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Estado de Minas ELEI��ES 2022

Presidenci�veis disputam Minas cidade a cidade

Bolsonaro tem em Zema, arma para construir apoios com prefeitos mineiros. Petistas tentam conter engajamento e acreditam na manuten��o de vantagem de Lula


23/10/2022 06:00 - atualizado 23/10/2022 07:13

Lula e Bolsonaro disputam MG
Disputa entre Lula e Bolsonaro concentra foco em Minas e cada munic�pio conta para os presidenci�veis (foto: Quinho)
A ofensiva dos presidenci�veis em Minas Gerais neste segundo turno busca disputar voto a voto a vit�ria no estado. Desde 1955, vencer nas urnas mineiras significa chegar � presid�ncia e, por isso, Jair Bolsonaro (PL) e Luiz In�cio Lula da Silva (PT) focam na influ�ncia de prefeitos para capilarizar as campanhas nos mais de 800 munic�pios mineiros. No primeiro turno, o petista conseguiu a maioria dos votos em 630 cidades contra 223 do atual presidente. As equipes dos candidatos se movimentam para que a atua��o nos pequenos recortes influenciem em um cen�rio de triunfo no c�mputo geral.

Romeu Zema (Novo) demorou menos de 48 horas para declarar apoio a Bolsonaro no segundo turno. Reeleito para o governo de Minas, ele atuou tamb�m rapidamente para aliar sua influ�ncia entre os prefeitos do estado � candidatura do atual presidente. Logo na primeira semana de campanha, o candidato do PL se reuniu com centenas de mandat�rios municipais em Belo Horizonte durante evento da Associa��o Mineira de Munic�pios (AMM), articulado pelo governador. 

Do outro lado, a  campanha do PT em Minas tamb�m se mobiliza para tentar frear a movimenta��o de prefeitos para o lado do presidente. O senador Alexandre Silveira (PSD), que assumiu a coordena��o da campanha de Lula em Minas, disse em entrevista ao Estado de Minas que conversa com dezenas de prefeitos diariamente, mas n�o da forma como Zema e Bolsonaro fazem, classificada como “circense” pelo parlamentar. Segundo Silveira, as elei��es municipais podem ser um empecilho para um engajamento incisivo na campanha do candidato do PL.

“Os prefeitos sabem que as elei��es municipais est�o logo a� � frente. Sabem, tamb�m, que o presidente ganhou em mais de 600 munic�pios mineiros. Dificilmente esses prefeitos v�o querer travar uma batalha com seus eleitores, que deram uma larga vantagem a Lula na maioria desses munic�pios”, afirmou Silveira.

� esse cen�rio de disputas localizadas que pesquisa divulgada pelo Instituto Atlas no domingo passado (16/10). A dist�ncia entre Lula e Bolsonaro, que foi de cerca de 5 pontos percentuais no primeiro turno, caiu para menos de tr�s. Cientistas pol�ticos tamb�m se dividem na avalia��o de como os esfor�os das campanhas podem influenciar o resultado das urnas no dia 30 de outubro.

Para o cientista pol�tico e professor da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), Adriano Cerqueira, o avan�o de Bolsonaro sobre os prefeitos, com o apoio de Zema, pode render bons frutos ao candidato � reelei��o. Ele explica que a reelei��o do governador e a nova composi��o da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) pode trazer a sensa��o de seguran�a e angariar aliados nos munic�pios.

“O eleitor leva muito em considera��o a opini�o de pessoas pr�ximas e que ele julga importantes e ele pode sim mudar essa orienta��o, �s vezes ele at� gosta do Lula, mas reverte o voto por orienta��o do prefeito. Al�m disso, Lula ainda � uma promessa, enquanto Zema j� � uma realidade e, para o prefeito em Minas, vale mais o apoio do governador do que o apoio long�nquo do presidente. Outro ponto importante � que o novo Congresso Nacional e a Assembleia Legislativa j� s�o uma realidade. � fato que o PT tem uma bancada expressiva, mas tudo indica que o Zema ter� uma maioria  na assembleia”, analisa.

Para o professor titular aposentado do Departamento de Ci�ncia Pol�tica da UFMG e membro do Observat�rio das Elei��es, Carlos Ranulfo, a receita do sucesso da campanha bolsonarista n�o � garantida. Entre outros fatores, ele acredita que os prefeitos n�o ir�o se indispor com os eleitores na miss�o de virar votos em uma elei��o t�o polarizada.

