociais.
Questionada, a equipe do governador atribuiu o local vazio ao fato de o evento ter sido antecipado para antes do hor�rio previsto, al�m de ter sido planejado para ocorrer a portas fechadas.