“� uma estrat�gia muito descentralizada. O fato do prefeito comparecer ao evento do Zema n�o quer dizer que ele vai se engajar na campanha, Zema � o governador e os prefeitos precisam ter uma boa imagem com ele. O que n�o significa que o prefeito v� correr o risco de se indispor com os eleitores da cidade tentando mudar um voto que foi dado em Lula. Virar voto n�o � f�cil”, aponta.


Bolsonaro tem dificuldades em munic�pios pequenos


Minas Gerais tem 853 munic�pios, desses, 477 t�m menos de 10 mil habitantes, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Embora tenham menos eleitores, a vit�ria massiva de candidatos do PT em pequenas cidades nas duas �ltimas elei��es podem ser um entrave para Bolsonaro vencer no estado e conseguir uma virada no pa�s. Tanto em 2018 como 2022, o atual presidente conseguiu vit�rias em munic�pios com mais habitantes.

Na elei��o de 2018, Bolsonaro conseguiu vencer em Minas nos dois turnos contra o candidato petista, Fernando Haddad. No 1º turno de 2022, Lula recuperou a dianteira no estado para o Partido dos Trabalhadores e conseguiu tamb�m uma remontada, com larga margem, na contagem do n�mero de munic�pios. O que os n�meros sugerem, em ambos os casos, � que o atual presidente tem mais dificuldade em vencer nas pequenas cidades e � justamente onde o apoio em massa dos prefeitos pode significar o ponto de virada no segundo turno.

No primeiro turno da �ltima elei��o, Bolsonaro venceu em 481 cidades mineiras contra 372 de Haddad. Nos n�meros gerais, por�m, o ent�o candidato do PSL foi muito superior, somando 48,3% dos votos contra 27,7% do petista. Como compara��o, nesta elei��o, Lula conseguiu um percentual dos votos mineiros similar ao do atual presidente em 2018, com 48,29%, mas ganhou em 630 cidades contra 223 do candidato do PL.

No primeiro turno deste ano, Bolsonaro teve cerca de 2,2 milh�es de votos a mais que Haddad em 2018 e, ainda assim, o petista venceu 149 cidades a mais. A discrep�ncia pode ser explicada pelo fato de que o PT consegue ser hegem�nico em cidades menores, ao passo que Bolsonaro conseguiu, nas duas elei��es, vencer em munic�pios que concentram mais eleitores.

A m�dia de votantes onde cada candidato venceu explica o cen�rio. Em 2018, as cidades onde Bolsonaro venceu tiveram 18.531 eleitores, enquanto nas vencidas por Haddad, a marca foi de 5.575. J� na vota��o deste ano, Lula venceu em munic�pios onde a marca m�dia foi de 8.928 eleitores ante 25.846 onde o atual presidente conseguiu a maioria.

Em um recorte das 245 cidades mineiras onde foram necess�rios menos de 2 mil votos para conseguir a maioria neste segundo turno, Lula levou 193 contra 52 de Bolsonaro. Os munic�pios est�o divididos entre 12 mesorregi�es do estado, com mais de 65% deles concentrados no Sul/Sudoeste, Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, Vale do Rio Doce e Zona da Mata.
  • Lula foca nos indecisos e na menor absten��o
Para Adriano Cerqueira, a estrat�gia da campanha de Bolsonaro ao acumular apoio de prefeitos pode render frutos pela proximidade com a popula��o, em especial em cidades com poucos moradores. “O prefeito, muitas vezes, tem contatos familiares, pessoais. Ele tem tamb�m os vereadores que fazem esse contato mais direto, mais pessoal e costuma fazer muita diferen�a”, avalia o professor da Ufop.

J� Carlos Ranulfo avalia que a estrat�gia � muito dispendiosa e os resultados, imprevis�veis. De acordo com o professor da UFMG, h� um grande n�mero de vari�veis que podem influenciar na transforma��o do esfor�o de campanha em votos.

“� um plano que tem um problema que � virar poucos votos. � mais f�cil ter resultados em cidades com mais eleitores. Al�m disso, � uma campanha muito descentralizada, que envolve muitos fatores, a popularidade do prefeito, o quanto ele vai se engajar. O fato que temos � que a campanha de Bolsonaro em Minas est� muito forte, mas o resultado � incerto”, explica.

Prefeitos engajados

Presidente da AMM e prefeito de Coronel Fabriciano, no Vale do A�o, Marcos Vinicius Bizarro, n�o esconde o apoio a Bolsonaro e anunciou sua desfilia��o do PSDB ap�s quadros hist�ricos do partido declararem voto em Lula. Outros prefeitos bolsonaristas repetem a estrat�gia de reunir representantes municipais, como feito durante visita do presidente a BH, para descentralizar os esfor�os de campanha.
  • Bolsonaro com prefeitos, em BH: 'Minas � um exemplo para todos n�s
Em Ipatinga, o prefeito Gustavo Morais Nunes (PL) � correligion�rio de Bolsonaro e arrega�ou as mangas para ajudar na campanha do segundo turno. Na cidade em que governa, o atual presidente bateu Lula com larga margem, 59,4% contra 33,88% dos votos no primeiro turno. Seguindo a l�gica do estado, a vit�ria se repetiu em Coronel Fabriciano e Tim�teo, maiores munic�pios da regi�o, enquanto o PT venceu cidades menores como Ipaba, Marli�ria, Ant�nio Dias, Ferros, Belo Oriente, Mesquita, Joan�sia e Vargem Alegre.

Com cen�rio favor�vel em Ipatinga, Nunes agora tenta conquistar votos para Bolsonaro tamb�m nas cidades vizinhas. Na quinta-feira (20/10), ele organizou uma reuni�o com os prefeitos da regi�o para tra�ar estrat�gias de campanha.

“� uma reuni�o com os prefeitos e vereadores de toda a regi�o do Vale do A�o para tra�ar algumas estrat�gias at� o dia 30. Todos os prefeitos foram convidados para participar, justamente com o intuito de tra�ar os planos para virarmos nessas cidades onde Bolsonaro n�o teve a vit�ria no primeiro turno”, afirma Nunes, que tamb�m disse que tenta uma visita do presidente � regi�o antes da vota��o.

Entre as contrapartidas do apoio, o prefeito de Ipatinga cita a duplica��o da BR-381, uma das promessas de campanha de Bolsonaro e relevante para toda a regi�o. Ele avalia que o apoio de Zema � crucial para tentar a virada em Minas e diz que o foco � ganhar o voto de quem n�o votou no primeiro turno.

“No primeiro turno, os prefeitos estavam mais engajados na elei��o dos seus candidatos ao parlamento e houve um n�mero muito grande de votos em branco e absten��es. Justamente nesses votos � que os prefeitos s�o cruciais, n�o para virar o voto, mas para que se posicionem de fato na elei��o para presidente. Particularmente, eu acho que n�o vamos conseguir virar o voto, o que n�s acreditamos que pode acontecer � trabalhar com aquelas pessoas que votaram branco, nulo ou n�o compareceram, para que elas tomem uma posi��o”, disse.

Do outro lado, prefeitos petistas tentam convencer colegas a n�o se engajar de forma intensa na campanha pr�-Bolsonaro. Margarida Salom�o (PT), prefeita de Juiz de Fora, contemporiza o papel de Zema na campanha, mas ressalta o poss�vel risco que contrariar ostensivamente o voto da popula��o no primeiro turno pode significar aos mandat�rios municipais.

“Temos conversado com os prefeitos na linha de que o mais s�bio � n�o assumir uma postura t�o agressiva na campanha. N�o estamos dizendo para ir contra o governador, at� porque muitos n�o tem energia pol�tica para isso, mas que n�o � interessante tamb�m entrar em confronto com o desejo do povo”, disse a prefeita.

Para Margarida, os prefeitos de cidades pequenas t�m necessidades pol�ticas de se aliar ao governador para conseguir recursos, mas a popula��o desses munic�pios n�o necessariamente segue o posicionamento de seu governante. Ela analisa porque Lula consegue maioria em cidades menores e acredita na manuten��o do cen�rio.

“A prefeitura de munic�pios pequenos realmente tem muita depend�ncia do governo do estado, mas a grande demanda dos moradores � por programas federais. A popula��o sobrevive com previd�ncia, aposentadoria, transfer�ncia de renda, programas como Minha Casa Minha Vida e com o reajuste do sal�rio m�nimo. O prefeito pensa em seu governo, mas a pessoa pensa na vida dela. As mensagens de Lula de voltar com a Farm�cia Popular e com programas sociais s�o m�sica no ouvido de quem mora em cidades pequenas”, analisa a prefeita.

A cidade na Zona da Mata recebeu Lula na �ltima sexta-feira (21/10). O ex-presidente tamb�m esteve em Te�filo Otoni, no Vale do Mucuri, governada pelo petista Daniel Sucupira.


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